Se a política fosse uma repartição, o setor dos traidores teria superlotação. Tem de tudo, desde traíra com sorriso de santo, cobra com diploma, cavalo de Tróia vestido de terno e até papagaio que esquece quem ensinou a falar.
É curioso que no mundo encantado da politicagem, a traição é mais popular que promoção de Black Friday. Todo mundo adora ver um amigo ser esfaqueado pelas costas desde que não seja o próprio. Porque o traidor, coitado, é aquele que todos amam odiar, a plateia aplaude a trairagem, mas depois finge que ficou chocada. E o pior, não perdoa o traidor. Hipocrisia? Que nada! É cultura, é tradição, é patrimônio imaterial da República.
Já o ingrato, esse nem merece nota de rodapé. É o tipo que, se tivesse vergonha na cara, ainda seria desprezível mas, nem isso consegue. Usa, abusa, escala em cima dos outros e depois finge que sempre foi autossuficiente, como se tivesse sido parido diretamente pelo espírito de Maquiavel. Será que o Paraná tem um Maquiavel vesgo?
E no meio dessa arena de gladiadores sem honra o ingrato é a mais baixa forma de vida da fauna política. O ingrato é o tipo que sobe nas costas dos outros, tira selfie no pódio e depois finge que nem conhece quem o ajudou. É uma espécie tão comum que deveria ter banco reservado no Assembleia ou no Congresso.
Só que hoje em dia, amigo, conspirar ficou difícil. A internet não perdoa. Você posta uma indireta venenosa às três da manhã achando que ninguém vai notar, e às sete já virou meme, sticker e talvez até música de balada. Apagar? Mandar “foi hackeado”? Esquece. O print é o novo papiro sagrado, uma vez revelado, vira escritura pública. Vai ser usado contra você, na internet e no churrasco da oposição.
O bom dessa história toda é que, pelo menos, somos presenteados com espetáculos gratuitos de ingratidão, cinismo e trapalhadas. E o melhor com à inteligência nada artificial talvez, feita por burro a 200 km por hora fazendo uma curva num dia de chuva.
As consequências são previsíveis.
