Comércio dinâmico impulsiona economia e turismo na Barra

Um dos bairros mais icônicos de Salvador, a Barra é um verdadeiro polo comercial e turístico. Com uma ampla variedade de estabelecimentos, a região se destaca pela diversidade de lojas de roupas, tecnologia, esportes, salões de beleza, centros de estética, academias, mercados e supermercados. Além do comércio de rua, o bairro possui opção variada de centros comerciais, desde o shopping Barra, com suas 315 lojas entre C&A, Renner e Riachuelo, Animale, Arezo, Lenny Niemeyer, além de um complexo de cinemas com oito salas e uma praça de alimentação diversificada; até os shopping menores como o Barra Center, Galeria Farol da Barra, Barra Point, Vitória Center e outros.Dados da Secretaria da Fazenda indicam que somente de bares e restaurante são 950 estabelecimentos no bairro. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Leandro Menezes, a Barra é uma grande área de diversões para as crianças, com diversas opções. Tem a Avenida Centenário, com parques, campos de futebol e áreas de esportes. A região do Jardim Brasil é repleta de estabelecimentos para atender toda a família, e estender a diversão em um momento gastronômico.Mas a sazonalidade sempre representou um desafio para os empresários locais, mas o crescimento imobiliário do bairro tem reduzido esse impacto. “Com novos empreendimentos residenciais, a região atrai mais moradores fixos, reduzindo a dependência exclusiva do turismo”, observa Menezes. Além disso, ele enfatiza o impacto econômico do setor: “Cada R$ 1.000 gastos na gastronomia geram R$ 3.650 na economia como um todo, e cada mil empregos diretos criam mais 2.250 postos de trabalho”.Força econômicaA diversidade de comércios é a força econômica da Barra. De acordo com a presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Barra (Amabarra), Regina Sena, o calçadão abriga uma grande variedade de bares e restaurantes, lojas de artesanato, escolas de mergulho e canoagem, além de espaços icônicos como a Galeria Vivá e a Casa do Artesanato da Bahia, antiga sede do Instituto Mauá. Destacam-se ainda confeitarias renomadas, como a Lê Docit, brechós como Poppy Bazaar e Peça Rara, além de uma oferta variada de hotéis e pousadas, incluindo o Grande Hotel da Barra e o Hit Hotel.No entanto, alguns empreendimentos podem ser desafiadores. Para o Thiago Fonseca, que comanda o Restaurante Maná, no Porto da Barra, o fluxo constante de clientes, impulsionado pelo turismo e moradores ainda está se desenvolvendo no cenário gastronômico. “A localização do nosso ponto é fabulosa, o que impulsionou muito o nosso projeto, já que o Porto da Barra é reconhecido pelo seu grande fomento esportivo”, conta Fonseca.Segundo ele, o Maná se posiciona de forma mais disruptiva, focando no público esportivo e no café da manhã desde 2018. “Começamos com uma loja de apenas 9m². Os custos operacionais são elevados, principalmente por conta da valorização imobiliária. Em contrapartida, temos o privilégio de estar em uma das praias mais bonitas do mundo”, destaca Thiago.Setor hoteleiro: crescimento e desafiosE é toda essa beleza que atrai sempre mais pessoas de dentro e de fora do país. Não à toa, que o turismo é um dos grandes motores da economia da Barra, impulsionando diretamente o setor hoteleiro. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a região conta atualmente com cerca de 26 meios de hospedagem entre hotéis, pousadas e albergues. No entanto, o setor enfrenta desafios, como a concorrência desregulada dos imóveis para locação de curta duração.”Nos últimos anos, a Barra teve uma explosão de empreendimentos imobiliários voltados para locação temporária por meio de plataformas digitais. Esse fenômeno, aliado à baixa regulamentação, gerou um aumento de mais de 30% no valor dos aluguéis em 2024, segundo o índice FipeZap”, destaca o presidente da ABIH, Wilson Spagnol.Embora a concorrência com os aluguéis informais seja elevada na região, o setor dispõe de hotéis com perfis variados e tarifas acessíveis – desde diárias abaixo de R$ 200 até acomodações sofisticadas que ultrapassam os R$ 700. “O setor vem se adaptando às novas exigências do mercado, investindo em tecnologia para otimizar processos como check-in e check-out e personalizando a experiência do hóspede”, conta Spagnol.A Barra, tradicionalmente voltada ao turismo de lazer, não se beneficia tanto dos eventos e congressos realizados no Centro de Convenções, distante da região. No entanto, seu apelo natural e cultural a mantém como um dos principais destinos turísticos de Salvador. Para Spagnol, o Farol da Barra, o Carnaval e as praias fazem com que a taxa de ocupação dos hotéis na alta temporada esteja sempre acima da média da cidade.Por isso, o setor hoteleiro da Barra, além de movimentar o turismo, impulsiona diversos segmentos da economia local, como bares, restaurantes, transportes e comércio. “O desenvolvimento econômico do bairro está intrinsecamente ligado à sua vocação turística, e o setor hoteleiro é um dos pilares desse crescimento”, finaliza Spagnol.Com uma oferta comercial diversificada e um setor turístico pulsante, a Barra segue consolidando seu papel como um dos principais motores da economia soteropolitana, equilibrando tradição e modernidade em um dos cenários mais emblemáticos de Salvador.Feirinha no Farol da Barra une arte, inclusão social e economia criativaHá quatro anos, o Farol da Barra se transformou em um ponto de encontro para artesãos e empreendedores, com uma feira que reúne dezenas de tendas repletas de produtos artesanais. A iniciativa nasceu da empresária e moradora da Barra, Anne Cristina Nogueira, como uma forma de gerar renda e dar novas oportunidades para mulheres em tratamento oncológico e vítimas de violência doméstica. “Era uma maneira de incluí-las, ajudá-las a sair do ciclo de dor e violência por meio do trabalho e da autonomia financeira”, explica Anne.A feira conta com cerca de 30 a 40 estandes, oferecendo uma grande variedade de produtos, que vão desde roupas e acessórios, como camisas e bonés, até delícias gastronômicas, como bolos de pote, batatas fritas e geladinhos gourmet. O espaço também abriga peças únicas de artesanato, muitas delas feitas com materiais recicláveis.Para a artesã e professora pernambucana Irene Adriana Alves Moreira, o Farol da Barra tem um significado especial. “Já participei de feiras em vários pontos da cidade, mas aqui é o meu lugar preferido. Atendo desde clientes que compram lembranças a partir de R$ 15 até aqueles que buscam peças sofisticadas de R$ 250 para decoração”, conta.Nos últimos três anos, Irene tem investido em uma linha inspirada nos Orixás, que se tornou um verdadeiro sucesso. “Essas peças encantam pela beleza e têm ótima aceitação. Além disso, agreguei ao meu trabalho cerâmicas vindas de Maragogipinho, que fazem muito sucesso, especialmente entre turistas. Recentemente, embalei uma namoradeira de mais de 15 quilos para um cliente de Portugal”, relata, orgulhosa.A artesã destaca ainda que sua produção, feita em Pernambuco, é voltada exclusivamente para o mercado baiano, com destaque para as tradicionais “Baianas”, peças que conquistam turistas e moradores. Apesar do sucesso da feira, ela faz um apelo por melhorias na infraestrutura. “Precisamos de mais apoio da gestão pública, especialmente em iluminação e banheiros. A Barra é uma vitrine que leva o melhor do nosso artesanato para o Brasil e o mundo”, reforça.
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