Passeando por diferentes universos sonoros a partir da viola caipira, o multi-instrumentista Julio Caldas lançou em fevereiro deste ano Nordeste na Palma da Mão, seu mais novo trabalho musical. Agora, celebra o lançamento em uma apresentação que casa perfeitamente com a essência do disco: um show especial no projeto Jazz na Avenida amanhã, com ingressos a um quilo de alimento não-perecível.As canções do disco, originalmente executadas somente pelas cordas da viola, ganham no show um novo arranjo, acompanhadas pelo baixo de Alexandre Montenegro e pela bateria de Laurent Rivemales.No repertório, estarão as faixas de Nordeste na Palma da Mão, como Ponteio Rio Acima, Dia de Julio e Ponteio Bluesy, além de uma canção do Viola de Arame, projeto de viola caipira formado por Julio e os músicos Cássio Nobre e Ricardo Hardmann.Julio já havia apresentado canções do disco no projeto Circuito de Violas Nordestinas, em que, com o apoio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), levou seu repertório para Recife e Fortaleza, além de Salvador.Foram shows solo e intimistas, protagonizados pelo artista e sua viola.Desta vez, com uma performance dedicada ao novo trabalho, a celebração ganha outros tons, ao lado de mais instrumentos.Para o artista, explorar esse formato é um dos aspectos que torna a apresentação única. “O barato desta sexta-feira é estar tocando junto com o baixo e a bateria. Interagir musicalmente com outros músicos é muito legal. Eu acho que vai ser muito bom o resultado desse encontro”, afirma.Com o show, Julio põe a viola em evidência num evento de jazz, uma união que pode parecer inusitada à primeira vista. Essa mescla é, na visão do multi-instrumentista, resultado da abertura dos festivais de jazz para a chamada “world music”, ou seja, a música produzida por diferentes culturas ao redor do mundo.“Eu acho que agora a gente está num momento mais diverso. Por poder apresentar um trabalho de viola caipira, por exemplo, num espaço voltado para o jazz. Esse é um show que poderia ser apresentado tanto num super teatro como na zona rural ou numa praça pública. É o tipo de trabalho que funciona bem em qualquer lugar. E a minha expectativa é grande em poder mostrar isso num espaço tão legal que é o Jazz na Avenida, que tem sempre um público muito interessado em música”, diz.Diferentes afinaçõesA relação de Julio Caldas com a viola e os universos que podem ser explorados através de suas sonoridades é antiga. São 30 anos de pesquisa sobre as violas brasileiras, e uma trajetória recheada de parcerias especiais: ao longo da carreira, já tocou ao lado de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Beth Carvalho e Pepeu Gomes.Foi dessa pesquisa de três décadas que nasceu a vontade de percorrer os caminhos da viola nordestina e registrá-los em um trabalho assinado por ele. Em Nordeste na Palma da Mão, produzido em parceria com David Yowell e gravado e mixado no estúdio Sultan Sound, o artista estreitou ainda mais sua conexão com o instrumento.“O que impulsiona é estar produzindo, soltando mais um trabalho no mercado fonográfico. Mas, o mote mesmo é esse estudo de anos que eu tenho com as violas. Das afinações, tradições, formas de se tocar. É isso que motiva o disco: eu registrar a minha forma de tocar”, conta.De forma a captar as diferentes sonoridades da viola Brasil afora, ele utiliza afinações distintas no disco: cebolão, rio abaixo e rio acima – principais afinações do instrumento –, além das violas machete e a viola dinâmica. “É uma espécie de pesquisa e o reflexo da minha jornada com as violas brasileiras. Eu separo em cinco momentos, cada um dedicado a um instrumento desses, uma afinação dessas. E cada afinação transporta para um universo sonoro, eu sinto que cada instrumento leva para um momento diferente assim neste trabalho. Tem sempre um tema, uma composição e um ponteio, que é uma espécie de expressão da viola nordestina”, explica.Todos os temas do álbum são de autoria própria, com exceção de um, por um motivo mais que simbólico: homenagear Kléber Aguiar, músico baiano que faleceu em 2023 e um estimado amigo de Julio. “Ele era um amigo músico muito, muito querido, conhecido na cena musical de Salvador. Ele fez a passagem recentemente e tem um tema no disco, o único tema de outra pessoa, que coloquei com muito carinho”, conta.Lançamento do álbum ‘Nordeste na Palma da Mão’, Julio Caldas / Amanhã, 18h / Ponto de Cultura Jazz Na Avenida (Av. Simon Bolívar, 156, Armação – Boca do Rio – entre o Boi Preto e a Caixa Econômica) / Ingresso: um quilo de alimento não perecível ou PIX solidário*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Júlio Caldas leva show do ‘Nordeste na Palma da Mão’ ao Jazz na Avenida
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