A ausência de manutenção preventiva é a principal causa dos acidentes estruturais em edificações no Brasil. Segundo dados apresentados no Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, realizado em 2024, 66% desses incidentes poderiam ser evitados com ações corretivas e vistorias regulares. O alerta é reforçado pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape/SP), que aponta que entre 80% e 90% dos edifícios no país apresentam problemas operacionais, de conservação ou de segurança.Ainda mais preocupante: 57% dos condomínios deixam de realizar as inspeções prediais periódicas, que são obrigatórias por lei em diversas cidades brasileiras, como Salvador. De acordo com a arquiteta Alice Bastos, da SVA Bastos, empresa especializada em projetos estruturais e de combate a incêndios, a negligência com a manutenção pode resultar em consequências graves. “A falta de ação imediata diante de uma inconformidade estrutural pode levar à desvalorização do imóvel e até colocar em risco a segurança dos moradores. As áreas comuns, como fachadas e lajes, são de responsabilidade do condomínio, que deve manter um plano de manutenção e reservar recursos para reparos emergenciais”, explica.As chamadas patologias prediais – como infiltrações, fissuras, umidade e deterioração de materiais – vão além de prejuízos estéticos e podem indicar falhas graves na estrutura. Segundo Bastos, o ideal é que a manutenção preventiva seja tratada com a mesma importância que a construção inicial. “Programar revisões periódicas ajuda a identificar os problemas antes que eles se tornem grandes preocupações”, reforça.O Código Civil, em seu artigo 1.348, inciso V, estabelece que é dever do condomínio zelar pela conservação da edificação. Em Salvador, por exemplo, a obrigatoriedade das inspeções está prevista na Lei Municipal nº 5.907/2001 e regulamentada pelo Decreto nº 13.251/2001, que detalha os procedimentos de manutenção predial. Ela deve ser feita a cada cinco anos, por meio da vistoria de um profissional, que apresentará um laudo técnico à Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom).Quando identificados sinais de problemas estruturais, a orientação é comunicar também à Defesa Civil de Salvador (Codesal), garantindo uma avaliação imparcial e o acompanhamento das intervenções necessárias.Efeito da maresiaEm cidades como a capital baiana, explica Alice Bastos, a oxidação é um dos desgastes mais comuns, principalmente em varandas e janelas com a presença de jardineiras, que ocasionam, por vezes, a infiltração de água. As varandas mais expostas às intempéries também apresentam mais desgastes nos rejuntes, assim como as áreas de piscinas. “A estrutura de concreto é feita de um material poroso, então, quanto maior a fluidez de um líquido no local ou quanto maior o efeito da maresia, maior será a oxidação. Por isso, é importante fazer e manter a vedação e impermeabilização desses espaços”, diz a arquiteta.
66% dos acidentes em edificações ocorrem por falta de manutenções
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