ES tem o dobro da demanda global por Pau-Brasil

Arcos de violino feitos de pau-brasil no distrito de Guaraná, em Aracruz.

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Divulgação/Prefeitura de Aracruz – 16/08/18

O grande interesse comercial do pau-brasil atualmente está na utilização para fabricação de arcos de instrumentos musicais de corda. A madeira é altamente cobiçada na fabricação de arcos de violinos e violoncelos, por exemplo.Mas, desde 2022, empresas de fabricação de arcos — eram 46 no País, sendo a maioria no Espírito Santo — não conseguem autorização para produzir novas peças.Apesar disso, o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, destacou que foram plantadas mais de 350 mil mudas de pau-brasil em território capixaba desde 2006, o que faria o Estado ter mais que o dobro de árvores para suprir a demanda mundial para a fabricação de arcos de instrumentos.“A demanda mundial é de 1.500 árvores por ano. Para atender o mercado mundial com madeira de pau-brasil não seriam necessários mais de 150 hectares, isso considerando o ciclo de 30 anos das árvores”.Nesse ciclo de 30 anos, seriam 45 mil árvores usadas para suprir a demanda mundial, segundo o pesquisador da Embrapa Florestas e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Pedro Galvêas.A proibição veio depois que o Ibama e a Polícia Federal se lançaram em uma grande operação que apreendeu milhões em arcos de violino de pau-brasil, que estavam saindo ilegalmente do País.Hoje o número de empresas não passa de 10, segundo o presidente da Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima), Daniel Neves.“Os archetários capixabas (200 artesãos em 40 empresas) são, de forma direta, os maiores interessados na preservação da espécie. Além disso, eles precisam mostrar ao mundo que exploram a madeira do pau-brasil de forma sustentável”, explicou o representante da Embrapa.Bergoli afirmou que, atualmente, o Ibama tem dificuldades para emitir as autorizações ambientais, mas não por proibição por lei. “Não é legislação. O Ibama não tem capacidade por falta de gente, e alega que não consegue fazer a rastreabilidade de árvores plantadas, mas nós, com a Seag, já fazemos”.O Ibama disse, em nota, que “a legislação brasileira — incluindo a Lei da Mata Atlântica e as regras da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites) — só permite a comercialização de madeira proveniente de plantios cadastrados em sistemas oficiais ou órgãos ambientais estaduais”.China é maior fornecedor A China é, atualmente, a maior fabricante de arcos em pau-brasil, mesmo não plantando exemplares da espécie, fornecendo 2,5 milhões de arcos no total, que inclui os feitos de outras madeiras.Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, os chineses, há anos, vinham comprando e estocando pau-brasil, e hoje, mesmo sem plantar, vendem os arcos e até toras da árvore. “Capixabas na Europa compram os arcos chineses, mal-feitos, e os reformam para vender”.Essas peças continuam sendo vendidas no exterior, principalmente na China e na Europa, em feiras e em sites de venda on-line.Entre 2023 e 2024, foram exportadas do País pouco mais de 900 varetas por ano, produzidas com madeiras alternativas, como ipê e maçaranduba, afirmou o empresário Marco Raposo. Em 2022, o empresário foi detido no Aeroporto de Guarulhos (SP) por contrabando e também foi alvo de operações.“Estou em fase de trâmite administrativo junto ao Ibama, buscando esclarecimentos sobre os fatos ocorridos. Assim que o processo for julgado administrativamente, poderei me manifestar com maior precisão”.Análise “Cadastro antes do plantio reduz burocracia ao produtor” “Com o estímulo ao plantio de espécies nativas, seja de pau-brasil ou de outras espécies, contribuímos diretamente para a diminuição da pressão exploratória e comercial em cima dos exemplares de origem e crescimento espontâneo na natureza.É possível fazer o plantio de pau-brasil de maneira comercial. Para isso, nós temos uma instrução normativa no Idaf (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo), de 2022, que regulamenta a questão do cadastro do plantio de árvores ou florestas nativas. Essa instrução veio para atender o novo código florestal.É um incentivo que existe para que seja feito o plantio de espécies nativas, incluindo o pau-brasil.É importante o produtor ou proprietário rural fazer o plantio de pau-brasil e, antes, fazer um cadastro no Idaf, pois, na hora de colher essa madeira, terá menos burocracia. Isso aumenta o controle do Estado sobre a origem da madeira, pois se sabe que veio de plantio comercial e aquela madeira é regular, atendendo às questões ambientais.”

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