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Na quarta-feira, 9, foi a vez do biólogo Júnior Sanches apresentar o minicurso “Carcinicultura e Piscicultura como alternativas para o semiárido” para um grupo de mais de 80 gestores municipais.Em sua explanação inicial, Sanches contextualizou a realidade da Bahia, que tem dois terços de seu território baiano no semiárido. O biólogo alertou para a necessidade de uma avaliação prévia por parte dos gestores das condições físico-químicas dos ambientes aquáticos. Muitas vezes, o investimento necessário para alcançar o equilíbrio iônico da água — que é indispensável para o cultivo de camarões — torna o custo do produto inviável.“A depender da dosagem de carbonatos que precisaremos utilizar para alcançar parâmetros mínimos para o camarão fazer as trocas da carapaça e se desenvolver, não tem viabilidade econômica. Mas nem tudo está perdido, porque essa mesma água que não serve para criar camarão pode servir para o cultivo de tilápias”, ponderou.Sanches revelou ainda que em Riachão do Jacuípe, um projeto piloto desenvolvido pela Bahia Pesca e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente está iniciando o cultivo consorciado de tilápia e camarão.“Fizemos alguns testes e agora vamos introduzir primeiro o camarão e depois a tilápia, com intervalo mínimo de um mês. Esse sistema é vantajoso, porque, em dado momento, a gente pode suspender a ração do camarão, que é detritívoro, e vai passar a se alimentar das fezes da tilápia, ajudando a limpar o fundo do tanque”, explicou. “E, embora as tilápias sejam seres onívoros, não vão comer os camarões, desde que estejam sendo alimentadas com a quantidade correta de ração”, completou.
Explanação do biólogo Júnior Sanches na Feagri 2025
| Foto: Victor Mascarenhas | Seagri
Júnior Sanches observou que os gestores municipais interessados no desenvolvimento da piscicultura de seus municípios devem estar atentos aos parâmetros de salinidade e disponibilidade da água, vazão, níveis de argila no solo, profundidade das barragens e declividade dos viveiros escavados. São esses critérios que, uma vez observados, irão determinar se o investimento feito vai ser capaz de se transformar em uma fonte de segurança alimentar e de geração de renda para a comunidade.“A Bahia Pesca conta com o apoio dos gestores municipais para fazer essa triagem, porque ninguém consegue fazer nada sozinho. Vocês conhecem as comunidades e nós temos a expertise técnica. Juntos podemos transformar a realidade”, concluiu.RepercussãoPara o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Cruz das Almas, Lerciano Oliveira, o minicurso foi uma oportunidade para alavancar o desenvolvimento da piscicultura no município.“É um prazer estar participando deste fórum. A Bahia Pesca realizou uma palestra belíssima a respeito da aquicultura e nós, de Cruz das Almas, pretendemos buscar este apoio para desenvolver a aquicultura, que em nosso município ainda é uma atividade pequena, mas crescente”, garantiu.Tamiris Castro, técnica do Serviço de Inspeção Municipal do Consórcio Intermunicipal do Piemonte da Diamantina, exaltou a nova oportunidade de poder levar aos oito municípios consorciados mais projetos de aquicultura da Bahia Pesca.
Ananda Santiago e Paula Tupinambá foram alunas no mini-curso da Bahia Pesca durante a Feagri
| Foto: Aurélio Nunes | Bahia Pesca
“Já contamos com uma parceria consolidada, com o piloto do projeto Camarão no Semiárido em Miguel Calmon e uma edição do Workshop Construindo Redes realizada em Jacobina”, lembrou Tamiris.Para a líder comunitária Paula Tupinambá, do bairro de Itapuã, em Salvador, o minicurso foi importante para conhecer um pouco mais do desafio que tem pela frente para realizar o seu sonho.“Quero ajudar a população pobre da minha comunidade a desenvolver a criação de tilápias numa das lagoas do Abaeté”, disse.