Mãe agredida por filho autista pede socorro para tratar garoto em Catu

Há anos, a dona de casa Josiana de Jesus dos Santos, 42 anos, diz que busca incansavelmente atendimento especializado para o filho, José Carlos de Jesus dos santos, de 11 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 de suporte e não verbal, no município de Catu, na Região Metropolitana de Salvador.Ela conta que, para não deixar o filho sem acompanhamento médico, paga, com muita dificuldade, um plano de saúde para a criança ser atendida em uma clínica particular em Alagoinhas, cidade vizinha a Catu. “Aqui em Catu, ele não tem acompanhamento nenhum. Acho que foi no passado que teve umas sessões [com psiquiatra] lá no NAM [Núcleo de Atendimento Multiprofissional], mas só são dez ou doze e depois encerra. Não tem acompanhamento com nada, não. Eu levo ele para Alagoinhas por causa do plano de saúde. Lá também é uma luta, não tem outras coisas. Mas, aqui não tem acompanhamento de nada, não. Normalmente, para psiquiatra, quando tem consulta”, explicou a mulher.Sem saber mais a quem recorrer e por não aguentar mais ser agredida fisicamente pelo filho, Josiana decidiu procurar o Portal A TARDE para pedir ajuda. Desde de setembro do ano passado, José vem tendo constantes crises agressivas.”Ele não dava crise, quando era pequeno, não. Veio dar crise agora, de setembro para cá, do finalzinho do ano passado para cá. Ele ficava assim agitado e tudo, mas não dava crise. Não era agressivo desse jeito, não. Agora, o que todo mundo está estranhando é isso. Ele nunca foi uma criança agressiva, agora que ele tá assim”, desabafou a mulher, revelando que, no último domingo, 13, durante outra crise, além de quebrar alguns móveis da casa, o menino chegou a mordê-la.Assista ao vídeo:

“Domingo, ele deu uma ruim. Os vizinhos que abriram a porta para me acudir, levaram para a emergência, tomou injeção e mandou para casa. Corro atrás de consulta, não acho. Minha irmã ligou para o CAPS [Centro de Atenção Psicossocial], mandou a gente ir lá hoje, quando cheguei lá, disseram que não atendia criança. Ficamos muito tempo esperando, teve outra crise e levaram para o hospital. Deram outra injeção e mandou para casa”, concluiu ela.

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José não é a única criança que não está tendo assistência médica em Catu. O filho da técnica de enfermagem Amanda Larlei, Iarley do Rosário Arão, de 14 anos, que também tem autismo nível 1 de suporte, não vem recebendo acompanhamento especializado e, assim com José, em tendo crises agressivas.”Ele está muito agressivo também, vem para cima de mim pra me bater. Sempre corro atrás da neuropediatra e não consigo achar aqui em Catu. Para nós, que precisamos do SUS [Sistema Único de Saúde] é muito complicado, viu? Só Deus para nos ajudar”, lamentou a mãe.A ex-funcionária pública Cintia Esteves, mãe de Anthony Esteves, 8 anos, autista nível 1 de suporte com altas habilidades, é criadora do Grupo de Mães Atípicas de Catu (GMAC). Ela contou que, desde que o garoto tinha 2 anos e 8 meses, precisa levá-lo para fazer terapia em Alagoinhas. “A primeira vez que precisei passar pela neuropediatra da cidade, acionar o Ministério Público. Das outras vezes, não tive mais tanta dificuldade porque sempre ameaçava de acionar novamente. Foi devido a essas negativas e dificuldades de acessar os direitos de meu filho que me tornei militante da causa e criei o GMAC”, explicou Cintia.”Na verdade, o município hoje, a gente tem apenas um neuropediatra psiquiátrico para atender todas as crianças da cidade, no qual a fila está gigantesca. No caso, cada criança teria que ter um retorno a cada três meses. Eu mesmo tenho mais de um ano que não consigo uma vaga aqui. A gente só consegue vaga quando é indicado por alguém, algum funcionário, algum vereador, coisa do tipo”, finalizou a mãe. A reportagem procurou a secretária de saúde de Catu, Jaqueline Vaz, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.

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