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Nos três primeiros dias, o evento terá formato itinerante, passando por comunidades indígenas nos municípios de Rodelas, Glória e Abaré, e nos outros três dias o evento vai acontecer no Colégio Estadual de Tempo Integral de Paulo Afonso (CETIPA).Na programação tem palestras, lançamento de livro, encontros e debates literários, performances, oficinas, feira cultural, cineclube (exibição de documentários), apresentações musicais e poéticas.Com curadoria assinada pelo escritor e pesquisador indígena Ezequiel Tuxá e pelo doutor em Literatura e Cultura e professor da UNEB, Marielson Carvalho, a expectativa é que o evento reúna estudantes, professores, indígenas da região, inclusive suas lideranças, escritores, intelectuais, artistas e todos os interessados na cultura dos povos originários.“É um evento aberto à comunidade, uma Festa para celebrar a riqueza e diversidade da cultura indígena, destacando a importância da relação entre as águas do rio São Francisco (Opará), suas memórias e histórias, com atividades que abrangem literatura, artes visuais, cinema, dança, teatro, música e artesanato”, destaca Ezequiel Tuxá.Segundo ele, o próprio tema do evento já tem essa expectativa de reposicionar o interesse sobre o legado que os povos originários deixaram para suas gerações no Território de Identidade de Itaparica e ampliar a visibilidade desses saberes.“Esperamos que o trabalho literário, artístico e cultural de autores locais convidados para a Flepiti possa ser expandido e ganhe outros espaços de leitura e formação, com a possibilidade de outras participações em eventos com foco nas culturas indígenas”, destaca Marielson Carvalho. “Outra expectativa é que a partir das mesas, oficinas e rodas de conversa, consigamos ampliar o interesse pela leitura de textos indígenas nas escolas indígenas e não-indígenas do Território”, acrescenta.Durante a programação da Flepiti, haverá o lançamento do livro ‘Truká-Tupan, Textos sobre a Trajetória da Educação”, da professora indígena Eliane Rodrigues da Silva, da Aldeia Truká Tupan.Abertura com ritual sagrado e show em Paulo AfonsoA abertura da programação em Paulo Afonso será no dia 19, às 8h, com o Toré, ritual sagrado que reúne várias etnias indígenas do Nordeste brasileiro. “Através do ritual, reconhecemos a terra onde pisamos como viva, sagrada e habitada por memórias. É uma maneira de saudar os encantados, pedir proteção, e alinhar o espírito do encontro à cosmovisão dos povos originários”, explica Ezequiel Tuxá.No mesmo dia, às 18h, também haverá um show da cantora, compositora e poeta, Beatriz Tuxá, oriunda do povo Tuxá, localizado no Oeste da Bahia. Como ativista da causa indígena, Beatriz procura desenvolver projetos que promovam a visibilidade à cultura dos povos originários.Toda programação em Paulo Afonso vai acontecer no Espaço Aldeia Mãe, que funcionará no CETIPA.Espaço Aldeia MãeO Espaço Aldeia Mãe será montado dentro da quadra coberta do Colégio Estadual de Tempo Integral de Paulo Afonso (CETIPA) com a proposta de realizar um encontro de culturas e identidades das etnias, promover a fruição da arte, da história e da memória dos povos indígenas do território. O espaço abrigará stands e pontos de cultura das representações indígenas, com exposição dos artesãos de cada aldeia participante.“Os visitantes poderão conhecer cada aldeia presente, ter contato com a história e sua identidade através do artesanato”, afirma Ezequiel Tuxá, um dos curadores da Festa Literária.Na Aldeia Mãe haverá um palco alternativo para apresentações culturais.Exposição fotográficaO Pátio Central do CETIPA vai receber uma exposição de fotos intitulada “Identidade e Memória Indígenas do Território de Itaparica” com imagens produzidas por alunos de todos os colégios estaduais indígenas do território. “A exposição é uma forma de envolver estudantes indígenas nesta iniciativa cultural”, afirma o curador Marielson Carvalho.Ao todo serão cinco fotos de cada escola, num total de 30 fotografias que serão ampliadas em preto e branco e expostas. Os estudantes autores das três melhores fotos selecionadas pela curadoria do evento serão premiados.O Sertão do São Francisco é Terra IndígenaNo dia 21, às 15h, destaque para a mesa “As Águas Passam, As Aldeias Ficam: O Sertão do São Francisco é Terra Indígena”, que terá como convidado o historiador, escritor e ativista indígena e ambientalista, Edson Kayapó, originário do povo Mebengokré, natural do AmapáA mesa será mediada por Ezequiel Tuxá. A proposta é promover uma reflexão sobre os rumos da população indígena do Território de Itaparica, mas também do Brasil, abordando questões que impactam o usufruto da terra como espaço sagrado e ancestral, histórico e social, ambiental e cultural, de modo a compartilhar ações políticas, ativistas, artísticas e jurídicas para emancipação dos povos indígenas.Música ancestralA apresentação do músico e compositor Wakay é uma das atrações da FLEPITI, no dia 20, às 18h. Nascido na aldeia Kariri-Xocó, em Alagoas, e criado na aldeia pernambucana Fulni-ô, Wakay é um representante dos povos indígenas do Nordeste.Ainda muito jovem, Wakay desenvolveu suas habilidades artísticas, seja na perfeita imitação de sons da natureza como o canto do pássaro, seja na criação de instrumentos musicais com recursos naturais das matas que circundavam as suas aldeias em Alagoas e Pernambuco.Aos 17 anos, saiu da aldeia e morou na região de Salvador, onde aprendeu a língua portuguesa, bem como iniciou diversos trabalhos, nacionais e internacionais, compartilhando os conhecimentos ancestrais.Wakay é Doutor Honoris Causa, título concedido pela Universidade de Artes Cênicas de Paris.Show de Kaê Guajajara vai encerrar a Festa LiteráriaA artista Kaê Guajajara vai levar sua Música Popular Originária – MPO para o encerramento da FLEPITI, no dia 21, às 18h. Cantora, compositora, arte-educadora, atriz, autora e ativista, seu trabalho musical tem como base a inovação e as raízes ancestrais indígenas, matriz da música brasileira com diversas influências culturais que continuam a moldar e redefinir o cenário musical no Brasil e além. Nascida no Maranhão e criada no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, Kaê é engajadora da MPO: Música Popular Originária, e expande a partir de suas composições e musicalidade, a visibilidade dos povos origináriosno contexto do mundo presente.Seu trabalho musical apresenta cantos e sonoridades inéditas com influências de ritmos ancestrais indígenas, trazendo à tona assuntos de importância político-social, no intuito de educar, conscientizar e convidar os seus ouvintes para a missão coletiva sobre o bem viver, estabelecendo um elo entre ancestralidade e futuro.No ano passado, a artista integrou o line-up do Festival Rock in Rio 2024 com o show inédito “Para Sempre Favela é Terra Indígena”.Território de ItaparicaCom a maioria de seus municípios banhados pelo rio São Francisco, Itaparica é um território de identidade que fica no norte da Bahia, na divisa com Pernambuco, Sergipe e Alagoas, e possui uma forte presença de aldeias indígenas com 10 diferentes povos: Tuxá, Tuxí, Tumbalalá, Xukuru- -Kariri, Kantaruré, Pankararé, Truká Tupan, Atikúns, Kariris Xokós e kambiwá karwará.As comunidades indígenas ficam nos municípios de Abaré, Glória, Rodelas e Paulo Afonso.AcessibilidadeDurante a FLEPITI, todo o conteúdo das rodas de conversas, mesas e debates da programação terá tradução em libras. Além disso, o espaço escolhido para sediar o evento, o CETIPA, é 100% adaptado para universalizar o acesso, com rampas, banheiros adaptados, piso táctil, placas.