‘O maior gargalo para o turismo em Salvador é a malha aérea’

Este verão foi excepcional para o turismo de Salvador. Entre dezembro e março, cerca de 3,5 milhões de turistas visitaram a capital baiana, superando os números de 2020, antes da pandemia. A ocupação hoteleira atingiu 95%, mas os resultados poderiam ser ainda melhores sem alguns gargalos, como explica Glicério Lemos, presidente da Salvador Destination, nesta entrevista ao A TARDE.“Salvador é discriminada pela aviação. Por que uma passagem de São Paulo para cá custa mais caro do que para o Ceará?”, questiona. Na entrevista, o empresário do setor hoteleiro também defende a permanência do Carnaval na Barra-Ondina, o retorno das barracas de praia e a regulamentação das plataformas digitais, que, segundo ele, concorrem de forma desleal com a hotelaria.Glicério Lemos também destacou, na conversa, o papel da Salvador Destination na captação de eventos e a importância do turismo de negócios para a cidade. “O turista de negócios gasta três vezes mais que o de sol e mar”. Confira a entrevista a seguir.Havia a expectativa de que a temporada de Verão 2024-25 em Salvador superasse a de 2020, antes da pandemia, quando 3,4 milhões de turistas visitaram a cidade. Qual o balanço que o senhor faz dessa temporada?Recebemos uma quantidade muito grande de turistas, com uma ocupação bastante elevada dos hotéis da cidade. O termômetro do turismo é a taxa de ocupação nos hotéis e nos pontos turísticos. E a gente pôde observar esse grande fluxo de visitantes tanto nos hotéis, como nos principais pontos turísticos de Salvador. A taxa de ocupação dos hotéis girou em torno de 95%. E, segundo os dados oficiais divulgados pela Secretaria de Turismo do Estado, o número de turistas girou em torno de 3,5 milhões, superando portanto o ano de 2020. E, o que é muito importante, esse fluxo de visitantes produziu uma receita bruta de mais de R$ 7 bilhões. O turismo é um setor fundamental da economia. Ele gera empregos diretos e uma capilarização de renda para toda a população, que vai do taxista, a baiana de acarajé, o vendedor de praia, o hoteleiro, a aviação, restaurantes, bares… O turismo é um vetor muito importante de crescimento da nossa economia.O senhor faz parte do setor hoteleiro e já presidiu a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). O segmento está satisfeito com o fluxo de visitantes nesta temporada?Eu acredito que todo o segmento está satisfeito. Todos os colegas que tenho conversado têm manifestado essa mesma satisfação em função da taxa de ocupação ter sido superior ao do ano passado, com uma ligeira melhora também no valor da diária média, o que é muito importante. Nós temos que repor nossos custos, pelo menos os índices de inflação. E conseguimos isso, o que é muito importante para a sustentabilidade de todo segmento.Pesquisas mostram o crescente interesse dos turistas em visitar Salvador, superando em muito qualquer outra capital do Nordeste. O que faz Salvador hoje ser a bola da vez do turismo nacional?Nós passamos por uma fase muito difícil. A cidade já teve montanhas de lixo, estava degradada, os pontos turísticos mal cuidados. Hoje, Salvador está requalificada. A cidade é boa para nós, moradores, e é boa para os turistas também. O turista não vem para uma cidade quando ela é ruim para o próprio morador. Salvador viveu essa experiência ruim de ser uma cidade onde nós mesmos baianos perdemos nossa autoestima. Hoje nós recuperamos. A cidade está requalificada. Outra coisa importante é a promoção do destino, que temos que melhorar. Está sendo feita a promoção, mas, na minha opinião, ainda é pouca. Salvador precisa de mais divulgação.Nos últimos anos, Salvador ganhou novos pontos de visitação, como os museus Casa do Carnaval e Cidade da Música. Esses novos equipamentos ajudam a atrair mais turistas para a cidade?Eles são importantíssimos. Sou hoteleiro da linha de frente e estou sempre conversando com os meus clientes. Como presidente da Salvador Destination, converso muito também com os clientes de negócios. E eles querem muito conhecer esses pontos. A cultura é uma coisa muito importante para a nossa cidade. Uma cidade que tem cultura, história, gastronomia, turismo náutico, praias, como a nossa, vai atrair muitos visitantes. Salvador é tudo isso graças ao potencial que tem e a esse trabalho feito em cima dessa estrutura de treinamento de mão de obra. Precisamos melhorar, mas é boa a nossa mão de obra.A qualificação da mão de obra é um ponto importante também?Sim, muito importante. Para isso, nós temos o apoio do Sesc (Serviço Social do Comércio) e do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), que fazem um trabalho muito importante na cidade. A Federação do Comércio, que nós somos afiliados, também faz um trabalho importantíssimo. Isso nos dá uma base de apoio para treinamento, novos aprendizados e requalificação da mão de obra.O Carnaval e o Réveillon são os períodos em que Salvador recebe mais turistas. Qual é a importância dessas festas para o trade?O Carnaval sempre representou para Salvador um 13º para toda a economia. Não somente para hotelaria, mas para restaurantes, mas para toda a economia. Para os vendedores, os ambulantes. A gente vê nos carnavais as mesmas pessoas trabalhando, aqueles mesmos vendedores. E todos me falam da importância que é o Carnaval para o sustento de suas famílias. Nós não tínhamos o Réveillon forte. Passamos a ter de 10 anos para cá, quando o secretário (Guilherme) Bellintani começou a fazer os grandes Réveillons. Hoje, ele influencia diretamente na vinda de turistas para cá. Também é a injeção de valores na economia da cidade. Vejo esses dois eventos como de fundamental importância para a economia de Salvador. Mas precisamos ter mais para estimular esse setor que é de vital importância para a economia. Nós precisamos ter aqui, por exemplo, uma arena de médio porte para shows, jogos de basquete, de vôlei e outros eventos médios.Como o senhor avalia os debates sobre a retirada do Circuito Barra-Ondina e a possível criação de um novo trajeto na região de Patamares e Boca do Rio?Comecei no associativismo em 1995, como diretor da ABIH, depois presidente da Câmara de Turismo de Porto Seguro, vice-presidente da ABIH de 1997 a 1999, cônsul desde 2005, presidente da ABIH e, hoje, presidente da Salvador Destination. Com essa experiência, aprendi a ter um olhar amplo, não apenas para o meu negócio, mas para a cidade e para o estado. E vejo que Salvador, se retirasse o Carnaval e os trios elétricos da Barra para outro local, como Patamares ou Boca do Rio, estaria dando um tiro no pé, assim como aconteceu com o Farol Folia. O evento foi retirado da Barra porque os moradores não queriam, mas era uma iniciativa que fortalecia Salvador, dava visibilidade à cidade e trazia uma taxa de ocupação excepcional no meio de janeiro. No primeiro ano, foi bom; no segundo, fraco; no terceiro, fraquíssimo, e nem chegou a ter uma quarta edição. Correríamos o mesmo risco ao mudar o Carnaval de lugar. Hoje, já existem Carnavais de rua consolidados em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Salvador enfrentaria um grande risco. Esses jovens que antes vinham para o nosso Carnaval agora permanecem em suas cidades. São Paulo já se projeta como o maior Carnaval de rua do mundo, com 16 milhões de foliões. Mas acredito que o nosso ainda seja o maior. Este ano, a Barra teve um dos melhores Carnavais. Quero parabenizar o prefeito Bruno Reis, que inteligentemente resolveu essa polêmica e garantiu que os trios elétricos continuarão na Barra. Foi feito um estudo para redirecionar a superlotação que existia na região, e o problema foi solucionado com a redistribuição dos trios também para o Circuito do Centro. O Carnaval de 2025 foi um dos mais pacíficos, com poucas brigas e sem superlotação, pois a prefeitura soube equalizar a quantidade de trios elétricos entre a Barra e o Centro. Sempre que essa organização for mantida, não haverá problemas. Agora, que venham outros circuitos. A cidade pode e deve ter novas opções, e quando houver superlotação, naturalmente surgirão novos trajetos. O que não pode acontecer é eliminar um cartão-postal para criar outro. Em qualquer cidade do mundo, os principais eventos são realizados nos ícones turísticos. Qual é o ponto mais visitado de Salvador? O Farol da Barra. Isso não sou eu quem diz, são as pesquisas. É fundamental preservar esse Carnaval consolidado e, ao mesmo tempo, buscar fortalecer outros circuitos, sem sacrificar um para criar outro.Quais são os principais gargalos que impedem um crescimento maior do turismo em Salvador?O maior gargalo hoje em Salvador chama-se malha aérea. Nós temos uma malha aérea pequena para o porte da cidade. Nós temos quase 40 mil leitos hoteleiros e precisamos do apoio da malha aérea. Sem malha aérea, a gente não tem turista, não tem ocupação hoteleira, não tem turismo. Nós precisamos aumentar a malha aérea nacional e internacional. Além do tamanho, tem a questão também do preço das passagens na malha aérea nacional. Salvador é uma cidade discriminada pela aviação. Porque quem está em São Paulo compra uma passagem para Salvador mais cara do que para o Ceará? Mais cara do que para Maceió? Não justifica isso. Por que essa discriminação com Salvador? A gente queria entender. Queria que essas companhias justificassem essa política com Salvador. Já que nós temos um potencial grande, deveria ter um preço mais acessível para continuar, dinamizando o crescimento do turismo em Salvador. Um caminho para resolver este gargalo seria abrir o espaço aéreo nacional para a entrada de companhias internacionais, copiando modelos de países que fazem isso com sucesso, a exemplo dos Estados Unidos e da Europa.Quais são os outros gargalos?Salvador perdeu muito com a retirada das barracas de praia, principalmente para outros destinos que não passaram por esta situação, como Porto Seguro, Fortaleza e Natal. Tantos anos se passaram que já é hora da Justiça Federal fazer um acordo com a prefeitura para que possamos retomar esses equipamentos. Não entendemos por que só Salvador não pode ter barracas de praia. Outro problema que observo a partir de reclamações dos próprios turistas é o excesso de ambulantes assediando nossos visitantes nos pontos turísticos da cidade, inclusive nas praias. E há ainda as plataformas digitais, que concorrem deslealmente com a hotelaria. Essas plataformas alugam apartamentos, mas não estão submetidas às leis tributárias e normas de saúde, que são exigidas da hotelaria. Uma concorrência desleal com um segmento que gera emprego, renda e impostos.O senhor mencionou o preço das passagens, e a Bahia é conhecida pela diversidade de pontos turísticos, como Porto Seguro e a Chapada Diamantina. As passagens para esses locais são caríssimas. Os preços impedem que muitos turistas, que vão conhecer esses lugares, também visitem Salvador?Muitos turistas podiam fazer esse roteiro. Mas o preço da passagem para essas localidades de fato é um absurdo. Salvador sempre foi o portão de entrada internacional e nacional e poderia ter conexões passando por Salvador com passagens mais baratas. Essa conexão para o interior poderia ser mais ágil, e até com um fluxo maior, porque Salvador também exporta turismo para o interior. Nós temos uma grande quantidade de soteropolitanos que gostam muito de Porto Seguro, de Valença, da Chapada. E esses pontos turísticos são importantes para o nosso turismo. Com essa conexão mais barata, tudo vai melhorar no interior também.Em novembro do ano passado, a Salvador Destination completou 10 anos. Fale um pouco sobre a trajetória dessa entidade.A Salvador Destination surgiu do nosso líder maior do turismo na época, Paulo Gaudenzi. Ele era vice-presidente da nossa querida Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, seção Bahia. Quando o Paulo deu a ideia de se criar uma entidade de destino, estávamos sem um centro de convenções. E, paralelo a isso, sem uma entidade para desenvolver e fomentar o turismo de negócios em Salvador. O turista de negócios gasta três vezes mais que o turista de sol e mar, o turista de veraneio. É um turista de alto poder aquisitivo, que interessa a qualquer cidade de turismo do mundo. Mas é um setor muito disputado. Eu faço parte dos hoteleiros que fundaram a Salvador Destination, que exerce um papel fundamental nesse trabalho junto com o trade turístico. Nós começamos com 12 associados, e hoje nós temos 45. Tenho me dedicado muito a esse trabalho de chamamento aos novos associados.Como o trabalho da Salvador Destination se desenvolve na prática?O trabalho da Salvador Destination é importantíssimo. É um trabalho silencioso. Nós não podemos ficar divulgando as captações que estamos fazendo, porque concorremos com mais de 50 cidades no país que têm entidades de destinos. Todas essas cidades são nossos competidores. Por isso temos que guardar segredo. Nós estamos trabalhando agora com a agenda de 2026, 27, 28, 29, 30. O ano de 2025 já foi, nós não temos mais agenda. É um trabalho a longo prazo, não é de captação imediata. Mas estamos captando congressos, eventos e fazendo a promoção do destino Salvador. Nós somos os interlocutores desses canais com hotelaria, centro de convenções, todo trade turístico. Nós começamos só com a hotelaria, mas logo abrimos para que todo o trade participasse. A Salvador Destination não faz nada sozinha, ela tem que ter a participação de todo o trade. E, nisso aí, nós conseguimos trabalhar a médio e longo prazo.Nesses 10 anos, o senhor sabe quantos eventos a Salvador Destination conseguiu captar e quanto isso representou para a economia de Salvador?Ah, é um número espetacular. Captamos 138 eventos que trouxeram mais de 330 mil participantes para a cidade. Isso gerou um impacto econômico para Salvador de mais de R$ 1,5 bilhão. É número expressivo para uma entidade tão pequena, mas que faz um trabalho tão grandioso. Volto a frisar que é um trabalho silencioso, a gente não pode ficar divulgando. Mas a Salvador Destination precisa e quer o apoio do jornal A TARDE justamente para divulgar esse trabalho para que a cidade tome conhecimento disso. Porque a gente precisa do apoio de todos, tanto do governo do Estado, como da prefeitura, da iniciativa privada, enfim, de todos.O senhor mencionou o número de eventos captados no passado. Para o futuro, já existe uma estimativa de quantos serão realizados na cidade?Nós estamos trabalhando em cima de 112 eventos. Mas a gente não pode falar o ano, nem qual é o congresso. O que eu posso dizer é que já estamos trabalhando para 2030. Os congressos internacionais geralmente são captados com cinco anos de antecedência. Eles começam a fazer a pauta, e nós já estamos silenciosamente trabalhando em cima dessas pautas para que a cidade ganhe. Hoje, o centro de convenções tem uma pauta muito grande, uma ocupação excelente para a cidade.Tivemos o problema do Centro de Convenções antigo, que ficou muito tempo fechado. Como Salvador está estruturada hoje em termos de equipamentos para receber esses eventos?Salvador sofreu muito sem o Centro de Convenções, quando tivemos aquele problema em 2012, durante o Congresso de Ginecologia, quando faltou água e energia. Ali foi o fim do Centro de Convenções antigo. Depois, tivemos a queda de parte da estrutura, mas ali o Centro de Convenções já estava fechado. Então, nós passamos por uma fase muito difícil da hotelaria. Foram 33 hotéis fechados, além de restaurantes e bares. Toda cadeia do turismo sofreu um impacto muito forte com o fechamento do Centro de Convenções. Hoje, nós temos um belíssimo Centro de Convenções no Aeroclube e a Prefeitura fala em outro no Centro da cidade. E eu acho que Salvador comporta. A gente precisa de mais áreas de convenções. Temos uma hotelaria grande e uma pauta extensa. Salvador é uma cidade que atrai muitos visitantes. Acredito que o prefeito Bruno Reis acerta em fazer mais um centro de convenções lá no centro da cidade. Eu acho que vai ser no Centro Cultural da Câmara Municipal e na Prefeitura Antiga. Vai ser muito bem-vindo mais um centro de convenções para que dê respaldo a esse crescimento. Uma coisa vai puxando a outra. Tudo é uma força para o turismo. Tendo congressos, teremos a vinda de turistas para cá. E vão surgir novos hotéis, novos restaurantes e novos empregos. Isso vai estimular toda a cadeia.Qual o impacto do turismo de eventos para a cidade?O turismo de negócios é importantíssimo para qualquer cidade. A sustentabilidade da cadeia está justamente no turismo de negócios. Porque ele ocupa essa cadeia que está ociosa na baixa estação. Na alta estação não se faz eventos. Todo mundo está de férias, tirando seu lazer. É a hora que todos os lugares estão cheios. Neste momento não tem congresso e é justamente na baixa estação que vem o turismo de negócios para dar esse respaldo a toda a cadeia. E a toda a cidade que espera de braços abertos esses congressos. É uma maravilha a vinda desses turistas justamente numa hora que estamos com os equipamentos ociosos. O turismo de negócios vem justamente preencher essa lacuna e dar sustentabilidade que toda a cadeia e toda a cidade precisa numa hora difícil como a baixa estação.Como está, atualmente, a relação da Salvador Destination com a prefeitura e o governo do Estado?A gente tem uma parceria boa com a prefeitura, através da Secult (Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador). Já fizemos diversos convênios e sei que vamos fazer também com o governo do Estado, através da Setur (Secretaria de Turismo do Estado da Bahia). Estamos nos aproximando do governo cada vez mais. É muito importante para toda a cadeia, a Salvador Destination trabalhar tanto com o governo do Estado quanto com a prefeitura. E aqui defendo que eles trabalhem juntos na promoção e na divulgação de Salvador. Isso é importantíssimo para Salvador continuar no topo, sendo um dos destinos mais procurados do país. É importantíssimo que prefeitura e governo trabalhem juntos para aumentar a malha aérea. Isso vai dar um upgrade muito grande para a cidade.Quais foram as principais iniciativas da Salvador Destination ao longo desses 10 anos?Ao longo desses 10 anos, nós trouxemos mais de 40 profissionais de imprensa para a promoção da cidade em jornais, revistas e televisão também. Isso é uma coisa que dá um respaldo para o destino. Tivemos aqui também 80 representantes de entidades de classe nacional e 100 entidades de mercado para conhecer a infraestrutura e a beleza da capital baiana e com o objetivo de convencê-los a trazer mais eventos para a nossa cidade. E trouxemos também vários desses principais presidentes de entidades Eles vêm para cidade e a Salvador Destination oferece tudo: hospedagem, transfers, visita aos pontos turísticos, às salas de convenções, os hotéis também. Nós identificamos o tamanho e o porte do evento e aí direcionamos. Porque não adianta levar um líder que vai fazer um congresso de cinco mil para conhecer uma sala que só pega 100, 200 pessoas. Então, nós fazemos a filtragem e levamos esse pessoal para conhecer os lugares que realmente estão precisando. Esse é um trabalho que a gente faz no dia-a-dia, silenciosamente com todo o apoio do trade.Qual é o legado que a Salvador Destination deixa para a cidade?Nós queremos ser lembrados como o capitalizador que transformou Salvador não apenas num cartão-postal, mas no pólo gerador de oportunidades através do turismo de negócios. Eventos não trazem apenas receitas. Trazem emprego, inovação e orgulho para nossa gente. E, com o apoio do trade e do poder público, estamos construindo essa história. Esse é o legado que a Salvador Destination deixa para a cidade nesses 10 anos. E queremos deixar muito mais como trabalho e ampliando nossos apoios. Nós estamos construindo isso. Vamos ter uma reunião com o secretário de turismo do estado sobre uns projetos novos que a Salvador Destination quer apresentar. Com o apoio de todos, temos certeza que vamos deixar um legado ainda maior para a cidade.Na semana passada, completamos cinco anos do início da pandemia de Covid-19. O turismo foi um dos primeiros setores a parar e um dos últimos a retomar as atividades. Quais lições ficaram desse período? O segmento já se recuperou totalmente?Foi um golpe para o segmento. A nossa cadeia é muito sensível. Nós temos que ter um tratamento diferenciado com relação aos demais setores, porque em qualquer crise é sempre assim: o primeiro a entrar e o último a sair é o turismo. E não foi diferente na Covid. Vários hotéis, restaurantes e bares fecharam. Nossa cadeia tomou um grande prejuízo. Houve um endividamento muito grande da hotelaria. Toda ela teve que recorrer a bancos para manter as portas abertas. E foi o que salvou mesmo. Foram esses empréstimos que ainda estão sendo saudados. Estamos nos recuperando, mas ainda não pagamos as dívidas totais. As dívidas permanecem e nós, com fé em Deus, vamos honrar nossos compromissos com os bancos.Raio-XGlicério Lemos é empresário e consultor hoteleiro, com vasta experiência no setor de turismo e hospitalidade. Desde 2021, ocupa o cargo de presidente da Salvador Destination e também exerce a função de cônsul honorário da Guatemala. Ao longo de quase 50 anos de trajetória no setor empresarial, destacou-se pelo compromisso com o desenvolvimento do turismo brasileiro, especialmente na Bahia. Foi presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA) por dois mandatos, além de coordenador-presidente da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio-BA e presidente da Câmara de Turismo de Porto Seguro.
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