“Domingo, ele deu uma ruim. Os vizinhos que abriram a porta para me acudir, levaram para a emergência, tomou injeção e mandou para casa. Corro atrás de consulta, não acho. Minha irmã ligou para o CAPS [Centro de Atenção Psicossocial], mandou a gente ir lá hoje, quando cheguei lá, disseram que não atendia criança. Ficamos muito tempo esperando, teve outra crise e levaram para o hospital. Deram outra injeção e mandou para casa”, concluiu ela.
Leia Também:
Idoso de 78 anos morre após ser pisoteado por vaca em fazenda na Bahia
Laudo de garoto que injetou restos de borboleta não aponta causa da morte
Loteamento clandestino com construções ilegais é desocupado em Maraú
José não é a única criança que não está tendo assistência médica em Catu. O filho da técnica de enfermagem Amanda Larlei, Iarley do Rosário Arão, de 14 anos, que também tem autismo nível 1 de suporte, não vem recebendo acompanhamento especializado e, assim com José, em tendo crises agressivas.”Ele está muito agressivo também, vem para cima de mim pra me bater. Sempre corro atrás da neuropediatra e não consigo achar aqui em Catu. Para nós, que precisamos do SUS [Sistema Único de Saúde] é muito complicado, viu? Só Deus para nos ajudar”, lamentou a mãe.A ex-funcionária pública Cintia Esteves, mãe de Anthony Esteves, 8 anos, autista nível 1 de suporte com altas habilidades, é criadora do Grupo de Mães Atípicas de Catu (GMAC). Ela contou que, desde que o garoto tinha 2 anos e 8 meses, precisa levá-lo para fazer terapia em Alagoinhas. “A primeira vez que precisei passar pela neuropediatra da cidade, acionar o Ministério Público. Das outras vezes, não tive mais tanta dificuldade porque sempre ameaçava de acionar novamente. Foi devido a essas negativas e dificuldades de acessar os direitos de meu filho que me tornei militante da causa e criei o GMAC”, explicou Cintia.”Na verdade, o município hoje, a gente tem apenas um neuropediatra psiquiátrico para atender todas as crianças da cidade, no qual a fila está gigantesca. No caso, cada criança teria que ter um retorno a cada três meses. Eu mesmo tenho mais de um ano que não consigo uma vaga aqui. A gente só consegue vaga quando é indicado por alguém, algum funcionário, algum vereador, coisa do tipo”, finalizou a mãe. A reportagem procurou a secretária de saúde de Catu, Jaqueline Vaz, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.