Baixa atuação operacional da Rlam pode afetar recompra, aponta FUP

A Refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como Refinaria Landulpho Alves (Rlam), e privatizada em 2021, está apresentando resultados operacionais bem abaixo dos níveis anteriores à venda. Dados do Departamento Econômico da Federação Única dos Petroleiros (FUP) revelam que a capacidade de processamento de petróleo da refinaria caiu para 200 mil barris por dia, em comparação aos 300 mil barris diários processados antes da privatização. O Fator de Utilização Total (FUT) da unidade, sob a gestão do grupo Acelen, do fundo árabe Mubadala, é de apenas 67%, muito abaixo do FUT médio de 93% registrado nas refinarias da Petrobrás.Leia também>> Com indiciamento de Bolsonaro, FUP exige cancelamento da venda da RLAM>> Petrobras está perto de retomar o controle da Refinaria de Mataripe>> Após Acelen elevar preço, saiba como economizar com gás de cozinha>> FUP e Sindipetro reafirmam pacto sobre recompra da RLAM Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, afirma que essas informações “refletem a realidade de produção da refinaria” e devem servir de base para os cálculos sobre valor e condições de recompra da empresa pela Petrobrás, cujas negociações estão em curso.”O fraco desempenho operacional da refinaria aliado ao monopólio regional privado da Acelen, que pratica o segundo preço de combustíveis mais elevado do país – só perde para a também privatizada refinaria do Amazonas -, mostram que o fundo Mubadala Capital jamais deveria ter entrado na Rlam”, afirma Bacelar. Atento ao processo de recompra da refinaria baiana, ele ressalta que a Rlam e seus ativos logísticos foram vendidos por um valor abaixo do mercado, US$ 1,65 bilhão, o que deve ser considerado nas futuras negociações de compra e venda.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP

|  Foto: Rafaela Araújo/Ag. A TARDE

“Tivemos, na Bahia, desabastecimento de derivados de petróleo, sobretudo de GLP (gás de cozinha), por barbeiragens operacionais da Acelen, e de óleo combustível, porque a empresa exportou toda a produção para abastecimento de navios (óleo bunker)”, ressalta o dirigente da FUP.Bacelar aponta ainda fatores políticos: “O fundo Mubadala não acreditou na vitória eleitoral do presidente Lula e tampouco no fim das privatizações das refinarias e na extinção da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que levou à redução dos preços dos combustíveis praticados pela Petrobrás, pressionando para baixo os preços da Acelen, principalmente em função da refinarias Abreu e Lima (PE) e Gabriel Passos (Regap-MG). Além disso, a Acelen está tendo problemas com a compra de petróleo: ou ela está trazendo o produto importado dos países árabes ou comprando petróleo a preço internacional da própria Petrobrás”.Diante desse cenário, Bacelar acredita que “quem deve estar ansioso para vender a refinaria da Bahia é o próprio fundo Mubadala, porque está perdendo muito dinheiro, pois fez um negócio mal feito, sem avaliar a conjuntura política nacional, e açodado pela ânsia do governo passado em privatização”.

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