O falecimento do Papa Francisco, ocorrido na madrugada de segunda-feira, 21, às 2h35 (horário de Brasília) e 7h35 (horário de Roma), mobilizou a Igreja Católica no mundo inteiro. Em Paranaguá, o bispo diocesano, Dom Edmar Peron, conversou com a Folha do Litoral News para comentar o impacto do momento para a Igreja e explicar os próximos passos até a escolha do novo pontífice.
“Estamos, digamos assim, dentro dos funerais do Papa Francisco”, disse Dom Edmar, ao comentar sobre o início do velório na Basílica de São Pedro, onde os fiéis têm até a sexta-feira, 25, para prestar suas últimas homenagens. A missa de funeral e o sepultamento acontecerão no sábado, 26. “É um tempo para que nós, espalhados pelo mundo inteiro, possamos rezar por ele”, acrescentou.
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INÍCIO DO CONCLAVE
O bispo explicou que, após o sepultamento, será iniciado o processo do conclave, momento em que os cardeais elegerão o novo Papa. “O conclave é algo muito exigente e simples ao mesmo tempo. Exigente porque devem escolher o novo papa, mas simples no rito: votam em consciência, dizendo diante de Deus que aquele é digno de ser o novo pontífice”, explicou.
Segundo Dom Edmar, antes da eleição propriamente dita, ocorrem as chamadas “congregações gerais”, reuniões entre os cardeais de todo o mundo onde são discutidos os principais desafios da Igreja atualmente. “Para mim, essa é a parte mais importante. Não se trata apenas de uma eleição, mas de compreender qual o perfil necessário para o próximo Papa”, destacou.
PODEREMOS TER UM PAPA BRASILEIRO?
Sobre a possibilidade de um brasileiro ser escolhido, Dom Edmar respondeu com cautela. “A gente sabe que se entra cardeal e se sai papa. Se o perfil desejado for encontrado em um brasileiro, por que não? Mas eu creio que quem conduz tudo isso é o Espírito Santo”, afirmou.
A REFERÊNCIA DO BISPO PARA A IGREJA
O bispo também destacou que, neste período de sede vacante, não há uma pessoa que assume o papel do Papa, mas há uma coordenação. “Com a morte de Francisco, estamos sem Papa. A missão apostólica do sucessor de Pedro está vacante, à espera da eleição do novo Papa”, explicou.
Nesse tempo, a referência de unidade para a Igreja é o bispo diocesano. “Na oração eucarística, dizemos: ‘Em comunhão com nosso bispo’. Como não temos um Papa, o bispo se torna essa referência”, disse.
ADOÇÃO DO NOME AO SE TORNAR PAPA
Dom Edmar ainda falou sobre a tradição de adoção de um novo nome pelos papas eleitos, como fez Jorge Mario Bergoglio ao escolher se chamar Francisco. “O nome, na Bíblia, indica missão. Francisco foi o primeiro a escolher esse nome, carregado de significado. Ele disse: ‘Quando houver um segundo, será Francisco II. Eu sou apenas Francisco’”, lembrou.
MEMÓRIA PESSOAL
Durante a entrevista, o bispo Dom Edmar Peron compartilhou uma memória pessoal com o Papa Francisco. “A última foto foi em fevereiro de 2024, quando estive em Roma para uma reunião do dicastério da liturgia. Conversamos sobre a aprovação do novo missal em português. A última vez que o vi foi quando ele passou com o andador, acenou com um sorriso e seguiu para a capela. Aquele foi o verdadeiro último encontro”, recordou.
Ao final da entrevista, Dom Edmar deixou uma mensagem aos fiéis. “Convido especialmente os fiéis da Diocese de Paranaguá a rezarem pelo Papa Francisco, pelos cardeais e já pelo próximo Papa. Quando ele for anunciado, a única coisa que temos a dizer é: ‘Tu és Pedro’. Que a oração nos ajude a viver unidos neste tempo, renovando nossa confiança em Deus”.
ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

Na entrevista, o Bispo da Diocese de Paranaguá, Dom Edmar Peron, detalhou outros momentos marcantes do Papa Francisco durante o seu pontificado, que durou 12 anos, além do funeral, e expectativa para o início do conclave que escolherá o novo papa, algo que pode ser conferido na íntegra no Facebook da Folha do Litoral News.