Karlo Bruno Pereira Tavares, o “Bruninho”, afirmou em depoimento ao Tribunal do Júri, nesta quinta-feira, 24, que assassinou Roberta Dias por ‘amizade’ a Saullo de Thasso Araújo dos Santos, ex-namorado da vítima que estava grávida. O réu foi ouvido na 4ª Vara de Penedo, no segundo dia de julgamento do caso.
“Ele (Saullo) ficou muito assustado quando soube da gravidez e me procurou para dizer que queria resolver essa situação. Primeiro eu relutei, disse que haveria outras formas de achar uma solução para isso. Mas depois eu acabei cedendo e aceitei participar”, declarou o réu em aspas reproduzidas pelo site Aqui Acontece.
Saullo Santos confessou ter premeditado sozinho o assassinato da jovem de 18 anos. Hoje com 30 anos, ele não responde ao processo porque, na época do crime – abril de 2012 -, ainda era menor de idade. A confissão aconteceu durante o primeiro dia do júri popular do caso, nessa quarta-feira, 23. Tanto ele quanto Karlo Bruno negaram que Mary Jane Araújo dos Santos, mãe de Saullo, tenha participado do crime.
“Se ela teve participação, isso nunca chegou até mim. O que fiz foi por amizade, apenas por isso. Não recebi nenhuma recompensa, nem nada. Foi uma coisa horrível e, por isso, estou aqui para dizer a verdade e pagar pelo que fiz”, disse Karlo Bruno.
Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares são acusados pela morte de Roberta Dias e respondem por homicídio triplamente qualificado, aborto provocado por terceiro, já que a vítima estava grávida, e ocultação de cadáver. Mary Jane também é acusada de corrupção de menor.
O Ministério Público do Estado de Alagoas acredita que essas versões apresentadas pela dupla – de inocentar Mary Jane – seja estratégia da defesa.
Segundo dia de julgamento – Nesta quinta-feira, uma testemunha na defesa de Karlo Bruno e outra testemunha de Mary Jane foram ouvidas no tribunal. Outras seis pessoas que seriam testemunhas dos réus foram dispensadas pelos advogados. Após o interrogatório dos réus, o julgamento foi suspenso por 40 minutos para o período do almoço.
Antes disso, o juiz Lucas Dória interrompeu o julgamento por cerca de 10 minutos porque Mary Jane se emocionou ao responder às perguntas dele, informou a assessoria de comunicação do MP-AL.
O MP-AL detalhou ainda que as autoridades vão se reunir para decidir se os debates ocorrerão nesta quinta-feira ou na sexta-feira, já que há ponderação sobre a possibilidade de nove horas de discussão entre acusação e defesa, mais a sala secreta para os jurados responderem aos quesitos sobre os quatro crimes em julgamento para cada réu e há ainda a confecção da sentença após a decisão do júri.
Caso isso aconteça nesta quinta-feira, o julgamento pode se estender até a madrugada de sexta.
O caso – Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria o bebê que ela estava esperando do filho de Mary Jane, Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento. Ele tinha 17 anos e a gravidez era indesejada pela família dele. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde, onde a jovem tinha ido se consultar.
A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos depois do assassinato, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu. Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.