
Funcionário responsável pelos assuntos de Hong Kong disse que as tarifas dos EUA vão acabar com a vida do país. O Vice-presidente dos EUA já havia chamado os chineses de camponeses, o que gerou críticas em Pequim. Um funcionário do alto escalão do governo chinês em Hong Kong chamou os americanos de camponeses em um discurso televisionado nesta terça-feira (15). A informação é da agência de notícias Reuters.
“Que aqueles camponeses dos eua lamentem diante dos 5.000 anos de civilização chinesa”, afirmou.
Xia Baolongo, que tem o cargo de diretor dos assuntos de Hong Kong e Macau, ainda disse que o tarifaço vai “tirar a vida de Hong Kong”.
“Tarifa de 145% sobre Hong Kong é brutalmente irracional e extremamente vergonhosa”, continuou.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, já havia se referido ao governo chinês como “camponeses” durante uma entrevista à rede de TV norte-americana Fox News. O termo irritou Pequim, que reagiu e chamou a fala de “ignorante e desrespeitosa”.
“Nós pegamos dinheiro emprestado de camponeses chineses para comprar as coisas que esses camponeses chineses fabricam”, declarou Vance.
Em reação, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, chamou a atitude de Vance de “surpreendente e triste”.
“A posição da China sobre as relações comerciais entre China e Estados Unidos foi deixada muito clara. É surpreendente e triste ouvir comentários tão ignorantes e desrespeitosos deste vice-presidente”, disse Lin Jian , durante o briefing diário de notícias.
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A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na semana passada, após o anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente americano, Donald Trump.
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países.
A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao “tarifaço”, o governo chinês impôs, na sexta passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram retaliar a retaliação e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até as 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou, na quarta, que estava preparada para “revidar até o fim”.
Cumprindo a promessa de Trump, a Casa Branca confirmou a elevação em mais 50% das tarifas sobre os produtos chineses na tarde de quarta. O presidente americano disse, porém, que acreditava que a China chegaria a um acordo com os EUA para evitar mais tarifas.
A resposta chinesa veio em partes desde o início da madrugada desta quinta.
Primeiro, o país asiático divulgou um documento sobre as suas relações comerciais e econômicas com os EUA, reiterando que vai seguir com as retaliações.
Um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais da China disse que o país está disposto a negociar para evitar a intensificação da guerra tarifária, mas afirmou que “se os EUA realmente quiserem resolver o problema por meio do diálogo e da negociação, devem adotar uma postura de igualdade, respeito e benefício mútuo”.
“Os Estados Unidos continuam abusando das tarifas para pressionar a China. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação”, afirmou.
Mais tarde, a China expressou à Organização Mundial do Comércio (OMC) que tem “profunda preocupação” com a situação com os EUA e que a decisão americana de impor tarifas recíprocas a Pequim ameaça desestabilizar ainda mais o comércio global.
“A situação se agravou perigosamente. …Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente”, afirmou a China em um comunicado à OMC, que a agência de notícia Reuters teve acesso.
Logo depois, o governo chinês anunciou o aumento das tarifas cobradas sobre os EUA.
Neste domingo (13), a China havia pedido que os EUA eliminassem completamente suas tarifas recíprocas.
Em um comunicado oficial, o Ministério do Comércio chinês comentou a decisão anunciada pelo governo Donald Trump na sexta (11), de isentar celulares, computadores e outros produtos eletrônicos das tarifas. Afirmou que foi um “pequeno passo” e que a China estava “avaliando o impacto” dela.
“Instamos os Estados Unidos (…) a tomarem medidas importantes para corrigir seus erros, eliminar completamente a prática errônea de tarifas recíprocas e voltar ao caminho certo do respeito mútuo”, disse o porta-voz do ministério no texto.
As isenções beneficiarão empresas de tecnologia dos EUA, como Nvidia e Dell, assim como a Apple, que fabrica iPhones e outros produtos de ponta na China.
A maioria dos produtos chineses ainda enfrenta uma tarifa geral de 145% para entrar nos Estados Unidos.