Depois de sair da Petrobras atirando contra o PT, o ex-senador Jean Paul Prates disse que foi “tacitamente expulso” do partido, criticou a maneira como se deu a definição da pré-candidatura ao Governo do Estado do secretário Carlos Eduardo Xavier e voltou a acusar o “entorno” da governadora Fátima Bezerra de praticar “caciquismo” político.
As declarações foram dadas na noite de quarta-feira (23), em entrevista à Rádio 98 FM. O ex-senador disse que não é “consultado para nada” sobre os rumos do partido para 2026. Por isso, se sente desprestigiado, mesmo tendo ocupado uma posição de destaque no Senado Federal e na Petrobras.
Parafraseando Chico Buarque, pode-se dizer, pelas declarações do ex-senador, que ele “é um pote até aqui de mágoa”.
“Eu acho que eu, meio que tacitamente, fui expulso, né? Porque você não é chamado para nada, não é consultado para nada… Fui senador pelo partido, fui líder do partido no Congresso Nacional, líder da minoria…”, pontuou Jean Paul.
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Jean critica “entorno” da governadora pela escolha de Cadu Xavier
Apesar de não responsabilizar diretamente a governadora Fátima Bezerra, ele atribuiu ao “entorno” dela o “caciquismo” que disse existir no PT. Ele busca, assim, evitar um atrito direto com a líder petista, por quem disse ter “respeito máximo”.
Ocorre, no entanto, que a pré-candidatura a governador de Cadu Xavier, como é conhecido o secretário, não partiu de ninguém do “entorno” da governadora, mas sim da própria Fátima Bezerra.
Em entrevista à Agência Saiba Mais, no final de fevereiro, quando se disse “pronto para o desafio eleitoral”, Cadu Xavier revelou que o movimento de lançamento da sua pré-candidatura foi estimulado pela governadora Fátima Bezerra.
“A governadora Fátima Bezerra conversou comigo para que eu me colocasse no cenário da chapa majoritária”, disse, à época, o secretário estadual da Fazenda.
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Depois de receber a bênção da governadora, Cadu Xavier também se reuniu com os parlamentares petistas, conversou com os representantes das correntes internas do partido e dialogou ainda com as legendas que integram o Governo do Estado. Não houve, internamente, nenhuma resistência ao nome dele.
O lançamento da pré-candidatura a governador também foi alinhada com o vice-governador Walter Alves (MDB), que era considerado o candidato natural do grupo governista, uma vez que assumirá a cadeira da governadora, em abril do próximo ano, quando ela renunciará ao cargo para disputar uma das duas vagas ao Senado Federal.
Walter anunciou que não será candidato à reeleição, abrindo caminho para a candidatura de Cadu Xavier. O vice-governadora também anunciou de pronto seu apoio ao secretário estadual da Fazenda.
“Está quitado”, diz Jean sobre “débito” com o PT
Apesar de ressentido por se sentir escanteado pelo PT, Jean Paul disse que sua possível saída do partido depende ainda de uma conversa com a governadora Fátima Bezerra, a quem ele atribuiu sua chegada ao partido em 2013.
Ele disse que perguntará a Fátima, diretamente, o que o partido quer dele. Caso o PT não tenha nenhum plano para o ex-senador, Jean afirmou que “também não tem compromisso” com a legenda.
O ex-presidente da Petrobras, em entrevista ao UOL, no último domingo (20), revelou seu desejo de voltar ao Senado Federal, onde exerceu mandato de 2019 a 2022, após herdar a vaga conquistada pela governadora Fátima Bezerra, mas admitiu que, para conseguir viabilizar seu projeto, poderia sair do PT.
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Na entrevista à 98 FM, Jean Paul reconheceu que só foi senador e presidente da Petrobras graças ao PT, mas afirmou que não ficaria “refém” disso.
“Eu sou muito agradecido ao PT, ao presidente Lula, principalmente a Fátima por tudo isso, mas também não vou ficar refém disso”, declarou, acrescentando que seu “débito” com o partido está “quitado”.
“Eu fiz um bom mandato no Senado, entreguei coisas para o Rio Grande do Norte, para o país. Na Petrobras, eu não preciso falar nada. Eu entreguei o melhor resultado da história”, gabou-se.
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