Não deve estar sendo fácil para o prefeito João Henrique Caldas (PL) decidir sobre o seu futuro político, agora que o senador Renan Calheiros Filho (MDB) anunciou que vai ser mesmo candidato a governador no próximo ano.
Para quem estava alinhado com Jair Bolsonaro (PL), inclusive comandando a legenda do ex-presidente em Alagoas, é difícil se passar para um grupo ao qual sempre fez oposição aqui no Estado e, ao mesmo tempo, aderir ao governo do presidente Lula (PT), que também lhe é hostil politicamente.
Para completar o drama de JHC, a sua postura de indefinição surgiu após a tia Marluce Caldas, procuradora de justiça do Ministério Público Estadual, ter sido escolhida pelo Superior Tribunal de Justiça em lista tríplice para ser ministra do colegiado.
A decisão de nomeá-la se arrasta há seis meses e depende unicamente do presidente Lula, que tem a prerrogativa de fazer a nomeação, deixando evidente para o eleitor/cidadão que em caso de confirmação da tia como ministra do STJ a adesão do prefeito ao grupo político dominante seria uma troca de favores.
Do ponto de vista político, em caso de confirmada a arrumação, restaria a JHC – se realmente pretende um cargo majoritário em 2026 – concorrer a uma das duas vagas ao Senado como aliado ao senador Renan Calheiros (MDB), que tentará a sua quinta reeleição ao cargo, e deixando de lado dois dos seus principais aliados, que também teriam pretensões ao Senado: os deputados federais Arthur Lira (PP) e Alfredo Gaspar (União Brasil).
Como convencer o seu eleitorado a lhe acompanhar nessa estranha empreitada seria uma difícil missão para o bem avaliado prefeito de Maceió.
A propósito, convém lembrar um caso emblemático que se deu com o radialista Sabino Romariz: por conta do estrondoso sucesso do seu programa de televisão, baseado no assistencialismo, em 1986 Sabino se elegeu como deputado estadual mais votado – cerca de 35 mil votos – e quatro anos depois, após aderir ao governo de Fernando Collor, teve um pífio resultado ao tentar a reeleição – pouco mais de dois mil votos.
Um episódio que certamente leva JHC à reflexão…