Festival Viva a Língua ocorre de 3 a 5 de maio em Salvador

No poema Sentir tudo de todas as maneiras, sob o heterônimo Álvaro de Campos, Fernando Pessoa escreve: “transbordei, não fiz senão extravasar-me”. A sensação de se entregar completamente a uma experiência descrita pelo poeta lusitano é uma consequência inevitável para quem pretende visitar a segunda edição do Viva a Língua – Festival da Língua Portuguesa”.O evento que comemora a expansão do português em todo o mundo será realizada nos dias 3, 4 e 5 de maio, no Gabinete Português de Leitura e no Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador. A entrada é gratuita.Para o jornalista e organizador do festival, Ricardo Duarte, a mostra será uma celebração da língua portuguesa e das diversas formas de falar o idioma. O Viva a Língua terá uma programação que vai contemplar o português falado no Brasil, em Portugal e em Cabo Verde. “Tudo estará interligado, entre as apresentações, a ativação dos espaços e também através da arte”, afirma o organizador.A ideia de criar o festival surgiu do amor de Ricardo pela cultura lusófona. Português, o jornalista visitou a Bahia pela primeira vez em 2014 e desenvolveu um forte vínculo com Salvador. A relação se transformou no desejo de realizar o evento. “Queria celebrar a nossa língua e a nossa união”, conta. Para Ricardo, o idioma é um instrumento poderoso de conexão cultural, com potencial não apenas literário, mas também econômico e social.Entre os destaques do festival está uma roda de conversa com nomes proeminentes da literatura como o do escritor angolano-português Valter Hugo Mãe, da poeta baiana Lívia Natália e da escritora cabo-verdiana Vera Duarte. Na ocasião, Vera vai lançar o livro A Vênus Crioula, um romance sobre ancestralidade, mitologia e história. “É extremamente emocionante estar na Bahia porque é um estado mítico para os africanos”, diz Vera. “Vou poder reencontrar a maior comunidade de pessoas afrodescendentes no mundo fora do meu continente”.Para a escritora, a roda de conversa entre os escritores é fundamental para o estabelecimento de pontes entre os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Vera defende que obras de autores que escrevem em português e de diversas nacionalidades deveriam ser trabalhadas no ensino básico das escolas da comunidade: “A literatura é o meio mais fundamental para se conhecer os povos”.MelodiaApós a roda de conversa, o festival vai oferecer um show do cantor Lazzo Matumbi. O baiano, que participou da primeira edição do Viva a Língua, em 2022, desta vez fará uma apresentação com músicas do carioca Luiz Melodia, morto em 2017, aos 66 anos. O repertório deve incluir canções como Juventude Transviada, Ébano e Negro Gato.Para Lazzo, é uma alegria prestar a homenagem e participar de um festival que exalta a língua portuguesa. “Faço o papel que a minha ancestralidade permite, que é mostrar a superação da existência de um povo digno de respeito por meio da arte”, afirma. O show contará com arranjos refeitos e assinados pelo próprio Lazzo, que sobe ao palco acompanhado de banda completa.Outro destaque do festival é a apresentação da peça Fernando Pessoa – O Espetáculo, logo no primeiro dia do evento. No palco, o ator Marcos Machado e o músico Amadeu Alves celebram a carreira do escritor por meio do espetáculo que completa 30 anos desde a estreia. Para Amadeu, é uma satisfação apresentar a peça no Gabinete Português de Leitura, localizado na Praça da Piedade, em Salvador. “É um lugar inspirador”, diz o autor da trilha sonora do espetáculo. Ele destaca que a peça não é um recital. “Marcos encarna os personagens e traz toda a gama da obra de Fernando Pessoa”.Para Ricardo, o festival é uma oportunidade de democratizar o acesso à cultura e acessar diversas faixas etárias e perfis sociais. “Desejo um evento que seja interativo, acessível e com muita participação”, conta. O organizador planeja atrair um público diverso, desde quem já é familiarizado com os palestrantes e artistas até quem terá o primeiro contato com suas obras.O último dia do evento vai contar com uma mostra de cinema com filmes produzidos no Brasil, em Portugal, Cabo Verde e em outras paisagens onde o idioma se faz som e imagem. “Vamos ativar um espaço nobre onde a língua está muito viva, que é o Gabinete Português de Leitura”, resume Ricardo. No mesmo dia, também será realizada uma apresentação da camerata Opus Lumen, da Osba. “Essa performance é algo que não acontece todos os dias, ainda mais de graça, não é?”, diz o organizador.Programação:“Viva a Língua – Festival da Língua Portuguesa”Quando: De 03 a 05 de maioOnde: Espaço da Barroquinha e Gabinete Português de LeituraQuanto: Ingressos gratuitos, obedecendo à ordem de chegada ao local e sujeito à lotação permitida pelo espaço;Dia 3 (sábado)16h: Apresentação da peça “Fernando Pessoa – O Espetáculo”, que completa 30 anos desde a estreia e apresenta a poesia de um dos maiores escritores da língua portuguesa, através do teatro.Local: Gabinete Português de Leitura, Praça da Piedade, SalvadorDia 4 (domingo)14h30: Roda de conversa com os escritores Valter Hugo Mãe, Vera Duarte e Lívia Natália. Na ocasião, será realizado o lançamento do livro “A Vénus Crioula”.18h: Show “Lazzo Canta Melodia”, do cantor Lazzo Matumbi. O repertório será composto majoritariamente por canções de Luiz Melodia.Local: Espaço da BarroquinhaDia 5 (segunda-feira)13h30: Durante todo o dia será realizada uma mostra de cinema em Língua Portuguesa. O encerramento da programação será às 18h com uma apresentação da camerata Opus Lumen, da OSBA, a Orquestra Sinfônica da Bahia.
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