Nesta sexta-feira (25) dezenas de entidades de defesa dos direitos humanos e do movimento negro realizaram um ato contra o genocidio do povo negro, na sede do Centro de Operações e Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Publica, no Centro Administrativo, em Salvador. Um manifesto contendo a assinatura de 52 organizações foi entregue ao chefe de gabinete da Secretaria com propostas para combater a violência policial em Salvador e outros municípios como Camaçari, Candeias, Lauro de Freitas e Feira de Santana, gerando vítimas inocentes, predominantemente jovens negros como Alexandre Fraga, 17 anos, baleado em operação policial em Porto Seco Pirajá, em Salvador. Durante o ato, os discursos reivindicaram a implantação de câmeras nas fardas policiais para garantir a transparência e a responsabilização na atuação policial e apresentaram dados estatísticos que comprovam a alta incidência de mortes de vítimas inocentes em confrontos no combate ao tráfico de drogas em bairros populares.
A vice presidente da Unegro Bahia , Andréia Almeida ,defendeu um novo modelo de política de segurança pública que dialogue com o direito à vida. “A Polícia na Bahia é a mais letal do país e sabemos que nós homens e mulheres negras periféricos somos as principais vítimas, viemos buscar um diálogo para que o Estado entenda que esse modelo de política não dialoga com o que os movimentos sociais prezam, o respeito à vida, à dignidade e o respeito“, afirmou.
Representando o Conselho de entidades negras -CONEM Gilberto Leal criticou o racismo institucional.”Essa luta contra as violências e o extermínio da população negra é histórica. Não somos contra a ação policial, somos contra a ação de violência racista da polícia, não aceitamos mais essa desculpa de bala perdida . O governo dito progressista tem o papel de atender as reivindicações da população”, declarou.
Durante a manifestação foram exibidas faixas, bandeiras e cartazes com fotos de vítimas da violência policial no estado como a universitária Ana Luiza Silva , de 19 anos , baleada por policiais, no último dia 13 de abril no bairro da Engomadeira, ao sair de casa durante uma operação da Polícia Militar. Pelo menos 10 pessoas foram vítimas de balas perdidas, de janeiro a abril em Salvador e Região Metropolitana. Dessas, nove eram mulheres e seis morreram. Os dados foram divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado que analisa a violência armada no Brasil.
O Instituto Fogo Cruzado considera vítimas de bala perdida pessoas mortas ou feridas em situações nas quais não tenham nenhuma participação ou influência sobre os disparos de arma de fogo. No interior do estado cidades como Dias Dávila , Candeias, Camaçari, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde, Vera Cruz e Feira de Santana figuram com altos índices de mortes provocadas por confrontos entre facções de traficantes e policiais.
No dia 4 de março, uma operação policial deixou 12 mortos, após relatos de uma invasão promovida por um grupo armado de uma organização criminosa na região de Fazenda Coutos, em Salvador. Dados compilados pelo Fogo Cruzado mostram que essa é a 100ª chacina em Salvador e região metropolitana desde o início das pesquisas na Bahia, em julho de 2022. Desse total, 67% das chacinas envolvem policiais, resultando em 261 mortos.
Para Diego Silva ,membro do Coletivo de professores negros da rede estadual em Feira de Santana , presente ao ato, a violência policial destrói o direito à vida da juventude negra. “Na segunda maior cidade baiana, bairros como Aviário e Feira 10 sofrem com a disputa de facções e o crescimento da violência policial”, denunciou.
Confira abaixo o manifesto entregue no ato a Daniel Madruga chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Publica , assinado por 52 organizações populares dentre elas Sociedade Protetora dos Desvalidos, Instituto Odara, Coletivo de Mulheres Mahin, Aganju, Casa Marielle Franco, Coalizão Negra por direitos , Instituto Búzios, Coletivo Resistência Preta e Movimento Negro Unificado
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