As autoridades policiais estão em contato com a mãe de Ana Beatriz Silva de Oliveira, menina desaparecida em Novo Lino, no interior alagoano, desde a sexta-feira (11) passada, quando a criança foi dada como sequestrada. No entanto, este tipo de crime já foi descartado devido às mudanças constantes nos depoimentos da mulher. Em três dias, cinco versões foram dadas para o sumiço da filha. A polícia, porém, não tratou Eduarda Silva de Oliveira como suspeita.
O delegado João Marcello, da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), da Polícia Civil de Alagoas, contou que a primeira versão, no dia do desaparecimento, foi a de que quatro criminosos com arma de fogo, em um carro de cor preta, tomaram a bebê à força, enquanto Eduarda estava com ela no colo em um ponto de ônibus na BR-101.
A mãe de Ana Beatriz disse que saiu de casa naquele dia, pois tinha o intuito de levar a criança para a residência da sogra. Ela detalhou que o carro, que seria um Classic, estava em baixa velocidade e o motorista parou perto dela. As quatro pessoas armadas então exigiram a bebê. Logo depois, ela afirmou para as autoridades que a filha havia sido sequestrada.
Depoimentos de testemunhas confrontaram versão
Quatro testemunhas que estavam do outro lado da pista, durante a manhã do dia 11 de abril, foram ouvidas pela polícia e negaram a presença de um veículo com a característica relatada por Eduarda, assim como o momento da criança no colo da mãe. “Elas viram que a mãe saiu da casa dela, e foi para a casa da vizinha, sem a bebê, e não existiu nenhum carro”, afirmou João Marcello.
Depois de ser confrontada, com o depoimento das testemunhas, Eduarda voltou atrás e disse que não existiram quatro pessoas, e sim, duas, e que estavam a pé. Já na terceira versão, a mãe de Ana Beatriz contou que os supostos criminosos usaram uma faca, diferente da arma de fogo relatada antes. A polícia continuou a questioná-la, e Eduarda, pela quarta vez, mudou o depoimento e declarou que os supostos sequestradores estavam desarmados.
Nova versão envolveu invasão de casa e abuso sexual
Após inconsistências, a mulher trouxe uma nova situação. Mas, neste depoimento, Eduarda não citou a ida para o ponto de ônibus, nem que o suposto rapto ocorreu à luz do dia. Na quinta versão, ela contou que dois homens encapuzados, e com luvas nas mãos, invadiram a casa, que estaria com o portão aberto, abusaram sexualmente dela e depois levaram Ana Beatriz.
A polícia ouviu vizinhos próximos, e nenhum depôs sobre barulhos estranhos durante a madrugada do dia 11, que pudessem levar ao entendimento de que a mulher gritou por socorro tanto durante a suposta invasão e abuso, quanto depois do suposto sequestro.
Linhas de investigação
Diante da situação, a polícia tem duas linhas de investigação: um ponto trabalhado é de que a recém-nascida ainda esteja viva e o outro é a hipótese de que a neném faleceu, e neste caso, ainda é preciso esclarecer questões como a localização do corpo e posteriormente a motivação e autoria.
Medicamentos, pós-parto e possibilidade de depressão
Ao término do quarto dia de buscas, nesta segunda (14), Eduarda passou mal em casa e precisou ser amparada pela família. Ela deixou a residência em ambulância para ser atendida, depois de passar horas acompanhando a operação policial que buscava localizar a criança ao redor do imóvel.
A defesa de Eduarda destacou que ela estaria passando por período difícil pós-parto e pode a qualquer momento ter indício de depressão. O advogado José Weliton, que a representa, também reforçou que ela está colaborando com a investigação, mas a cliente sustenta que Ana Beatriz foi raptada.
Bebê estaria doente antes de desaparecer
O delegado Igor Diego também explicou que Ana Beatriz sofria de cólicas nos dias anteriores ao desaparecimento, e não foi mais vista por pessoas próximas da mãe já na quinta-feira. Eduarda teria pedido ajuda aos vizinhos.
“Nós verificamos que a criança, da quarta para quinta, não conseguiu dormir por estar com cólicas, com barriga inchada. A mãe ficou pedindo ajuda de remédio para ser dado a Ana Beatriz. Ela deu um medicamento para a menina, mas não deu retorno a essas pessoas se a menina tinha melhorada. Ela disse que a menina chorava ininterruptamente e estava bem preocupada com a situação”, disse.
Buscas continuam
O Corpo de Bombeiros informou que vai continuar com as buscas nesta terça-feira, 15. As equipes contaram com o auxílio de cães farejadores nesta tarde, mas nada foi encontrado perto da casa da família.
Os policiais também seguem em diligências na cidade de Novo Lino e a expectativa é de que o desfecho do caso seja informado em breve.