O direito à educação de qualidade começa com a valorização dos profissionais que a constroem todos os dias. Em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, os professores da rede municipal decidiram entrar em estado de greve, reivindicando não apenas o cumprimento da lei, mas também respeito e melhores condições de trabalho. O estopim foi o descumprimento, por parte da Prefeitura, do reajuste de 6,27% do piso nacional do magistério, em vigor desde janeiro de 2025.A proposta apresentada até agora pela gestão municipal, comandada pelo prefeito Daniel Santos, foi considerada insuficiente diante das perdas salariais acumuladas desde 2019. A categoria, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sintepp-Ananindeua), pede o pagamento do reajuste nacional, um acréscimo de 40% para repor os prejuízos dos últimos anos, além de melhorias urgentes nas condições de trabalho nas escolas.CONTEÚDOS RELACIONADOSAtraso na entrega de escola em Ananindeua: população cobra Daniel por abandonoCrianças estão sem aula há três meses em escola de AnanindeuaMães denunciam descaso no atendimento do CAPSi de AnanindeuaNegociações emperradas e rejeição da proposta da PrefeituraDesde o início do ano, o Sintepp tem tentado dialogar com a Prefeitura para garantir o reajuste de 6,27% previsto pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo o coordenador geral do sindicato, Antônio Seabra, a atual gestão já acumula um histórico de manobras para evitar a aplicação integral dos reajustes. Em 2022, por exemplo, enquanto o governo estadual aplicou os 33% do aumento nacional, a Prefeitura de Ananindeua modificou a tabela de vencimentos para não pagar o piso corretamente. “Antes, recebíamos o piso mais 30%. Hoje, a proposta da Prefeitura é de apenas 3,11% acima do piso, o que não cobre nossas perdas”, criticou Seabra.Na semana passada, a administração municipal apresentou uma proposta que incluía apenas o reajuste obrigatório, sem atender às demais demandas da categoria. Após rejeição unânime em assembleia, uma nova proposta foi apresentada na segunda-feira (7): um reajuste de 3,11% acima do piso e aumento de R$ 100 no vale-alimentação, que passaria de R$ 600 para R$ 700. Para os demais servidores das escolas, o reajuste sugerido foi de 7,51%.Quer mais notícias locais? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.Além do salário: estrutura precária e falta de profissionaisA pauta da categoria vai além do salário. Os professores exigem valorização profissional — como a gratificação por formação de nível superior, já praticada em outros municípios — e melhores condições de trabalho. Entre os problemas citados estão a falta de infraestrutura adequada nas escolas, muitas delas funcionando em prédios alugados sem ventilação, iluminação ou manutenção básicas.Também é urgente a contratação de profissionais essenciais, como secretários escolares, merendeiras, porteiros, vigilantes e acompanhantes especializados para alunos com deficiência (PCD).Ato de mobilização será no dia 23 de abrilA mobilização da categoria ganhará força no próximo dia 23 de abril, data em que será realizado um grande ato público em frente à sede da Prefeitura de Ananindeua, a partir das 9h. O dia marca o Dia Nacional de Luta pela Educação e pode ser decisivo para o avanço das negociações. Caso não haja sinal de progresso por parte da gestão municipal, os professores não descartam o início de uma greve por tempo indeterminado.ConvocaçãoO Sintepp convoca todos os professores, trabalhadores da educação e apoiadores da causa a se unirem nessa luta por respeito, valorização e dignidade profissional. A concentração será no dia 23 de abril, às 9h, em frente à Prefeitura de Ananindeua.
Professores de Ananindeua entram em greve por reajuste salarial
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