
Fiscalização do Ibama e do Ministério Público foi realizada nessa terça-feira (15), após o registro de 14 pessoas ficaram feridas após acidentes com peixes no lago artificial. Ibama e MP fiscalizam atrativo após 14 acidentes com peixes a turistas em Bonito
Espécies de peixes possivelmente responsáveis pelos acidentes de 14 banhistas no balneário Praia da Figueira, localizado a 20km do centro de Bonito, ameaçam a biodiversidade de um dos principais destinos de ecoturismo do mundo. A análise é do biólogo especialista em ictiologia e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), José Sabino. Veja o vídeo acima.
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“Os peixes de outras bacias podem causar danos à biodiversidade de um modo geral, no caso específico do Tambaqui ou do Pacu, são peixes que se alimentam, além de frutos, também de plantas. A biodiversidade de Bonito pode estar ameaçada. Uma das coisas mais bonitas da região de Bonito, mais incríveis, mais únicas, são os jardins submersos, e a possível presença deles nessa região afeta tudo, incidentes com turistas, mudança na vegetação e disputa com outras espécies”, esclarece o especialista.
Após os ataques, equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério Público realizaram fiscalização no balneário, que tem uma lagoa artificial. Nesta quarta-feira (16), os agentes voltaram ao balneário para tentar capturar os peixes e fazer análise das espécies.
Peixes responsáveis pelas mordidas
Banhista foi mordido por peixe em atrativo de Bonito em 2023.
Arquivo pessoal
Segundo a analista ambiental do Ibama Fabiane Souza, duas espécies da bacia amazônica ou uma espécie local podem ser as responsáveis pelas mordidas: o tambaqui, tambacu ou até mesmo o pacu.
“A gente precisa saber de onde esses animais vieram, a origem deles, para poder saber então como que isso aconteceu, como eles foram introduzidos aqui. As espécies podem causar uma série de impactos no ecossistema local, na biodiversidade, que são espécies que competem com espécies locais por alimentação”.
Caso seja constatada a presença de espécies exóticas, os donos do atrativo podem sofrer processo administrativo, autuação e ordem para retirada dos peixes. O laudo do Ibama deve ser publicado em 20 dias.
O atrativo chegou a ser interditado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) em março deste ano após visitantes serem atacados. No último dia 10, o órgão estadual liberou o uso parcial da lagoa artificial do atrativo, após a instalação de uma grade de contenção para impedir o acesso dos peixes “de médio e grande porte à área destinada ao banho, bar molhado e tirolesa”.
Fiscalização continua
No primeiro dia de fiscalização, os agentes usaram drones e chegaram a mergulhar no lago artificial. Nesta quarta-feira (16), a ação continua no balneário e a partir dos materiais colhidos, a equipe vai produzir um laudo técnico, com o detalhamento das espécies envlvidas nos incidentes registrados, bem como a explicação de onde os peixes vieram.
O gerente do atrativo, Alex Kossmann, negou que tenham introduzido peixes exóticos na região. O funcionário alega que os acidentes registrados estão relacionados, principalmente, ao comportamento dos turistas que não respeitam as regras de segurança e alimentam os peixes, o que é proibido.
“Aconteceram 14 casos de mordidas e na maioria dos casos o próprio cliente relatou que estava dando alguma comida para o peixe, o que é proibido. Hoje a gente tem placas instruindo, entregamos panfleto na entrada com várias regras, uma delas é de não alimentar os peixes, mas que acaba ocorrendo situações do cliente querer tirar uma foto”.
O profissional detalha que no período de três meses, o espaço recebeu mais de 26 mil turistas.
Atrativo Praia da Figueira fica localizado na zona rural de Bonito (MS)
Thais Libni
Passeio pelo rio Formoso é um dos serviços vendidos pela Praia da Figueira.
Praia da Figueira/Reprodução
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