Dener Emanuel Carvalho da Silva, marabaense criado nas ruas do bairro Novo Horizonte, no núcleo Cidade Nova, há sete anos decidiu trocar o jaleco branco de fisioterapeuta pelo brilho do palco ao investir em sua carreira como artista, cantor e dançarino.
Ao perceber que as fronteiras de Marabá não seriam suficientes para comportar seus sonhos, Dener Manu, como é conhecido artisticamente, alçou voo e pousou em um dos solos artísticos mais frutíferos do Brasil: a cidade de São Paulo.
Em entrevista ao Correio de Carajás, Dener compartilha detalhes de sua trajetória no mundo da arte e fala sobre o sonho de se tornar um dos maiores da performance musical no Brasil.
Artista independente que valoriza sua liberdade criativa, Dener Manu lançou recentemente a música – e o clipe – ‘Rei da Catiorada’, trabalhos que refletem sua busca pelo empoderamento e autenticidade artística.
Correio de Carajás – Em que momento a dança e a arte entraram na sua vida?
Dener Manu – Desde criança. Sempre tive uma veia artística muito forte e era considerado o artista da família. Na escola, eu era o aluno que participava de todos os eventos com apresentações de dança. Procurava qualquer oportunidade para cantar. Também fazia ilustrações nos livros escolares. Tudo que envolvia arte me atraía.
Com 17 anos, criei um grupo de dança e me apresentei em várias escolas de Marabá. Aos 18, entrei para uma igreja evangélica, onde fiquei até os 25. Durante esse tempo, tive uma banda de rock pop gospel e fiz muitos shows fora da cidade, até em outros estados. Chegou um momento em que minha música tocava em diversas regiões do Brasil. Foi um período de grande amadurecimento artístico e onde aprendi tudo o que sei hoje.
Correio – Como foi a decisão de sair de Marabá e investir em uma carreira fora do Pará?
Dener Manu – Em 2018, tive um clique e pensei: “Ok, sou formado em fisioterapia, mas quando é que vou ter minha própria clínica? Vou ganhar dinheiro, mas… e o meu sonho de ser artista? O que faço com ele?” Foi aí que decidi sair de Marabá e vir para São Paulo. Eu sabia que aqui as coisas poderiam acontecer de verdade. E foi nesse cenário que iniciei meu processo artístico com mais foco na música.

Correio – Como você avalia o momento atual da sua carreira?
Dener Manu – Acredito que vivo a melhor fase da minha trajetória. Me sinto livre para me expressar da forma como realmente sou, sem medo, sem amarras. Em 2020, tive um empresário que cuidou da minha carreira, e sou muito grato a ele. Foi nessa época que lancei música pela Kondzilla, o maior canal musical do mundo, e cheguei a tocar no Carnaval. Mas, artisticamente, me sentia limitado. Não era eu por completo. Após romper com esse empresário, recuperei minha liberdade criativa. Hoje sou um artista independente e, sinceramente, nunca me senti tão à vontade.
Correio – Recentemente você lançou uma nova música. Do que ela fala?
Dener Manu – No dia 10, lancei minha nova faixa de trabalho, “Rei da Catiorada”, e no dia 12, publiquei o videoclipe no meu canal. Essa música, junto ao clipe, são os projetos mais significativos da minha carreira até agora. Representam meu estado de espírito: ser livre para criar como quiser. A música fala sobre autoconfiança. Não importa se as pessoas te acham feio, sem graça, apagado. Ela transmite a mensagem de olhar para o espelho e dizer: “Eu sou foda, sou bonito, sou gostoso, e não me importo com o que pensam de mim.”
Correio – Quais são seus objetivos daqui pra frente?
Dener Manu – Com esse lançamento, quero entrar em uma grande gravadora como a Sony Music ou Warner, ser contratado e, ainda assim, manter minha liberdade criativa. Quero iniciar um novo e mais sólido ciclo na minha carreira. Tenho o desejo de ser um dos maiores artistas do Brasil, especialmente entre os cantores de performance. Sinto falta disso no cenário atual: de homens que performam. E acredito muito no meu potencial. Quero ser motivo de orgulho para minha cidade e para o estado do Pará, que amo profundamente.
Correio – Como você vê o cenário artístico de Marabá e as oportunidades para os artistas locais?
Dener Manu – Marabá, assim como outras cidades do Pará, é riquíssima em manifestações artísticas. Seja na música, na dança, na culinária ou mesmo na pesca, temos talentos incríveis. Mas sinto que ainda é um lugar com poucas aberturas para fusões e estilos diferentes. Talvez por estarmos longe do eixo Rio-São Paulo, acabamos ficando meio à margem. A cidade precisa investir mais em arte, criar campeonatos, eventos, trazer profissionais do Sudeste para intercâmbio cultural. Fora isso, é uma terra maravilhosa, que carrego comigo com muito carinho.
(Luciana Araújo)
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