Texto de Fabio Grellet:
“Passados quase três séculos do nascimento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, muitos mitos foram criados em torno da figura dele. Um deles é de que o herói da Inconfidência Mineira era barbudo e cabeludo, como é retratado em desenhos. A fotografia foi criada em 1826, mais de 50 anos após a morte do herói brasileiro.
Tiradentes era militar – sua patente era de alferes, que hoje corresponde a segundo-tenente – e, como tal, não podia ter barba nem cabelo comprido – no máximo tinha um discreto bigode. Antes de morrer enforcado, passou quase três anos detido, e na prisão também não era permitido usar cabelo comprido nem barba – no caso, para evitar piolhos. Quando foi enforcado, Tiradentes estava careca e sem barba.
A primeira pintura oficial de Tiradentes é de 1890, quando o herói é retratado com barba e cabelos compridos, para assemelhá-lo à imagem tradicional de Jesus Cristo.
E quem matou Tiradentes? Foi Jerônimo Capitânia, que, também condenado à morte, mas por crime menos grave, aceitou a função de operar a forca em troca do benefício da prisão perpétua.
Os equipamentos odontológicos de Tiradentes foram a leilão em 4 de julho de 1792, menos de três meses após sua morte. Eles foram arrematados por Francisco Xavier da Silveira, que pagou 800 réis pela bolsa completa.
Depois de passar a ser cultuado como herói nacional, a partir dos primeiros anos da República (proclamada em 1889), Tiradentes ingressou no imaginário popular e foi tema de muitos livros, filmes e até enredo de escola de samba.
Até 2023, Tiradentes era o único brasileiro com data de morte ou nascimento celebrada em feriado nacional. Em 2023, o dia 20 de novembro, da morte de Zumbi dos Palmares, também se tornou feriado em todo o País.”