Estado reafirma importância do projeto Reflora para acelerar recuperação da vegetação nativa

O Governo do Rio Grande do Sul reafirma a importância e a eficácia do projeto Reflora, iniciativa conjunta entre os setores público e privado, que visa acelerar a recuperação da vegetação nativa impactada pelas enchentes de maio de 2024.

Conforme o anúncio do governo na semana passada, mais de 6 mil mudas de 30 espécies florestais nativas, dos biomas Pampa e Mata Atlântica, vão ser plantadas. O investimento é de R$ 7,5 milhões, do setor privado, com o intermédio do governo.

A assessoria de imprensa do governo estadual entrou em contato com o Agora no Vale para contestar a matéria deste veículo, publicada no dia 28 de março, com o título “Governo do RS afirma que vai gastar R$ 7,5 milhões para introduzir 6 mil mudas em locais atingidos por cheias”. No texto, o jornal divide o valor monetário pelo número de plantas reintroduzidas, que resulta em R$ 1.250.

O governo do Estado afirma que o valor do projeto não pode ser calculado de forma linear com base no número de mudas produzidas. “Trata-se de uma iniciativa de desenvolvimento e pesquisa voltada à produção de mudas com tecnologia para o florescimento precoce”, esclarece o texto.

Conforme o Estado, o projeto contempla 30 espécies florestais nativas, utilizando enxertia para a produção das mudas. Os recursos são provenientes de uma parceria entre uma empresa privada e uma instituição pública, sem aporte financeiro do governo estadual.

Além da produção de mudas, os investimentos abrangem a construção de estufas e sistemas de fertirrigação, contratação de serviços para a coleta de propágulos vegetativos, aquisição de insumos, concessão de bolsas de pesquisa e capacitação de servidores para a aplicação da tecnologia desenvolvida.

O projeto deve durar três anos, e os principais passos serão: coleta de DNA em campo para as mudas, enxertia, florescimento das mudas e plantio nas principais regiões atingidas pelas enchentes.

A proposta, que conta com a participação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, da Secretaria da Agricultura, universidades e empresas privadas, utiliza tecnologia para reduzir o tempo de recomposição de áreas devastadas de 20 a 30 anos para um período entre cinco e oito anos.

Como o projeto irá funcionar, conforme o Estado

Conforme o estado, o projeto busca recuperar áreas afetadas por enchentes, preservando e melhorando geneticamente espécies florestais nativas. Em parceria com instituições de ensino e secretarias estaduais, prevê mapeamento, enxertia e plantio de mudas com florescimento ultra-precoce para acelerar a regeneração.

Espécies como Amarilho, Mata-olho e goiabeira serrana serão priorizadas. A iniciativa já foi aplicada no Cerrado e na Amazônia.

Por meio da assessoria de imprensa, o setor técnico responsável detalhou como o projeto funcionará.

Leia a nota na íntegra:

Este projeto será realizado em parceria com instituições de ensino público e privado do Rio Grande do Sul e as Secretarias da Agricultura e do Meio Ambiente do estado. O projeto está dividido em três etapas:

  1. Identificação das árvores danificadas, mapeamento da localização das espécies e produção dos porta-enxertos.
  2. Coleta do material genético, início do processo de enxertia e desenvolvimento das mudas.
  3. Plantio no campo.

No primeiro ano, vamos produzir porta-enxertos e mapear as árvores de espécies florestais potenciais, que têm alto valor genético e estão próximas dos cursos d’água. Muitos indivíduos foram levados pelas enchentes, e precisamos resgatar aquelas espécies que sobreviveram e estão danificadas ou em risco de morte para promover a conservação genética e perpetuação da espécie. Iniciaremos com a produção de 6 mil mudas enxertadas em condições de florescimento ultra-precoce, com potencial para aumentar ainda mais.

Uma característica marcante e diferencial do projeto é plantar mudas já em processo de florescimento. Ao plantar essas mudas em florescimento ultra-precoce, atrairemos polinizadores e a fauna local, resultando na dispersão de sementes na área que será recuperada.

Essa tecnologia acelera o crescimento e antecipa a formação de flores e frutos. Assim, além da muda plantada e florescida, teremos a dispersão de sementes no mesmo local, o que acelera o processo de regeneração das áreas nativas.

Dentre as espécies que vamos trabalhar, destacam-se a Terminalia australis Cambess. (Amarilho) e a Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk. (Mata-olho), espécies localizadas próximas às margens de rios, muitas das quais foram levadas pelas enchentes e desempenham um papel importante na recuperação das margens dos rios.

Outro exemplo de espécie florestal que iremos trabalhar é a goiabeira serrana, pois entendemos que as espécies florestais frutíferas são importantes para proporcionar uma renda extra ao produtor rural, permitindo uma exploração sustentável.

Além disso, produziremos mudas de alto valor genético de árvores resgatadas de diferentes regiões atingidas pelas enchentes, permitindo realizar cruzamentos controlados entre indivíduos de espécies florestais, visando a conservação e o melhoramento genético das espécies.

Este mesmo projeto foi realizado em outros dois biomas: Cerrado, na região de Brumadinho/MG, e Amazônia, no estado do Pará.

Portanto, este é um projeto que vai além da produção de mudas de espécies florestais para a recuperação das áreas atingidas pelas enchentes, mas também vai permitir a conservação genética e o melhoramento genético de espécies florestais nativas.

Secretária reafirma importância do projeto

De acordo com a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, a ideia surgiu a partir da aproximação da CMPC e da Vale do Rio Doce com o governo estadual, propondo a aplicação de uma tecnologia já utilizada em Brumadinho e Mariana.

O projeto também conta com a parceria da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapi), que disponibilizam conhecimento e infraestrutura para a execução do Reflora.

Com um investimento total de R$ 7,5 milhões, financiado pelas empresas privadas envolvidas, o projeto prevê a construção de estruturas como casas de vegetação e sistemas de fertirrigação, além da coleta e cultivo de propágulos vegetativos, que permitem uma recuperação ambiental mais ágil. “Não se trata apenas da produção de mudas, mas de uma transferência de tecnologia que permitirá o desenvolvimento de mudas mais adaptadas e resistentes, acelerando a reestruturação dos ecossistemas afetados”, explica Kauffmann.

A secretária enfatizou a maior eficácia a partir deste investimento “Se nós simplesmente comprássemos mudas já existentes com as tecnologias normais, ordinárias, da questão de mudas nativas aqui do Estado, e isso estou falando para qualquer viveiro, seja ele público ou privado, nós teríamos mudas que levariam mais tempo para serem produzidas e também menos resistentes ou que levariam mais tempo.

A secretária também ressaltou que o Estado não precisará investir financeiramente no projeto, mas será responsável pela capacitação de equipes e pelo mapeamento dos viveiros que vão aplicar a tecnologia. “O Reflora não é apenas uma resposta imediata às enchentes, mas uma estratégia para tornar o Rio Grande do Sul mais resiliente frente às mudanças climáticas”, conclui.

The post Estado reafirma importância do projeto Reflora para acelerar recuperação da vegetação nativa appeared first on Agora No Vale.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.