Emílio Fraga, especialista em direito do trabalho com ênfase em acidentes laborais
| Foto: Reprodução
A Justiça tem aplicado as medidas necessárias, em 2024, um grande grupo frigorífico foi multado em R$ 50 milhões por expor funcionários a riscos biológicos sem proteção, enquanto uma montadora de veículos foi condenada a pagar R$ 3 milhões por LER/DORT em operários.”Multas são importantes, mas só se tornam efetivas quando acompanhadas de responsabilização criminal”, destaca Emílio Fraga, ao citar o caso de uma empresa de celulose, condenada por homicídio culposo após a morte de um operário em 2022.Por outro lado, iniciativas como o Programa Viver Seguro da Petrobras, que reduziu acidentes em 72% com treinamentos imersivos, e o Sistema de Análise de Riscos (SAR) da Ambev, premiado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), comprovam que tecnologia e compromisso podem salvar vidas.
Leia Também:
Grave acidente com ônibus deixa 10 mortos e dezenas de feridos
Supremo Tribunal Federal pode aumentar a aposentadoria aos idosos
FGTS: 900 mil empresas são notificadas pelo Governo por dívidas
“A segurança do trabalho não é custo, é investimento. Empresas que não entendem isso acabam pagando muito mais – em vidas e em tribunais”, reforça o especialista.O futuro exige ações radicais: a Suécia, que cortou acidentes fatais em 80% com inspeções surpresa, é um modelo. No Brasil, o CREA-SP criou o Abril Verde Digital, plataforma que denuncia empresas inseguras em tempo real. “Precisamos de uma reforma na legislação que tipifique a negligência patronal como crime hediondo quando resultar em morte” defende Fraga, ao lembrar o caso da construção do estádio do Manaus em 2014, onde três mortes levaram a condenações históricas.O Abril Verde é um grito por justiça, não só memória. “Nenhum trabalhador deveria morrer para que um patrão lucre. A CLT precisa ser uma arma de proteção, não apenas um papel assinado”, conclui o especialista.Para Emílio Fraga, os dados não mentem, “Cada real investido em prevenção economiza R$ 4 em indenizações. O caminho é claro: agir ou responder na justiça por negligência ou até acidentes graves com mortes indesejáveis”, conclui.