O subcoordenador do Procon Caicó, Márcio Leonardo, alertou para a prática de golpes envolvendo empréstimos consignados, especialmente com idosos e beneficiários do INSS. Segundo ele, representantes de instituições financeiras têm visitado casas oferecendo serviços de crédito de forma irregular, muitas vezes utilizando informações falsas e práticas fraudulentas.
“Quando chegar alguém na sua casa para oferecer o empréstimo, chama a polícia, porque pode, em tese, estar se configurando ali um crime. Quase sempre está”, afirmou Márcio Leonardo durante entrevista ao programa Panorama 95 nesta terça-feira 22. Ele explicou que, nesses casos, o objetivo não é oferecer o empréstimo, mas forçar a contratação por meio de assinaturas, fotos e digitais colhidas sem o devido esclarecimento.
O subcoordenador relatou que o cenário de endividamento se agravou com a ampliação das possibilidades de empréstimos consignados, antes restritos a servidores públicos e aposentados. “Hoje foi viabilizado o empréstimo para quem é artista. A garantia desse empréstimo é o FGTS”, disse. Segundo ele, logo após a liberação, foram registrados empréstimos em centenas de milhões de reais em poucas horas.
Márcio também criticou a prática dos cartões de crédito consignados, afirmando que muitos clientes desconhecem sua contratação. “Eu nunca recebi cartão, nunca usei esse cartão de crédito, nunca desbloqueei. Não é um cartão de crédito. É um nome que eu considero abusivo, porque gera confusão. Se você não receber as informações corretas, você vai pagar pelo resto da vida”, explicou.
Ele alertou ainda sobre a diferença nas condições oferecidas antigamente e as atuais. “Hoje eu não vejo, já há alguns anos, um empréstimo com 36 parcelas. Não existe mais. São 8 anos, chegando até o absurdo de 10 anos, como já vi no Procon”, afirmou. Segundo ele, 90% das reclamações atendidas pelo órgão são relacionadas a problemas bancários, especialmente empréstimos não autorizados ou renegociados sem consentimento.
Durante o programa, uma ouvinte relatou dificuldade para quitar a dívida do cartão de crédito, parcelada em 20 meses. Leonardo orientou: “Ela pode procurar o Procon hoje e tentar uma renegociação. Qual será a resposta do banco? Que já existe um acordo em aberto, que já existe um acordo ativo e não há disponibilidade de outras opções”.
Márcio Leonardo reforçou a importância de cautela na contratação desses serviços. “Se você precisa, procure, vá atrás, analise a instituição. Evite ir sozinho, dependendo da sua idade ou grau de conhecimento. Grava a conversa. Aquilo pode servir de prova, porque se você vier depois ao Procon, é porque tem alguma coisa errada”, concluiu.
