Marcas de moda soteropolitanas ocupam espaços e fazem sucesso nacionalmente

Turismo, gastronomia e história são geralmente as primeiras coisas que vêm à mente quando falamos de Salvador. No entanto, um cenário está se descascando, rompendo as barreiras da cidade, ocupando espaços e sendo reconhecido nacionalmente como referência: a moda. Moda essa que vem transformando o cenário local, trazendo novas propostas que exploram o imaginário e ressignificam a forma de se vestir. Em celebração aos 476 anos de Salvador, o portal A TARDE apresenta uma matéria destacando criações inovadoras que fogem do convencional e têm a cidade como inspiração para produções autorais.DendezeiroCriada por Pedro Batalha, de 28 anos, e Hisan Silva, de 27, a Dendezeiro nasceu em Salvador com a ideia de romper barreiras de gêneros e raciais, com roupas que abraçam a criatividade e a diversidade dos corpos. Com apenas cinco anos, a marca já alcançou diversos espaços, sendo protagonista de colaborações importantes, incluindo parcerias com Converse, Instagram, Google, C&A, Chivas Regal e Havaianas e Suvinil.

A marca também trabalhou com diversos artistas, como: Gilberto Gil, Maria Gadú, Liniker, Nujur, Juliette e Léo Santana.

|  Foto: Divulgação/Dendezeiro

Segundo Pedro Batalha, o diferencial da marca está no cuidado e na atenção à diversidade de corpos, algo frequentemente negligenciado na moda tradicional. “Nas modelagens que vão do PP ao GG, há uma infinidade de corpos que não se enquadram nessas categorias. Percebemos esse desconforto pessoal e transformamos em parte fundamental da marca”, explicou Pedro.Ocupando espaços como o São Paulo Fashion Week, considerado o maior evento de moda do país, a marca também foi reconhecida como “a maior grife negra de moda do Brasil” pelo portal Mundo Negro. Em parceria com a Vult, a marca lançou o projeto “Respeita meu Cabelo”, premiado duas vezes no Festival de Cannes, por seu impacto social e político.

A Dendezeiro é para além de uma marca de moda. Ela é um projeto de vida. A gente quis começar a modificar o imaginário das pessoas sobre o que era moda nacional.. Por isso, antes da roupa chegar na mão do consumidor, passa por vários outros conceitos, ideias e pensamentos.

Meninos Rei”Pertencimento, nobreza e legado”, é assim que os irmãos Júnior e Céu Rocha definem a Meninos Rei, criada em 2014 em Salvador, a marca exalta a ancestralidade africana através de tecidos tradicionais e estampas marcantes. Com 10 anos de mercado, a marca prioriza a baianidade e tradição, agregando leituras contemporâneas da moda e detalhes como grandes babados, volumes e camadas.

“O nome ‘Meninos Rei’ vem desse lugar de pertencimento, aquele sentimento de nobreza, de você chegar num lugar que as pessoas te olham por conta do que você estava usando, com estampas e cores vivas. Então isso vem um resgate das nossas ancestralidades”, explica Céu.A marca ganhou notoriedade nacional e internacional participando de eventos como a São Paulo Fashion Week e a Semana de Moda de Milão.

Suas peças já foram utilizadas por artistas e personalidades como Erykah Badu, Ivete Sangalo, Iza, Deborah Secco, Margareth Menezes, Lore Improta e Léo Santana, Denny Denan, Licia Fabio, Márcia Short, Scheila Carvalho e outros.

A gente alimenta a diversidade diariamente. Nó temos consciência do lugar que estamos ocupando e de que somos referência. Em todos os nossos trabalhos, a gente fala muito sobre Salvador e sobre as belezas do nosso lugar.

RaioCom “peças bem construídas e acabamentos primorosos”, a Raio foi fundada em 1994, inicialmente focada em moda praia, e desenvolveu suas primeiras coleções para atender o mercado local. Influenciada pelo sucesso das marcas de jeans e pela força das malharias nacionais, a marca expandiu em 1996, iniciando a produção de roupas em malha, cujas peças rapidamente se tornaram altamente desejadas.

“Hoje, com 31 anos de atuação, consolidamos no mercado a imagem de uma empresa moderna, criativa e comprometida em oferecer um produto com modelagem impecável e produzido em materiais premium, de acordo com o que há de mais novo no segmento e alinhado às tendências internacionais”, explica Jeferson Ribeiro, estilista da marca.Com 90% da equipe formada por mulheres, Jeferson explica que a expertise da marca é vestir o corpo feminino, com produtos desejáveis e confortáveis. 

Com 30 pontos de vendas na Bahia, as criações da marca já foram utilizadas pela cantora Ivete, Cynthia Sangalo, Carla Perez, a empresária Lidiane Farias e as influencers Pri Pena e Pati Guerra.

Salvador nos guia na escolha dos materiais e nos inspira a pensar os produtos para dar conforto e entregar o máximo de feminilidade. Sua arquitetura, história e baía estão presentes em nosso dia a dia, nos abraçando e exercendo influência no modo com enxergamos a nossa marca, querendo cada dia mais próxima da leveza mas com a força de resistir ao tempo e permanecer nas boas memórias.

InttuíA Inttuí nasceu em maio de 2020 em Feira de Santana, na Bahia, mas se consolidou em Salvador dois anos depois. Segundo Washington Carvalho, de 26 anos, fundador da marca, ela “surgiu a partir de uma profunda reflexão sobre a vida e a autocompreensão, para materializar as referências que construí através do que vivi”.

|  Foto: Divulgação/Inttí

“Somos uma marca de vestuário com 90% do nosso produto agênero. Fazemos uma alfaiataria moderna, oversized, solar e fluida , mesclando texturas, bordados, arquitetura, curvas, cores e tramas naturais. A marca mescla o que é cultural, regional e ancestral com arquitetura, alfaiataria e códigos de alta costura, criando um novo conceito do que é “luxo”, conta Washington.

Suas peças já foram utilizadas por artistas e personalidades, como Saulo, Xandy, Iza, Daniela Mercury e Léo Santa. A marca também coleciona marcos de reconhecimento em participações de eventos fora de Salvador, como o Eco Fashion Week, que aconteceu em São Paulo, em 2024.

|  Foto: Divulgação/Inttuí

Segundo Washington, o atendimento de cada cliente é feito de forma única e íntima. “Nosso  atendimento é bem particular, onde a pessoa pode passar as medidas, entender o que ela gosta, e dependendo do caso, podemos até trocar a cor do produto ou fazer ajustes para criar algo exclusivo”.

Mesclamos a alfaiataria com um olhar mais fresco, sempre respeitando o nosso clima brasileiro. Fazemos roupas não apenas para exibição, mas para vestir. Buscamos uma alfaiataria mais leve, trabalhando com camadas e bordados e miçangas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.