Mototaxistas têm cotidiano entre altos e baixos

O sol forte, a chuva, os riscos de acidentes e o trânsito são alguns dos desafios que os mototaxistas encaram para sustentar suas famílias em um dia a dia marcado por desafios .David dos Santos, de 41 anos, trabalha como mototaxista há 20 anos. Para ele, a profissão é motivo de orgulho porque foi através dela que conseguiu muitas conquistas. “Sou muito grato a Deus pela chance de me tornar mototaxista em Belém. Tenho um grande orgulho dessa profissão, apesar dos muitos desafios e da burocracia que enfrento. É dela que tiro meu sustento, consigo comprar minhas coisas trabalhando cerca de 12 horas por dia, sem parar, alternando entre corridas normais e aquelas feitas pelo aplicativo”, diz David.Leia mais:Motoristas de aplicativo têm direitos garantidos em ParagominasNúmero de motocicletas em Belém dobra em dez anosEle compartilha que, no dia a dia, enfrenta muitos perigos no trânsito e já foi vítima de uma imprudência que quase custou sua vida. “Meu ponto é aqui na Presidente Vargas, mas já rodei pelo Bar do Parque à noite. Não tem tempo ruim quando a pessoa tem determinação. O risco está sempre presente, e acredito que o segredo para eu estar dirigindo há tanto tempo é colocar sempre Deus à frente e reconhecer que, sem Ele, eu não consigo nem sair de casa, muito menos voltar para ela”, afirmou. “Além disso, há a responsabilidade de transportar os passageiros. Infelizmente, muitos motoristas de carros não respeitam as motos”, diz ele.Ele comenta que os aplicativos de transporte não são um problema. “Hoje em dia, eu vejo o aplicativo como uma ajuda. O mototaxista se tornou mais um entregador; ele quase não transporta passageiros, mas sim encomendas. Quando ele precisa fazer uma entrega mais longa, pode usar o aplicativo para ganhar um extra, pegar uma entrega ou um passageiro, dependendo do que precisa. Então, o aplicativo é uma adição positiva; na verdade, ele me ajuda bastante”, afirma Santos.Quer ler mais notícias do Pará? Acesse o nosso canal no WhatsApp!Flávio Nazareno, que tem 52 anos, recorda que viveu muitas experiências ao longo da sua profissão, desde que começou há 15 anos. “Atualmente, estamos empurrando com a barriga as coisas. Antes, eu passava muito tempo rodando para garantir minha renda, mas agora estou diminuindo minha carga horária. Não fico mais 12 horas por dia trabalhando. Agora, trabalho apenas 6 horas e o restante do tempo é com os aplicativos. Isso é mais lucrativo, pois uma vez que a pessoa liga a moto, não para mais. No ponto de mototaxista, muitas vezes o motorista fica uma, duas ou até três horas sem receber chamadas. Com os aplicativos, assim que você liga, já aparece a corrida”, conta Nazareno.O mototaxista ressalta que o dinheiro que ganha com o trabalho é suficiente para manter a casa, pagar as contas e ainda sobra um tempo para se divertir com a família. “Decidi entrar nessa profissão porque não estava conseguindo pagar as contas com um salário mínimo. No mototáxi, cheguei a ganhar três salários, mas isso foi em outra época. Comecei alugando uma moto de um amigo por seis meses e, depois, comprei a minha própria moto e continuo até hoje. Com isso, consigo sustentar minha família”, diz.Ele explica que, durante a chuva, é difícil trabalhar. “É um pouco complicado, mas as corridas costumam ter um valor melhor para nós. No entanto, esse é o nosso trabalho. A imprudência de alguns motoristas coloca nossa segurança em risco, já que estamos apenas fazendo o que precisamos”, comenta.Porém, nem tudo é fácil. Sidney Costa, 48, e com mais de dezoito anos de experiência na profissão, recorda que enfrentou diversas situações ao longo da carreira. Ele possui três empregos e lida tanto com a desvalorização do seu trabalho quanto com os riscos que isso envolve: “Não sei se estarei vivo amanhã devido aos acidentes. Já passei por muitos e, mesmo assim, continuo na luta.”Ele compartilha como chegou à profissão de mototaxista. “Naquela época, eu trabalhava como vigilante, mas a empresa faliu. Então, comprei uma moto e comecei a trabalhar como mototaxista, que era um bom negócio na época. Com o tempo, me acostumei com a nova rotina. Depois, surgiram os aplicativos e a situação ficou difícil. Agora, estou empregado novamente e tenho três empregos para sustentar minha família”, ele explica.Apesar de tudo, ele sente um grande orgulho da sua profissão. “Hoje posso dizer que sou dono da minha própria moto, e isso me traz muita felicidade, sem dúvida. É com ela que consigo oferecer uma boa qualidade de vida para minha família. Tenho três empregos para não passar aperto, porque eles merecem. Todo pai quer ver seus filhos se tornando pessoas de sucesso na vida”, comenta.
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