Mãe descobre paralisia cerebral do filho após criança cair de escada

O dia 7 de julho do ano passado ficará marcado para sempre na memória da escriturária Paloma Trinta, de 29 anos. Era um domingo à noite, seu filho brincava com o irmão na casa da avó, na cidade de Cruzeiro, interior de São Paulo. De repente, o garotinho alcançou a escada e caiu dos degraus, deixando todos bem apreensivos.

“Cresceu um galo grande na testa dele rapidamente, o que me preocupou. Fomos no mesmo instante ao hospital”, a mãe relatou em entrevista à CRESCER. No entanto, a servidora pública não esperava que sairia do pronto-socorro com a notícia de que seu filho poderia ter cistos congênitos no cérebro.

Do acidente doméstico ao diagnóstico

Domenico, de 2 anos, não sofreu ferimentos graves com a queda, no entanto, os médicos solicitaram uma tomografia para descartar a possibilidade de um sangramento interno“Se estivesse tudo ok, iríamos embora. Fizemos ali, na hora mesmo, e o resultado levou duas horas para ficar pronto. Nesse tempo, ele estava ótimo, andando pelos corredores e brincando”, recorda.

Por um momento, a escriturária sentiu um alívio ao ver que o filho estava bem. “Até me acalmei e ri do fato de todos estarmos preocupados e ele fazendo bagunça”, disse ela. Passadas algumas horas, os pais de Domenico foram chamados de volta ao consultório. As notícias não eram boas. Os médicos encontraram dois possíveis cistos que não estavam relacionados com a queda, mas pareciam ser uma condição congênita (algo que nasce com a pessoa).

A família foi orientada a procurar um neurologista pediátrico para avaliar o caso. Anteriormente, Paloma já havia observado que o filho tinha dificuldade para alcançar seus marcos de desenvolvimento. “Eu o achava diferente, pensei em um possível autismo. Ele demorou para aprender a engatinhar, foi com muito esforço por meio de fisioterapia. Para andar, foi só no final de 1 ano e 3 meses. Eu pedia encaminhamentos para fisioterapia para a pediatra, apenas pelo meu instinto de mãe. Diziam que cada criança tinha seu tempo e que ele parecia bem”, contou Paloma.

Com muita insistência, a mãe conseguiu os encaminhamentos para o fisioterapeuta. No entanto, permanecia intrigada com o atraso do desenvolvimento do filho em comparação às outras crianças. “Ninguém nunca notou nada mais concreto sobre isso”, ela afirmou. O acidente, assim, marcou o início da jornada da família em busca de um diagnóstico correto sobre o quadro de Domenico.

Após ser submetido a uma série de exames, os médicos revelaram a existência de cistos do lado esquerdo do cérebro do pequeno, impactando sua coordenação motora e também a fala. Desde então, o garotinho começou a realizar terapias multidisciplinares quatro vezes por semana. “Muitas vezes, ele fica estressado e cansado”, disse a escriturária.

Essa não é a primeira vez que Paloma passa por esse tipo de situação. Há seis anos, ela perdeu sua filha com apenas 26 dias de vida, devido ao quadro de cardiopatia congênita e hidrocefalia. “A primeira noite no hospital, no dia do acidente, senti angústia e medo de reviver o dia da perda da minha filha”, desabafou.

Paloma lembra que o período de tratamento do filho foi bem desafiador. Ao chegar ao hospital, ela via o pequeno assustado e chorando com medo de colocar os acessos intravenosos para a realização dos exames. Além disso, o som dos monitores, o cheiro do hospital e todo o cenário a transportava de volta ao momento em que sua filha ficou internada.

No dia 26 de novembro, quatro meses depois do acidente, os exames confirmaram não só a existência dos dois cistos como também de um quadro de paralisia cerebral. “Meu primeiro impacto foi chorar, mesmo que de forma mais branda, porque foi como um alívio de entender o motivo de meu filho ser diferente”, destacou.

A servidora menciona que um dos momentos marcantes foi quando os médicos disseram que Domenico precisaria usar uma órtese (dispositivos que permitem alinhar, corrigir ou regular uma parte do corpo). “Mencionaram as diversas dificuldades que um paciente com paralisia cerebral poderia ter, falaram da gravidade dos exames, um tanto rude nas palavras. Saímos do consultório muito chateados e com um nó na garganta. No carro, foi um choro por medo do futuro”, lamentou.

No entanto, apesar do atraso leve, Domenico superou todas as expectativas e apresentou um salto significativo em seu desenvolvimento. Os médicos descartaram a necessidade de uma intervenção cirúrgica para a retirada dos cistos. Hoje, o garotinho está com 2 anos e é acompanhado por uma equipe multidisciplinar durante a semana. A família já se ajustou à nova rotina das consultas e comemora com entusiasmo cada conquista do pequeno: “Somos muito gratos por cada vitória, vendo alegria nas pequenas conquistas de uma criança. Nada é fácil e natural. Cada evolução de uma criança típica ou atípica deve ser comemorada como uma dádiva da vida”, a mãe concluiu.

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