Candidato da oposição na eleição para a presidência da Unimed Natal, marcada para esta segunda-feira 31, o médico Márcio Rego passou a campanha criticando a atual diretoria da cooperativa. No entanto, o que deveria ser o pilar de sua argumentação desabou dias antes da votação, quando veio à tona a informação de que ele, como coordenador do Conselho Fiscal, aprovou todas as prestações de contas da gestão que agora tenta substituir.
Sem qualquer ressalva, Rego deu aval aos números apresentados pela diretoria do presidente Fernando Pinto nos anos de 2021, 2022, 2023 e também em 2024, contradizendo diretamente o tom de confronto adotado publicamente. A revelação pegou até apoiadores de surpresa e gerou desconforto interno na campanha da Chapa 2. Muitos se disseram “traídos” com o contraste entre discurso e prática.
A incoerência provocou questionamentos entre os próprios cooperados, que agora se perguntam se as críticas do candidato oposicionista têm base concreta ou são apenas parte de uma estratégia eleitoral. A situação tem sido explorada pela Chapa 1, encabeçada por Ricardo Queiroz, apoiado pela atual diretoria.
O desgaste se intensificou com a lembrança de que, além de validar os balanços da gestão que tanto ataca, Márcio também foi o responsável por pedir a paralisação da obra do novo hospital da cooperativa, o CSU. O projeto é considerado uma das principais iniciativas em andamento na Unimed Natal e é visto por parte dos cooperados como avanço para a ampliação e modernização da rede própria.
Outra contradição que ronda a candidatura de Márcio é sua proposta de eliminar o modelo de pro rata adotado pela cooperativa. Ele tem afirmado que, se eleito, “acabará de fato com o pro rata”, modelo pelo qual os médicos recebem de forma proporcional aos atendimentos realizados. A promessa, no entanto, entra em conflito com os registros de sua atuação no Conselho Fiscal, onde aprovou todos os reajustes e contas que mantiveram esse sistema de remuneração em vigor.
A sucessão de contradições expôs uma fragilidade na linha de argumentação da oposição às vésperas da eleição, que contará com cerca de 1.300 cooperados aptos a votar. Procurada pela reportagem para comentar a aprovação das contas que hoje critica, a assessoria de Márcio Rêgo foi acionada, mas preferiu não se pronunciar.