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MARK SCHIEFELBEIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, compartilhou informações sigilosas sobre operações militares do país contra rebeldes houthis, no Iêmen, em um segundo grupo na plataforma Signal, disseram ao jornal americano The New York Times pessoas familiarizadas com o assunto.Trata-se de um desdobramento do escândalo revelado no mês passado pelo editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg. Ele contou ter tido acesso a segredos militares dos EUA depois de ser incluído por engano em um grupo, na mesma plataforma, que reunia várias autoridades americanas, entre elas o próprio Hegseth.O caso levantou preocupações relacionadas à segurança das informações compartilhadas entre líderes do país. A Casa Branca anunciou investigações, e o conselheiro de segurança nacional do governo de Donald Trump, Mike Waltz, chegou a assumir total responsabilidade pelo vazamento dos dados.De acordo com o New York Times, outras pessoas que não trabalham para o governo também tiveram acesso às informações. Hegseth teria compartilhado as mensagens em um grupo que reunia familiares e amigos. Estavam no canal a esposa do secretário de Defesa, o seu irmão, um de seus advogados e vários outros integrantes de seu circulo íntimo.A esposa de Hegseth, Jennifer, não é funcionária do Departamento de Defesa, mas viajou com o secretário para o exterior e foi criticada por acompanhá-lo em reuniões com líderes estrangeiros consideradas sensíveis.Já o irmão e advogado de Hegseth têm empregos no Pentágono, mas não há motivo aparente para que eles tivessem acesso aos segredos. Foram compartilhadas informações sobre o ataque feito pelos EUA contra os houthis em 15 de março, algumas horas antes das ações ocorrerem. O secretário teria usado o celular pessoal, não o do governo, para transmitir as mensagens.Após a publicação feita pelo jornalista Goldberg no mês passado, políticos democratas aumentaram a pressão sobre os serviços de inteligência dos EUA e exigiram a renúncia dos responsáveis pela área, incluindo Hegseth e Waltz, acusando-os de incompetência e negligência.Em texto publicado pela Atlantic, Goldberg descreve um canal de comunicação inapropriado -e possivelmente ilegal- de autoridades do governo americano.O texto enumera questões inapropriadas deste sistema: do vazamento de informações à possível violação da lei federal de registros -uma vez que o perfil de um dos integrantes usou configurações que excluiriam mensagens após um dia ou uma semana, o que pode configurar apagamento de registros.Goldberg menciona o envolvimento de pelo menos 19 autoridades americanas: além de Hegseth, estariam no grupo o vice-presidente, J. D. Vance; o secretário de Estado, Marco Rubio; o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff; a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles; entre outros.Após críticas, a Casa Branca afirmou que “os democratas e sua mídia amiga” parecem ter esquecido das “ações bem-sucedidas” no Iêmen. O presidente disse que não há razão para que seus auxiliares peçam desculpas e se limitou a dizer que provavelmente o governo não usará mais o aplicativo Signal.