Salvador é a capital com a maior proporção da população vivendo em vias sem calçadas no Brasil; são 1 milhão de pessoas, o que representa 43,9% do total, apontam dados do censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem. Em relação aos dados de 2010 houve uma piora, já que, à época, o percentual era de 37,4%. No que diz respeito a arborização e rampas para cadeirantes a capital é a segunda pior do país.“Nós temos uma cidade que não está preparada para receber e nem para ter habitantes com deficiência. Infelizmente, nós temos muitos casos de lugares que não têm rampas ou que são inadequadas, mesmo com toda essa reforma que está acontecendo. As pessoas com deficiências têm sofrido bastante no seu ir e vir, ao sair de casa”, contou Silvanete Brandão, presidente da Associação Baiana de Pessoas com Deficiência Física (Abadef)Calçadas e obstáculosOutro dado importante revela que 70% das pessoas que vivem em áreas com calçadas em Salvador, precisam enfrentar obstáculos ao usá-las, como postes, por exemplo. No entanto, embora alto, esse número deixa Salvador na 20ª posição entre as capitais com esse tipo de problema. A média no Brasil é 18,8%, o que representa 32,8 milhões de pessoas vivem essa realidadeEmbora baixo, o percentual de vias com arborização enfrenta outro problema: o plantio de espécies inadequadas, o que resulta em calçadas quebradas ou completamente destruídas, contribuindo para números negativos da cidade. Para mitigar, as árvores são retiradas, em alguns casos, mas não há replantio, desencadeando outros problemas, como afirma o professor de arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Heliodorio Sampaio.“O plantio de vegetação inadequada é antigo, e persiste, atravessa os planos e projetos urbanísticos recentes, como o do calçadão da Barra até o Porto, que até eliminou em alguns trechos a arborização existente – sem reposição adequada. (A retirada de árvores) resulta numa paisagem árida, sem sombreamento, em que pese o esforço de alguns poucos abnegados moradores plantando árvores, que volta e meia são furtadas e depredadas”, afirmou.CicloviasQuando o assunto é relacionado ao número de pessoas que residem em vias com sinalização para bicicletas, cujo uso sabidamente traz benefícios à saúde e ao meio ambiente, os números são baixos em todo o país, apontou o IBGE. Cerca de 40% das cidades têm vias sinalizadas. Na Bahia esse percentual é de apenas 1,3%, um pouco abaixo dos 1,9% da média nacional, o que representa apenas 3,3 milhões de pessoas.Em Salvador há 330 km de rede cicloviária em diversos pontos da cidade, entre orla, região central e subúrbio. E, no ano passado, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) lançou o primeiro plano cicloviário da cidade, que prevê a implantação de 700 km de rede cicloviária integrada nos próximos 10 anos, contando com investimentos municipais na casa dos R$100 milhões, com apoio do governo britânico através do UK Pact, informou o órgão municipal.*Sob a supervisão da editora Isabel Villela
Sem calçadas: Salvador é a 2ª pior capital do País
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