Uma pesquisa que traça mapas de calor na área urbana de Salvador revelou diferenças de até 6,5°C entre as temperaturas máximas dos bairros durante a tarde, horário de pico térmico.Os dados mostram que bairros próximos a áreas verdes ou corpos d’água apresentam temperaturas mais amenas. Já as regiões com alta densidade urbana, pouca vegetação e muita área asfaltada registram temperaturas mais altas.Observatório do Calor “Observatório do Calor (Heat Watch Campaign)”O estudo, intitulado “Observatório do Calor (Heat Watch Campaign)”, é coordenado pelo professor Paulo Zangalli Júnior, do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com apoio da Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Sustentabilidade (Secis) e da Defesa Civil (Codesal), além da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos.A pesquisa aponta que o calor extremo é considerado um desastre natural e que seus impactos não atingem todas as áreas de forma igual. Bairros historicamente negligenciados, com pouca infraestrutura e áreas verdes, além de moradores com problemas de saúde, são mais vulneráveis aos efeitos do calor.Em nota, a Prefeitura de Salvador destacou que “o enfrentamento ao aumento das temperaturas, intensificado pelas mudanças climáticas, exige uma atuação técnica, coordenada e contínua”, reafirmando seu compromisso com uma cidade mais resiliente e justa.Os mapas de calor indicam que bairros socioeconomicamente vulneráveis tendem a ser os mais quentes. Regiões como Ilha de Maré, Massaranduba e Periperi registraram máximas de 34,6°C, enquanto bairros como Pituaçu, Pituba, Costa Azul, Graça e Vitória tiveram temperaturas em torno de 28,1°C.Segundo Zangalli, o estudo busca entender:Como o calor afeta a vida das pessoas em suas residências, trabalhos e momentos de lazer;Quais soluções podem ser adotadas para reduzir os impactos do calor extremo.Desde 23 de janeiro, dados de temperatura foram coletados a cada 15 segundos em vários pontos da cidade. As medições ocorreram em três horários: manhã (6h-7h), tarde (15h-16h) e noite (19h-20h), utilizando sensores instalados em veículos da Defesa Civil. No total, foram realizadas 103.980 medições, cruzadas com dados de satélite para criar mapas precisos que consideram também a topografia e a circulação de ar.O estudo também projeta o impacto das mudanças climáticas até 2100, prevendo:Um aumento médio de 1°C em um cenário otimista e até 2,5°C no cenário mais pessimista;Mais dias com temperaturas acima de 32°C — de 50 a 70 dias até 2050 e até 150 dias até 2100;Elevação no número de dias com mínimas acima de 30°C, chegando a mais de 125 dias anuais até 2100;Prolongamento das ondas de calor, com possibilidade de mais de 65 dias consecutivos acima de 32°C até o fim do século.Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas que ampliem a arborização e adaptem a cidade às novas realidades climáticas.Confira nota da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) na íntegra:”A Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), reforça a importância do debate em torno das ilhas de calor urbanas, um fenômeno climático que afeta diretamente o cotidiano da população, especialmente em regiões com menor cobertura vegetal e maior adensamento.Com o objetivo de compreender melhor essas variações de temperatura entre diferentes bairros da cidade e desenvolver soluções eficazes, a Prefeitura vem realizando a pesquisa “Observatório do Calor (Heat Watch Campaign)”, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba). O estudo está mapeando as temperaturas em tempo real em diversas áreas de Salvador — como Cajazeiras, Graça, Vitória, Subúrbio Ferroviário e Ilha de Maré — e vai gerar mapas térmicos detalhados que permitirão entender como o calor se distribui na cidade.Essas informações são fundamentais para a formulação de políticas públicas direcionadas à mitigação do calor extremo, por meio da ampliação de áreas arborizadas, implementação de infraestrutura verde e ações de planejamento urbano voltadas à redução das desigualdades ambientais. Além disso, os dados obtidos permitirão orientar medidas preventivas nas áreas mais vulneráveis, com impactos diretos na saúde pública, mobilidade e qualidade de vida.A Prefeitura de Salvador reconhece que o enfrentamento ao aumento das temperaturas, intensificado pelas mudanças climáticas, exige uma atuação técnica, coordenada e contínua. As ações já em curso demonstram o compromisso da gestão municipal com uma cidade mais resiliente, sustentável e justa para todos.”
Conheça as ‘ilhas de calor’ em Salvador e as diferentes temperaturas
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