Um dos soldados chineses capturados lutando pela Rússia na guerra na Ucrânia disse ter sido inspirado a se juntar às forças russas após assistir a vídeos de propaganda da guerra no TikTok.
Apresentado a repórteres na segunda-feira (14/4), Wang Guangjun, de 34 anos, disse que era um fisioterapeuta que sonhava com a grandeza de se juntar aos soldados russos “chamativos e descolados” que estavam invadindo a Ucrânia, informou o “Business Insider”.
“Quando você está na China e não tem chance de ser soldado, e vê esse tipo de oportunidade, você sente uma comoção no coração. E eu vim desse tipo de motivação”, afimrou ele.
Depois de perder o emprego no verão passado, Wang disse que caiu numa armadilha de vídeos pró-Rússia no TikTok, com um deles anunciando uma vaga para fisioterapeuta nas Forças Armadas para ajudar soldados feridos que retornavam da guerra.
Wang enfatizou que o cargo lhe prometia apenas um papel de apoio nas Forças Armadas, e não o de um combatente ativo, com um recrutador russo garantindo que ele ganharia de US$ 2.000 (cerca de R$ 12 mil) a US$ 3.000 (R$ 18 mil) por mês.
Em vez disso, Wang alegou que perdeu toda a autonomia ao chegar a Moscou no início deste ano. O chinês relatou que teve o cartão bancário e o telefone confiscados e foi levado para um campo de treinamento, onde permaneceu por alguns dias.
Em fevereiro, Wang foi enviado para regiões fronteiriças, sendo destacado para lutar por Moscou na região de Donetsk (Ucrânia), onde foi capturado pelas forças de Kiev em 4 de abril.
Wang, que não tinha experiência em combate, lamentou que “a guerra real é completamente diferente do que vemos em filmes e na TV”.
Zhang Renbo, o outro cidadão chinês, também alegou ter sido enganado para lutar pela Rússia. O bombeiro de Xangai disse que buscava “ganhar um dinheirinho” durante as férias e aceitou um emprego na construção civil, contratado pelo governo, apenas para descobrir que a obra ficava na zona de guerra ativa.
Zhang, no entanto, optou pelo emprego por acreditar na “amizade” entre Pequim e Moscou, sempre promovida pela mídia estatal chinesa.
Em vez disso, o cidadão chinês foi enviado para Donetsk, onde passou quase todo o mês de março nas trincheiras até que ele e Wang receberam ordens de ir para a linha de frente, onde foram posteriormente capturados.
Kiev estima que mais de 150 cidadãos chineses estejam lutando pelas forças armadas russas.