| Foto:
Reprodução do Movimento Sem Terra
Imagens de uma câmera de segurança divulgadas pela Polícia Civil, divulgadas nesta quarta-feira (23), mostram quando um carro, em alta velocidade, atropela militantes do Movimento Sem Terra no dia 15 de abril na Abdias de Carvalho, no Recife.Ele não falou com a imprensa. Mas, no depoimento à polícia, o motorista de 27 anos disse que não viu quando atropelou os militantes que realizavam uma marcha pacífica numa das principais vias da capital pernambucana.O rapaz, que é comerciante, morador do Curado, explicou à polícia que estava socorrendo um parente e depois afirmou ter fugido do local para não ser linchado. Ele não tem antecedentes criminais.O motorista, que não teve o nome divulgado até o momento, está preso e deve ser indiciado por tentativa de homicídio e omissão de socorro.ATÉ AGORA, SEM INDÍCIOS DE CRIME POLÍTICO, SEGUNDO O DELEGADOSegundo o delegado Diego Jardim, até o momento, não há indícios de crime político, como destacaram lideranças políticas de esquerda e do MST no dia 15 de abril em manifestações por todo o Brasil.Quando o atropelamento começou a ser investigado e as buscas começaram, os familiares do motorista disseram que não sabiam o que estava acontecendo e o homem não foi localizado pela polícia. Ele só compareceu à polícia três dias depois do atropelamento, na Sexta-feira da Paixão, depois de livrar o flagrante. Um idoso de 67 anos, ferido pelo veículo, ficou em estado grave. A prisão preventiva foi expedida na noite desta última terça-feira (22), quatro dias depois do comparecimento do motorista à delegacia, onde ele contou que estava acompanhado da avó e da tia na Abdias de Carvalho, durante a Marcha do MST.“Ele disse que tentou passar por essa passeata e foi impedido por alguns manifestantes. Disse que, nesse momento, algumas pessoas estavam com barrotes, cercaram o carro e começaram a tentar agredir, quebraram o vidro traseiro e nesse momento o avô começou a passar mal e ele disse que não viu alternativa a não se acelerar e tentar escapar. Segundo ele, inclusive, ele nem viu que uma pessoa tinha sido atropelada”, afirmou o delegado.Ainda de acordo com o delegado, o inquérito deve ser concluído em 10 dias e remetido à Justiça. “Nós ainda estamos investigando para saber se existia alguma motivação político-partidária ou de intolerância, mas vamos deixar claro que, até o momento, não existe nenhuma informação de que essa tenha sido a motivação do autor preso”, declara.A IMAGEM X O DEPOIMENTOA imagem divulgada pela polícia não mostra o que é dito no depoimento pelo motorista. Na cena exibida, não é possível distinguir claramente o que houve por um leigo, mas existiam outros carros circulando pelo local da marcha lentamente.Havia cerca de cinco pessoas próximas ao veículo, porém não é possível ver as supostas agressões. O que se vê, no entanto, é que o motorista avança em cima dos militantes com o veículo em alta velocidade. O idoso está de camisa vermelha e segura uma bandeira.Quando ele passa por cima de Gideone Sidônio de Menezes Filho, conhecido como “Sapato”, o corpo do homem vai parar no capô do veículo, que passa por cima sem redução da velocidade. O motorista ainda atropelou uma pessoa que estava à direita. Só então, passam outras duas correndo com pedaços de pau, mas o veículo já está longe.PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO MAIS APROFUNDADASegundo o dirigente nacional do MST em Pernambuco, Fernando Silva, o movimento espera que a investigação seja mais aprofundada para que se saiba “o passo a passo” do que aconteceu. Em entrevista ao Tribuna Online PE, ele contou que o motorista estava irritado e fazendo gestos dentro do carro porque queria furar o bloqueio.“A imagem está bem clara e nítida que ele passou por cima do nosso companheiro, que está no Hospital da Restauração lutando pela vida. O motorista chegou a dar ré. Ele já vinha provocando a passagem na marcha, que era pacífica. Quando o carro de som abre um pouquinho o espaço, foi o momento que ele começou a atropelar”.”QUEREMOS VER O DESFECHO”, DESTACA DIRIGENTE DO MSTIndagado se, em algum momento, o motorista comunicou à marcha que estava socorrendo alguém. Fernando Silva afirmou que “não”. “Ele só acelerava”.“Nossas opiniões continuam. Houve tentativa de homicídio porque há muito rancor da extrema direita contra o Movimento Sem Terra. Nós queremos ver o desfecho, porque ainda não terminou. Queremos que a justiça investigue mais a fundo essa situação em relação ao que houve”.Fernando Silva explica que a polícia foi informada sobre a Marcha, um movimento legal e pacífico. “É direito de todo mundo fazer suas reivindicações. A reivindicação é garantir a distribuição de terra, ocupar para o brasil alimentar”, acrescentou.VEJA MATÉRIA COMPLETA DO JORNAL DA TRIBUNA 1ª EDIÇÃO ABAIXO – A PARTIR DE 3min13