“Espero que a sociedade condene os assassinos, foram duas vidas tiradas”, diz mãe de Roberta Dias

Treze anos de angústia. A mãe de Roberta Dias, Mônica Reis, prestou depoimento nesta quarta-feira (23), na 4ª Vara de Penedo, no primeiro dia do julgamento dos dois acusados do crime, e destacou o desejo pela condenação dos réus como forma de Justiça pelas duas vidas tiradas: a da filha e a do neto que nem conheceu. 

Roberta Dias tinha 18 anos e estava grávida quando foi dada como desaparecida no município do Baixo São Francisco alagoana. Após investigação, a morte dela foi confirmada, com o envolvimento do próprio namorado Saullo Santos, de 17 anos, da sogra Mary Jane Araújo Santos, e do amigo do companheiro Karlo Bruno Pereira Tavares. A ossada dela foi achada na cidade de Piaçabuçu, nove anos depois. Mary Jane e Karlo Bruno estão sendo julgados.

Veja o que disse a mãe de Roberta Dias:

 

“Espero que a sociedade condene os assassinos, porque foram duas vidas tiradas. Não foi uma brincadeira o que eles fizeram. Espero também não ter uma surpresa ruim, porque esses 13 anos de angústia que passei foram com vários recursos que eles pediam. Eu achando que sempre ia chegar ao fim e nunca chegava, era uma eternidade. Peço a Deus que o promotor convença os jurados para colocá-los na cadeia, porque foram 13 anos de angústia, de luta. Depois de 9 anos que eu achei os restos mortais da minha família, onde o assassino disse que enterrou. Depois disso ainda foi outra luta para poder enterrar os restos mortais, mas consegui, graças a Deus. Hoje, estou muito nervosa, não estou muito com condições de falar, mas é o que posso falar para vocês”, disse Mônica em vídeo divulgado pelo Ministério Público do Estado de Alagoas. 

A mãe de Roberta Dias foi a segunda testemunha de acusação ouvida pelo juiz Lucas Dória. Ela não conteve as lágrimas ao relembrar quando descobriu que a filha tinha desaparecido. O julgamento precisou ser interrompido por alguns minutos para que Mônica pudesse se recompor. 

Como o julgamento se estenderá até sexta-feira, 25, e mais testemunhas serão ouvidas na quinta-feira, 24, o juiz do caso solicitou para a imprensa não fazer gravações para evitar que o conteúdo dos depoimentos influencie nas falas dessas próximas testemunhas.


Os réus – Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares são os acusados pela morte de Roberta Costa Dias e respondem por homicídio triplamente qualificado, aborto provocado por terceiro, já que a vítima estava grávida, e ocultação de cadáver. Mary Jane também é acusada de corrupção de menor, já que o filho dela, Saullo Santos, namorado de Roberta na época, era adolescente e teria participado do crime.

A acusação está a cargo do promotor de justiça Sitael Jones Lemos. A defesa de Mary Jane será feita por Fábio Lobo e Alessandro Calazans. Já a defesa de Karlo Bruno tem como advogados Ricardo Moraes e Arley Vieira.


O caso – Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria o bebê que ela estava esperando do filho de Mary Jane, Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento. Ele tinha 17 anos e a gravidez era indesejada pela família dele. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde, onde a jovem tinha ido se consultar durante o pré-natal.

A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos depois do assassinato, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu. Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.

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