Experiente na cena local, Yacoce Simões mostra trabalho solo em show

Com composições que passeiam pelo ijexá, frevo e baião, influências do jazz e da MPB, o músico Yacoce Simões vai apresenta hoje o show Memórias e Afetos, no Cineteatro 2 de Julho. A apresentação é uma comemoração dos 35 anos de carreira do artista e será a primeira gravação audiovisual do seu álbum instrumental solo.No palco, Yacoce vai se apresentar ao piano, acompanhado por um trio com bateria, baixo acústico e percussão, além da participação especial da cantora Ana Mametto. O show e o repertório foram pensados ao longo dos anos, e o musicista comentou que escolheu o nome Memórias e Afetos justamente porque gostaria de levar isso ao público.“É um repertório que vem de canções que eu já tinha e outras que nasceram no último ano […] Fiz questão de colocar o nome Memórias e Afetos justamente porque é isso que quero traduzir na minha música. São memórias, não só familiares e pessoais, que permeiam o show, mas também as dos mestres da música com quem tive a oportunidade de aprender, conviver e crescer artisticamente”, comentou.O passeio pelos diferentes gêneros musicais que dão forma às canções do espetáculo é um reflexo da formação de Yacoce. Graduado em Licenciatura em Música pela Universidade Federal da Bahia, ele já atuou como multi-instrumentista, arranjador e diretor produtor musical. Os aprendizados dessa trajetória estão no seu repertório. “Cada canção traz um pouco dessa relação de afetividade – não apenas com a música, mas também com as pessoas, os lugares que frequentei, a estrada. Tenho um afeto muito grande pela estrada, pelos shows, pelas viagens que a música me proporcionou. E estou tentando traduzir tudo isso ao máximo dentro do espetáculo”.“Essas influências são muito claras para mim. Costumo dizer que tive duas universidades: a Federal da Bahia, que me deu a base da música erudita, e a “universidade da música do trio elétrico”, que me deu a oportunidade de conviver com muitos mestres da música baiana e ser diretamente influenciado por eles”, acrescentou.Ele destaca que, embora sua trajetória como artista solo tenha ganhado força apenas nos últimos anos, essa construção foi feita de forma gradual, dialogando com toda a experiência acumulada nos bastidores. “Costumo dizer que a estrela desse show não é necessariamente o artista, mas sim a obra dele – as minhas músicas, nas quais traduzo o significado desses 35 anos de carreira”.A música instrumentalUm dos propósitos do projeto, além de comemorar seus 35 anos de carreira, é dar destaque a música instrumental soteropolitana. Embora algumas pessoas possam considerar que esse cenário não seja muito abrangente na cidade, Yacoce discorda. “Ao contrário do que muitos dizem, acho o universo da música instrumental baiana muito fértil. Se analisarmos de forma mais ampla, e não apenas localmente, surgiram grandes projetos como a Orquestra Rumpilezz, do maestro Letieres Leite, o projeto NEOJIBA, de Ricardo Castro. A Osba também tem crescido muito e o Maestro Bira, com a Orquestra Afrosinfônica. São movimentos com uma convergência social muito significativa”, comentou.Ana Mametto, parceira de Yacoce na vida pessoal e profissional, concordou com ele e reforçou que vê esses projetos como uma possibilidade de transformação para esta cena. “A música instrumental é um dos pilares mais potentes para traduzir sentimentos e sensibilidades. É uma linguagem que exige estudo, entrega e muita emoção e é justamente isso que me motiva. Ainda enfrentamos certa limitação de espaços dedicados a esse tipo de música, mas sinto que estamos vivendo um momento de transformação. Iniciativas que nascem ‘de dentro de casa’, têm um papel importante nesse processo, porque fortalecem a cena e inspiram outros artistas a mostrarem seus trabalhos”, disse Ana.No show, Ana ficou encarregada de dar voz à única canção com letra, composta especialmente para ela cantar. “A carreira dela está intimamente ligada ao meu fazer artístico. Nada mais natural que ela, como parte importante desse processo, faça parte da construção do show. E não só no sentido de memória e afeto, mas também no artístico”.Para Yacoce, a realização de um espetáculo como Memórias e Afetos está diretamente ligada à possibilidade de viver da arte com dignidade. Mais do que alcançar o sucesso, o que o move é o prazer cotidiano da criação musical e da partilha com o público. “O que me move e inspira é o ato de fazer. É a oportunidade de viver o dia a dia da música e da arte. Muita gente busca o sucesso, mas eu acredito que, para nós, que somos profissionais da arte e da música, o verdadeiro sucesso é poder viver disso dignamente. Minha realização não está no fim da estrada, mas no durante”, pontuou.Além do espetáculo de sábado, Yacoce planeja dar continuidade às celebrações dos 35 anos de carreira com o lançamento de versões de estúdio das músicas nas plataformas digitais, além do registro audiovisual ao vivo do show.Ele também segue em atividade com outros projetos, como o Retocando Gil e Caetano, ao lado de Armandinho Macêdo e Marco Lobo.Yacoce Simões: ‘Memórias e Afetos’ / Hoje, 20h / Cineteatro 2 de Julho / R$ 40 e R$ 20 / Vendas: Sympla*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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