“É terrível. Parece que a ficha começa a cair”, diz irmã de Elizabete em júri popular do acusado de feminicídio

O júri popular de Evanderson Seixas, acusado de assassinar a ex-companheira, Elizabete Nascimento de Araújo, começou na manhã desta terça-feira, 8, no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió. Evanderson é acusado de matar a ex-mulher em via pública, no bairro do Jacintinho, no dia 31 de dezembro de 2022. Uma das testemunhas de acusação foi Edivânia Nascimento, irmã de Elizabete. Ela foi ouvida pelo tribunal nesta manhã e conversou com a reportagem do Fique Alerta. 

“É terrível. Às vezes quando a gente fala, conta alguns fatos, mas aqui, na íntegra, temos que reviver dias anteriores até o dia das vias de fato. É quando bate uma tristeza, parece que a ficha começa a cair, o dia fatal que ele ceifou a vida dela sem dó. Essa sensação, vamos dizer de alívio, de estar acabando com o sofrimento da família, saber que a gente não pode chamar ele assassino, até então ele é acusado, até ser julgado e sentenciado. Mas a gente acredita que a justiça não vai ser cega neste caso da Elizabete. Acreditamos que a justiça vai estar de olhos bem abertos e ele vai merecer essa pena que ele vai levar, porque tenho certeza que será unânime e ele vai ter uma pena máxima a cumprir”. 

Duas testemunhas de acusação prestaram depoimento pela manhã. Após uma pausa de 15 minutos, o Tribunal do Júri se reuniu novamente e começou a ouvir a terceira testemunha, uma amiga de Elizabete. Outra amiga da vítima deve prestar depoimento em seguida, já uma quinta testemunha foi dispensada. Só depois disso é que as testemunhas de defesa serão chamadas pelo júri. 

Segundo informações da reportagem do Fique Alerta, o réu Evanderson Seixas solicitou ao advogado que não fosse visto e, por isso, o depoimento dele será feito em uma sala reservada. 

O crime – Elizabete Nascimento de Araújo caminhava pela via pública, na Rua Cláudia, em frente ao Mercadinho do Povo, no bairro do Jacintinho, quando o denunciado surgiu inesperadamente em uma motocicleta, parou ao lado dela e tentou sacar uma arma de fogo.

A vítima ainda tentou impedir, no entanto, na disputa pela arma se desequilibrou e caiu, momento em que o criminoso se aproveitou da condição de impotência e desvantagem dela, desferiu os disparos e fugiu.

Consta na denúncia que a vítima e o réu mantiveram relacionamento amoroso por muito tempo e estavam separados há pouco tempo. Porém ele não aceitava a separação e discordava, também, da repartição dos bens. “Pois a vítima não havia cedido à imposição que o denunciado lhe impôs de que ela teria que lhe pagar um valor por ele determinado”, diz o documento.

À época do crime, a irmã da vítima chegou a relatar que Elizabete pagou R$ 5 mil ao suspeito pelos móveis que eles haviam comprado quando estavam juntos. Mas Evanderson teria usado o dinheiro para comprar a arma do crime.

“Eles moravam de aluguel e, quando estavam juntos, compraram alguns móveis. Ele cobrou os valores que dividiu com a minha irmã na compra desses móveis, e ela transferiu para ele cerca de R$ 5 mil. Quando a minha irmã fez esse pagamento, Evanderson disse que o dinheiro seria usado para acabar com a vida dela. Acredito que ele usou esse dinheiro para comprar a arma usada no crime”, disse a irmã.

Para o Ministério Público de Alagoas, não há dúvidas de que o crime ocorreu em razão da vítima ser do sexo feminino, além de já estar caída ao chão, o que a tornou um alvo mais fácil.

“A minha irmã tinha feito um boletim de ocorrência e existia uma medida protetiva contra o ex-companheiro, porém ele não respeitava e chegou a invadir e quebrar os móveis na residência onde ela morava”, contou a irmã da vítima. Elizabete chegou a registrar, em vídeo, como ficou a casa após os móveis serem danificados.

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