De São Paulo do Potengi para a NASA: uma história de superação

Ruan Vitor Cordeiro, de 19 anos, e Marília Rangel Fernandes, ambos formados pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) em São Paulo do Potengi, a cerca de 70km de Natal, conquistaram um feito notável: vencer uma competição da NASA, a agência de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial, nos Estados Unidos. Os dois jovens potiguares, que foram vencedores do Pale Blue Dot Challenge, um prestigiado desafio promovido pela agência espacial norte-americana, competiram com cerca de 1.600 participantes de 104 países no desafio, e retornaram ao estado no último sábado (30).

Ruan nasceu em Natal e cresceu em São Pedro do Potengi, uma cidade de cerca de 4 mil habitantes, em uma família de trabalhadores autônomos. Seus pais, donos de um pequeno comércio, sempre o apoiaram, incentivando-o a perseguir seus sonhos, mesmo em meio às adversidades. “Foi muito tarde que recebi acesso a recursos que muitos jovens têm mais cedo e que ajudam nos estudos. Tive meu primeiro celular com 13 anos, e, na mesma época, foi quando passei a ter internet em casa”, relembra.

Desde cedo, ele demonstrou interesse por ciência e tecnologia, o que o levou a participar de um clube de astronomia e a se apaixonar pela análise de dados. “Sempre fui sonhador e batalhador. Eu amava assistir vídeos no YouTube e me encantar com as possibilidades que o mundo da ciência oferecia”, revela Ruan.

Foi durante os estudos no IFRN, por meio de uma mensagem de whatsapp num grupo da escola, que Ruan descobriu o Programa Jovens Embaixadores (JE), um intercâmbio de curta duração nos Estados Unidos para estudantes de Ensino Médio na rede pública do Brasil. Foi aprovado e teve sua primeira experiência no exterior.

Foi através do Jovens Embaixadores que ele soube da oportunidade do Pale Blue Dot Challenge. Mesmo após duas tentativas sem sucesso, ele não desistiu. “Foi só na terceira tentativa que consegui ser aprovado. Eu sabia que tinha que tentar, pois é minha paixão”, conta ele.

A persistência valeu a pena: ao lado de Marília e mais dois brasileiros, ele desenvolveu o projeto H2Plástico, que investiga áreas com alto risco de contaminação por microplásticos utilizando dados de satélites da NASA. A equipe brasileira usou dados públicos de observação da Terra para criar uma visualização que amplia os impactos dos microplásticos ao longo da costa nacional. 

O desafio da NASA foi uma experiência única para o jovem. Lá, ele se deparou com participantes de todo o mundo, inclusive de países como Filipinas e Quênia, que, na sua visão enfrentam situações ainda mais difíceis que as que ele enfrentou, o que foi motivo de inspiração.

A equipe brasileira foi uma das mais jovens entre o participantes, e saiu vencedora. O projeto H2Plástico, que analisou a concentração de microplásticos em mares, foi elogiado pela relevância da pesquisa, que abrangeu os anos de 2017 e 2018. Como vencedores, eles terão a oportunidade de participar de um Programa de Estudos Espaciais com duração de 10 dias nos EUA, com tudo pago.

Durante a visita à NASA, Ruan participou de simulações de missões espaciais, incluindo uma base em Marte e a função de engenheiro de uma nave no espaço. Para ele, ao participar das experiências no exterior, a adaptação ao idioma foi um desafio, mas sua determinação foi maior. “Fiquei vendo vídeos no Youtube e entrei em vários grupos de conversação online em inglês, antes de viajar. Ao chegar lá, eu tinha a confiança de que tinha o inglês na minha mente e não precisava falar perfeito para me comunicar. Era mais importante absorver o conhecimento e aprender”, afirma.

Ao final de sua jornada, Ruan compartilha valiosas lições para outros jovens que, como ele, sonham em alcançar o que muitos enxergam como impossível. “Sempre que vir uma oportunidade, tente. Eu já fui rejeitado em várias, mas também fui aceito em muitas. Hoje, temos ferramentas incríveis como o Instagram, onde você pode encontrar diversas oportunidades, como as oferecidas pela embaixada dos EUA ou plataformas internacionais como o Opportunities for Youth”, aconselha.

Ruan também destaca a importância do impacto social em sua trajetória. Como diretor de tecnologia da Lidera Nordeste, ele trabalha para capacitar jovens do interior nordestino no uso de dados para monitorar questões complexas, como o desmatamento e a localização de água subterrânea em áreas que sofrem com a seca.

“Não é porque para mim foi difícil que precisa ser para todos. Estamos desenvolvendo o uso de satélites da NASA para monitorar problemas ambientais e trazer conhecimento para nossas comunidades”, explica.

Seu conselho final é uma lição de perseverança e otimismo: “Qualquer coisa, por mais impossível que pareça, é alcançável. Se uma pessoa das Filipinas pode estudar os efeitos fisiológicos das viagens espaciais, nós também podemos realizar nossos sonhos. Basta acreditar e agir.”

A trajetória de Ruan Vitor Cordeiro é um testemunho de que, com determinação e apoio, é possível ir além do que imaginamos e, literalmente, alcançar as estrelas.

Para saber mais sobre o Programa Jovens Embaixadores, que também contribuiu para a formação e desenvolvimento de Ruan e Marília, acesse o site oficial em Jovens Embaixadores. Este programa oferece oportunidades para jovens brasileiros de baixa renda que se destacam em suas comunidades.

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