Conhecida popularmente como aumento da próstata, a hiperplasia prostática benigna é uma das doenças mais frequentes no público masculino acima dos 40 anos. De progressão lenta e muitas vezes assintomática, ela acaba sendo negligenciada, fazendo com que a pessoa conviva por muito tempo com um incômodo na hora de urinar, que pode ser doloroso.Levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revela que 46% dos homens só procuram o médico quando sentem algo – cerca de 70% deles por pressão da esposa e dos filhos.“Apesar de menos falada do que o câncer de próstata, a hiperplasia próstática benigna é muito mais comum e vai atingir mais da metade dos homens com 50 anos”, afirma o urologista Paulo Furtado, da equipe do Hospital Português.Ainda assim, alerta o especialista, muitos deles vão se adaptando à condição, que pode desencadear problemas como infecções e cálculos na bexiga, pois os dois órgãos trabalham juntos. O médico explica que o adenoma (tumor benigno) que se forma na próstata comprime a uretra, dificultando a passagem da urina.O volume normal do órgão é em torno de 30 gramas, mas a condição pode fazer com que ela chegue a 160g ou até mais.As principais consequências da doença são a diminuição do jato e o aumento da frequência urinária, tanto diurna quanto noturna, e a sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, atrapalhando a rotina e a qualidade do sono. Segundo o médico, alguns pacientes chegam a fazer xixi de uma em uma hora, o que não deve ser encarado como normalidade ou consequência do envelhecimento.Em outros quadros, a retenção urinária aguda pode provocar muita dor e acabar fazendo com que a pessoa precise de atendimento de emergência. E nos casos mais graves, alerta, provocar até insuficiência renal.Avanço no tratamentoApesar de não ter relação com o câncer de próstata, a hiperplasia benigna precisa de acompanhamento e tratamento, que pode ser medicamentoso ou cirúrgico. “Os remédios têm alguns efeitos colaterais, como a diminuição da libido e da função sexual, então muitos homens desistem”, pontua o médico.Com a cirurgia, o tumor é retirado. De acordo com o urologista, a cirurgia a laser trouxe um avanço importante em relação à convencional, pois permite a remoção total do tumor, com uma chance muito pequena de novo crescimento. Na convencional, a retirada do tecido que provoca a obstrução da uretra fica em torno de 40%.Outras vantagens da nova tecnologia apontadas pelo doutor Paulo Furtado é a realização de procedimentos sem cortes – com redução dos riscos de sangramento e infecção no pós-operatório – alta hospitalar e recuperação mais rápida e uso de sonda por menos dias.“Por meio dessa tecnologia conseguimos realizar intervenções livres de sangramentos e com eficácia muito superior ao método convencional”, destaca o especialista, que também coordena o serviço de urologia do Hospital Municipal do Homem – única unidade do SUS na Bahia que realiza a cirurgia a laser.Na rede particular, além do Português, que funciona como centro de treinamento, a tecnologia está presente nos hospitais Aliança e Cardiopulmonar. E já tem os custos cobertos por alguns planos de saúde.No início do mês, o Hospital Português realizou um curso sobre a técnica, com demonstração conduzida pelo urologista Mariano Gonzalez, referência na América Latina no tema e chefe da área de Endourologia, Doenças Litíacas e Laser de Hólmio do Hospital Italiano de Buenos Aires.Boa recuperaçãoO engenheiro Itamar Jorge Marques Silveira, de 68 anos, foi um dos primeiros submetidos à cirurgia a laser em Salvador. Fez o procedimento em novembro passado, ainda na fase de testes, e ficou muito satisfeito com o resultado.“Fiz a cirurgia no sábado a tarde, tive alta no dia seguinte, e na segunda-feira já retirei a sonda”, recorda Itamar, acrescentando que não sentiu dores e que o sangramento na urina foi mínimo.Ele conta que chegou à equipe do Dr. Paulo à procura de um tratamento menos invasivo, pois um de seus irmãos ficou oito dias com a sonda e sentiu muitas dores com o método tradicional.Com formação também em musicoterapia, Itamar tem bastante interesse na área de saúde e costuma manter os exames em dia. Ainda assim, reconhece, demorou um pouco para cuidar da hiperplasia benigna, mesmo com os exames anuais de PSA demonstrando um aumento dos níveis de proteína produzida pela glândula.“Precisei ir fazer uma ultrassom dos rins para a médica chamar atenção para o aumento da próstata e mandar eu procurar um especialista”, afirma, acrescentando que conversa muito com outros homens e é comum eles compartilharem a vergonha em falar sobre o assunto, até mesmo com as companheiras.“Acho que é um reflexo do machismo”, resume.
Mais da metade dos homens com mais de 50 anos sofre com aumento da próstata
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