Futebol em Pituaçu muda vida de menina autista e promove inclusão

O futebol tem sido uma ferramenta de transformação na vida da pequena Diva Yngrid, de nove anos, moradora do bairro de Mussurunga, em Salvador. Diagnosticada com autismo moderado aos um ano e seis meses, a jovem encontrou no esporte uma forma de desenvolver sua socialização e comunicação. Desde 2023, ela participa do Projeto Esporte na Cidade, realizado no Estádio Pituaçu pela organização social De Peito Aberto, e considera as segundas e quartas-feiras momentos sagrados para sua rotina.Incentivada por uma amiga, Diva iniciou sua jornada no futebol em um momento em que ainda enfrentava dificuldades para interagir com outras crianças. Segundo sua mãe, Ivânia, a menina não compartilhava brinquedos e apresentava um comportamento mais fechado. No entanto, com a inserção no esporte, a evolução foi significativa. “O esporte é tudo. Ele abre portas e ajuda muitas crianças com dificuldade intelectual. No início, pensei em desistir, porque parecia que não teria jeito. Mas, com o tempo, percebi que a interação social começou a melhorar muito, até mesmo na escola”, destacou Ivânia.O impacto do futebol na vida de Diva vai além do gramado. A menina, que só começou a falar aos quatro anos, agora demonstra entusiasmo com o esporte e tem Messi como referência. “Eu adoro futebol. Com os treinos, eu passei a me interessar mais pelo esporte. Minha inspiração é o Messi e o que mais gosto nas aulas é de fazer gol”, contou.

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O caminho até essa conquista foi repleto de desafios. Ivânia, que trabalhava como cobradora de ônibus, saindo de casa às 2h30 da manhã, precisou buscar alternativas para garantir um futuro melhor para a filha. Após várias tentativas em planos de saúde, soube do trabalho realizado pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde Diva recebeu o diagnóstico. Desde então, a rotina da família passou a ser voltada para terapias e atividades que estimulassem o desenvolvimento da menina. “Comecei com várias terapias, ocupando todos os dias na semana, incluindo fonoaudiologia e psicoterapia. Com muito esporte, dedicação e minha presença diária, ela vem melhorando”, relatou a mãe, que está desempregada há quatro anos e se dedica integralmente à filha.No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado nesta quarta-feira,  2, histórias como a de Diva reforçam a importância da educação e da inclusão por meio do esporte. A transformação vivida pela menina é uma prova do impacto positivo que iniciativas sociais podem ter. “Hoje, a Diva é uma menina que interage, socializa e brinca. Ela até compartilha seus brinquedos. O projeto modificou totalmente a vida dela através do esporte. Somos muito gratas a essa iniciativa, que socializa tantas crianças e as incentiva a ter autonomia em suas vidas”, celebrou Ivânia.O Projeto Esporte na Cidade, que ocorre no Estádio Pituaçu, é realizado por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, com patrocínio da Livelo e da White Martins, e apoio da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia vinculada à Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte. As aulas gratuitas de futebol são realizadas duas vezes por semana, sempre no contraturno escolar, e têm um viés educacional, promovendo o esporte como ferramenta de inclusão e desenvolvimento. Para participar, é necessário que as alunas estejam matriculadas e frequentes na rede de ensino.Além dessa iniciativa, a De Peito Aberto desenvolve projetos em outros estados brasileiros, como Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro. Com 19 anos de atuação, a organização social já beneficiou mais de 65 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. As inscrições para os projetos podem ser acompanhadas pelo site www.depeitoaberto.org.br e nas redes sociais da instituição.