“Forças demoníacas”: a briga pública entre Styvenson e prefeito de Mossoró

O senador Styvenson Valentim (PSDB) voltou a escalar a briga alimentada com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UNIÃO). O episódio da vez envolve o embargo da construção de um hospital infantil na cidade do Oeste potiguar, financiado com emenda do senador.

De acordo com a Prefeitura de Mossoró, o embargo é resultante da falta de apresentação do alvará de construção por parte da Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Mossoró (APAMIM). Styvenson não aceitou a justificativa, e nas redes sociais fez uma série de críticas. Em um vídeo, relatou “o quanto é difícil a gente fazer o bem, querer ajudar você”, e que “é sempre alguém colocando algo para dificultar o que deveria ser fácil.”

“É uma força para parar a obra, né? Você não está dificultando a vida do senador Styvenson de jeito nenhum. Você está dificultando a vida de pais, de crianças, que procuram por um atendimento hospitalar de qualidade 24 horas e não tem no Oeste potiguar”, continuou.

Em outra publicação, aumentou o tom das críticas e classificou a paralisação da obra como ação de “forças demoníacas” e do “Satanás”, sem citar diretamente o prefeito.

“Pense numa coisa difícil. Eu não sei se você se sente na mesma situação. Querer fazer a coisa certa, querer andar na linha certa, querer ajudar alguém, rapaz, é impressionante. Só pode ser força do mal, só pode ser forças demoníacas, mesmo, do Satanás, pra impedir a gente, entendeu?”, disse.

A emenda para a obra da APAMIM, segundo o site do senador Styvenson Valentim, foi de R$ 11 milhões. No local em que a unidade está sendo construída, dois outdoors são exibidos em frente: um mostrando as imagens do projeto, e outro com o rosto de Valentim, sinalizando que ele direcionou recursos para o local.

O prefeito Allyson Bezerra evitou entrar diretamente na briga, mas escalou a secretária do Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Sariny Nobre, para contrapor a fala do senador, além de lançar uma nota em nome da pasta. De acordo com a secretária, a obra foi iniciada em 21 de março e, em uma fiscalização ambiental e urbanística feita pela Semurb, foi constatada a falta de apresentação do alvará de construção.

“Eles foram notificados e teve um prazo legal para comparecer até a secretaria para prestar algum tipo de esclarecimento, o que não foi cumprido, nem pela direção, nem pelos responsáveis da obra. No segundo momento, a fiscalização também decorrendo o descumprimento da apresentação nesse tempo legal cumpriu com o embargo, que é o passo seguinte a essa questão da ausência de comparecimento. Ou seja, a obra deu início no dia 21 de março e só foi dada a entrada no protocolo para a solicitação de alvará no dia 15 de abril, após o embargo”, explicou.

Brigas públicas têm eleições em 2026 como pano de fundo

Este não é o primeiro episódio envolvendo uma briga entre o senador e o prefeito. Em 2022, quando Styvenson concorria a governador, processou Allyson alegando injúria e difamação, após ser chamado de mentiroso, arrogante e mal informado pelo prefeito.

As disputam alimentam o cenário eleitoral para 2026, em que Valentim é pré-candidato à reeleição apoiando a pré-candidatura de Rogério Marinho (PL) a governador, enquanto Bezerra também deseja concorrer ao governo. Em entrevista nesta sexta-feira (25) ao Jornal da Mix, da rádio Mix FM Natal, Marinho foi questionado sobre os aliados com que conta para a próxima eleição. Rasgou elogios a Styvenson e citou o prefeito de Natal, Paulinho Freire (UNIÃO), e o ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), mas não fez menção a Allyson. 

“Nós temos hoje uma relação de confiança, de afinidade, com o senador Styvenson Valentim. Nós não seremos antagonistas na próxima campanha”, disse.

Styvenson reclama de suplente preso e pergunta “como ter paz”

Além da situação envolvendo a obra em Mossoró, Styvenson Valentim (PSDB) voltou a reclamar do seu primeiro suplente no Senado, Alisson Taveira, que foi preso pela segunda vez neste mês, desta vez por descumprimento de medidas protetivas de urgência em favor da ex-companheira.

“Olha minha situação: fui candidato ao governo em 2022 com um suplente assim (tem outras acusações criminais). Como ter paz de fazer campanha para vencer e deixar uma coisa dessa na cadeira de Senado com poder de manusear R$ 115 milhões em emendas parlamentares? Você teria paz como candidato? 2026 essa aflição acaba para mim. Vou me livrar disso. Desse suplente”, desabafou, no Instagram.

Alisson Taveira, de 47 anos, foi eleito com Styvenson Valentim em 2018, quando ambos estavam filiados à Rede Sustentabilidade. Em 14 de abril, Taveira foi preso em Ceará-Mirim, Região Metropolitana de Natal, ao não seguir as regras impostas pela medida protetiva solicitada pela ex-companheira. Segundo a polícia, mesmo advertido das regras de não contato, Taveira continuava mantendo comunicação com a vítima por meio de redes sociais, através de postagens e mensagens. O homem foi conduzido à delegacia para a realização dos procedimentos legais e, em seguida, encaminhado ao sistema prisional para ficar à disposição da Justiça.

Segunda prisão

Esta não foi a primeira vez em que Alisson Taveira foi preso. Em junho de 2022, o suplente tinha um mandado de prisão em aberto por falta de pagamento de pensão alimentícia expedido pela Justiça da Paraíba e foi preso ao ser abordado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A prisão aconteceu durante uma fiscalização de rotina na BR-101, em São José de Mipibu, na Grande Natal.

Naquele ano, Styvenson concorria a governador e, em mais de uma oportunidade, se queixou do suplente. Em entrevista à rádio Jovem Pan News Natal em maio de 2022, antes mesmo da prisão do suplente, ele colocou o advogado como um empecilho para concorrer a outro cargo. 

“Se Styvenson sai candidato e ganha, quem entra vai manter compromissos? Um cara que eu não tenho relacionamento nenhum?”, disse à época.

Na convenção do Podemos feita em 5 de agosto de 2022, que confirmou seu nome como candidato ao Governo, ele voltou a reclamar. 

“Eu tenho um problema seríssimo que é meu suplente, que o partido escolheu em 2018”.

Em 2018, Valentim e Taveira foram eleitos pela Rede Sustentabilidade, partido da ex-ministra Marina Silva. Styvenson entrou na sigla por um mecanismo chamado pelo partido de “candidatura cidadã”, um dispositivo informal em que o candidato abre mão de parte da estrutura partidária, como recursos públicos de campanha e do tempo de rádio e tevê, mas tem a legenda assegurada para disputar eleições. Ao ser eleito, ele logo migrou para o Podemos, de onde saiu este ano para se filiar ao PSDB.

Já o suplente foi um dos fundadores da Rede no RN e antes já havia concorrido à Prefeitura de Touros em 2016. Em 2020, deixou o partido e se filiou ao PTB, partido bolsonarista que era comandado nacionalmente por Roberto Jefferson, e concorreu pela segunda vez à Prefeitura da cidade, mas foi considerado como “inapto” pela Justiça Eleitoral — o PTB depois se fundiu ao Patriota e deu origem ao PRD. Nos materiais de campanha, Alisson aparecia fazendo o gesto de “arminha” em uma montagem com sua imagem ao lado do presidente Jair Bolsonaro. 

“Não estamos em campanha. Estamos em missão pelo resgate de valores e princípios”, dizia a legenda da sua publicação nas redes sociais.

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