“Mulheres correm perigo”: livro é manual de sobrevivência para vítimas de violência

Trazer à luz a violência psicológica contra a mulher, que muitas vezes é invisível, é o foco central do livro “Mulheres Correm Perigo: um manual de sobrevivência para vítimas de relações abusivas” da psicopedagoga potiguar Patrícia Almeida. A obra, que será lançada nesta quinta-feira, 5 de setembro, às 18h, na Biblioteca Câmara Cascudo, em Natal, oferece um verdadeiro manual de sobrevivência para as vítimas desse tipo de violência. Além do lançamento, o evento contará com um debate sobre as diversas formas de violência contra as mulheres.

Patrícia Almeida destaca a importância de reconhecer a gravidade da violência psicológica, que, apesar de não deixar marcas visíveis no corpo, causa feridas profundas na alma das vítimas. “A violência física deixa marcas nos corpos das vítimas, mas a violência psicológica não. Contudo, deixa feridas profundas e muitas vezes irreversíveis na alma das mulheres”, alerta Patrícia, citando a pesquisa “Suicídio: uma questão de gênero”, do Ministério da Saúde, que revela que mulheres com histórico de violência doméstica têm um risco 30 vezes maior de cometer suicídio.

O livro se propõe a ser um guia prático para que as mulheres identifiquem, combatam e se desvencilhem de relações abusivas. Patrícia explica que essas relações geralmente seguem três fases: bombardeio de amor, tensão e explosão.

“Na primeira fase, o abusador é extremamente amoroso e romântico, buscando rapidamente um retorno afetivo para manipular a mulher. Na fase seguinte, a vítima já apaixonada começa a sofrer abusos psicológicos de forma sutil, misturando críticas e elogios, agressividades e carinhos. A última fase é a mais perigosa, quando a vítima está emocionalmente fragilizada e não consegue sair da relação sozinha, precisando de ajuda”, descreve.

Patrícia enfatiza que a obra não é apenas um alerta para as mulheres, mas para toda a sociedade, pois as relações abusivas podem ocorrer em qualquer contexto. “No livro, explico o motivo das mulheres serem as maiores vítimas, revelo como os manipuladores agem e indico caminhos para que as vítimas se protejam, inclusive orientando-as a como denunciar as violências”, afirma, destacando a importância de reunir provas antes de uma denúncia para evitar que o processo seja arquivado.

A violência psicológica, agora reconhecida como crime no Código Penal Brasileiro desde 2021, ainda é um tema relativamente novo e complexo. Segundo Patrícia, essa violência é muitas vezes sutil, especialmente no ambiente doméstico, onde o agressor pode destruir provas e ameaçar a vítima.

Para aquelas que se encontram em relações abusivas, a autora oferece conselhos práticos sobre como planejar a saída dessas relações. “Planejamento é essencial. A vítima precisa se fortalecer emocionalmente e desenvolver estratégias para enfrentar o agressor. No livro, ensinamos como fazer isso”, explica Patrícia, ressaltando que é possível recomeçar a vida após uma experiência traumática.

O livro, selecionado pelo Edital Federal de Chamamento Público da Lei Paulo Gustavo e editado pela Offset Gráfica e Editora, será vendido a R$ 35 durante o evento. Além do livro, o lançamento será uma oportunidade para o público participar de um debate enriquecedor e de uma noite cultural que celebra a força e a resiliência das mulheres.

Como agir em caso de relações abusivas
Patrícia orienta que a primeira ação para quem está em uma relação abusiva é encontrar alguém em quem confiar e que acredite em sua história. “A maior dificuldade é que as vítimas não falam por medo de não serem acreditadas e de sofrerem ainda mais violência. Medo de sofrer mais violência ao ser descredibilizada pela família, amigos, polícia e judiciário”, comenta. Além disso, é fundamental reunir provas das agressões antes de fazer uma denúncia formal.

“Outro fator é a situação socioeconômica. Os agressores tentam deixá-la dependente economicamente. Sem dinheiro elas não podem se manter e manter as crianças. Para piorar, há o medo de não conseguir provar a violência e perder a guarda dos filhos, pois os agressões ameaçam tirar os filhos delas”, acrescenta.

O Brasil, segundo a autora, é o 5º no mundo com maior número em feminicídios no mundo e o segundo em abuso sexual infantil, tendo os genitores como os principais responsáveis pelo estupro de crianças. Diante desse cenário, a escritora ressalta que “Mulheres Correm Perigo” serve como um alerta não apenas para as mulheres, mas para toda a sociedade, pois as relações abusivas podem ocorrer em qualquer lugar e com qualquer pessoa.

O evento não é apenas um lançamento literário, mas um chamado à ação e à conscientização sobre a importância de combater e prevenir a violência contra as mulheres. “A violência contra mulheres é estrutural. Temos que educar homens e mulheres a esse respeito. Todos devem ter responsabilidade social e se comprometer com a causa”, reforça.

A obra “Mulheres Correm Perigo” torna-se um verdadeiro guia de sobrevivência e um símbolo de resistência.

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