Patamares atrai com nova orla e tranquilidade para moradores

Gigante em toda sua natureza e cada vez mais atrativo para moradores e frequentadores, Patamares está passando por uma reurbanização que irá proporcionar um espaço mais acessível e funcional para a população. Amplos calçadões, ciclovias, parques infantis, quiosques, quadras esportivas, academias ao ar livre, estacionamento e uma passarela que liga o Parque Urbano da Orla – um trecho de 3,5 mil quilômetros entre a Boca do Rio até Patamares – ao Parque de Pituaçu, fazem parte desse projeto, que irá valorizar ainda mais Patamares.Quiosques para a instalação de bares, restaurantes, venda de coco verde e baianas de acarajé, tendas de praia, parques infantis, academias ao ar livre, quadras de beach tênis, quadra de futsal com grama sintética, áreas de estar e contemplação, chuveirões para banho pós praia e armários para guardar objetos. Tudo isso margeado por um calçadão pavimentado – com rampas acessíveis tanto na parte interna quanto externa, na direção da faixa de areia – e ciclovias, além de estacionamento, iluminação pública em LED e pontos de ônibus.

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“Todo projeto urbano, ainda mais um desta magnitude, sempre é desafiador, pois existem muitas variáveis, principalmente embaixo do solo. Vimos nesse trecho a oportunidade de fazer um projeto de renovação e alteração estrutural para criar o que chamamos de parque linear na Orla Marítima de Salvador, com foco nos pedestres e ciclistas, conectando o Parque Urbano da Orla ao Parque Pituaçu por uma passarela para esse público”, explica o arquiteto Adriano Mascarenhas, fundador do escritório Sotero Arquitetos, responsável pelo projeto.O parque linear, aponta o arquiteto, está criando um novo lugar de lazer, atividade física e gastronomia diversificada para a população. “A consolidação dessa estrutura virar em um segundo momento ainda este ano, com a conceção da área para uma gestão privada (Orla Brasil, empresa carioca) que deverá ter um olhar atento na operação dos novos comerciantes e nos antigos permissionários da região que desejem ficar, assim como cuidar da região e áreas verdes, por exemplo. Isso tudo sem interferir no ir e vir das pessoas”, explica Adriano Mascarenhas, ressaltando que a gestão completa “a transformação radical do projeto urbanístico”.Além da nova gestão, o arquiteto destaca dois itens do projeto: os chuveiros para os banhistas e o guarda-volumes. “Eles já foram instalados outras vezes em Salvador, mas nunca funcionaram bem, sobretudo os armários, mas esperamos que a nova gestão consiga fazer dar certo. Queremos ampliar também as áreas de sombreamento, áreas de estar, pet places e a promoção de eventos culturais e esportivos. Fiquei muito satisfeito com o resultado do projeto e no que ele irá se tornar ao longo dos próximos anos”, afirma Adriano Mascarenhas.

Patamares

|  Foto: Olga Leiria | AG. A TARDE

“O sentimento que tenho morando em Patamares é o de pertencimento. Pertenço a esse ecossistema, é um local onde me enquadro e onde cada dia vejo um verde, um passarinho, um comportamento diferentes… E sinto a vida como ela deve ser vivida. Se pudesse, colocaria todos em um projeto similar e com essa qualidade de vida. Hoje, prestes a fazer 81 anos, acredito que não só a felicidade que sinto, mas a minha boa saúde está ligada ao fato de ter morado em Patamares metade da minha vida”, conta o engenheiro de eletrônica e segurança Ary Blasquez, que há 40 anos mora no bairro, na Colina A, e é ex-presidente da Associação dos Moradores da Colina A (Amcap).Ary Blasquez, que também é mestre em administração, se apaixonou pela região assim que a conheceu e, claro, fez parte da criação do projeto da casa onde mora até hoje, “uma casa feita em patamares no bairro de Patamares”, salienta ele, que é cercada de uma imensa área de Mata Atlântica. “Vivemos em harmonia com todo esse verde e digo sempre que não construí essa casa para mim, mas para estar aqui, ainda em boa convivência com seu entorno, daqui a mil anos. Por isso que vejo alguns aspectos da reurbanização como uma pequena ameaça, não para mim e sim para o futuro, caso o número de construções cresça demais”, explica.Para a administradora e designer de interiores Fernanda Oliveira, que mora há 14 anos no bairro, o ideal é que a conclusão dessa reurbanização e tudo que vier a florescer depois, seja feito com equilíbrio. “É preciso manter as áreas verdes e a tranquilidade, mas modernizar a infraestrutura. Assim, o bairro se valoriza sem perder sua essência, pois é um lugar que une paz e praticidade. Porém, queremos mais infraestrutura e a segurança que uma boa iluminação, sinalização e câmeras de monitoramento podem proporcionar a mais. Essa reurbanização que está sendo feita é um caminho para isso”, explica.Fernanda aponta que o bairro possui boas escolas e o comércio tem crescido bastante nos últimos anos, o que tornou Patamares aquele tipo de bairro que dá para fazer tudo a pé: ir à academia, tomar café em família, praticar corrida e até levar os filhos à escola. “Não precisamos enfrentar trânsito para fazer coisas do dia a dia, o que é um alívio”, ressalta a administradora. E é essa praticidade do bairro, junto a sua extensa área verde – só o Parque Ecológico Vale Encantado Patamares possui uma área de mais de 1 milhão de m² de Mata Atlântica -, têm tornado o bairro cada vez mais atrativo para o setor imobiliário.”E a reurbanização irá turbinar ainda mais esse interesse. A implantação dos equipamentos de lazer e atividade física, além dos quiosques, vai trazer mais pessoas e movimento para a região. Isso é algo que a Orla de Patamares estava precisando já faz um tempo. A realidade é que as inovações e reurbanizações ao longo de toda a Orla de Salvador mudou a visão que a população tinha da área, principalmente quanto à segurança. E isso, claro, tem ajudado muito na venda e aluguel de imóveis. Em Patamares, por exemplo, o m² tem chegado a variar entre R$8 mil e R$15 mil”, explica o corretor de imóveis Adalberto Duque.O bairro de Patamares, assim como outros bairros como Jaguaribe, Piatã e Stella Maris, aponta o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), tem experimentado um crescimento significativo no número de lançamentos imobiliários. “Ao analisarmos a série histórica, observamos que a participação desses lançamentos na região saltou de 13% em 2019 para 36,7% em 2023. Esse aumento é impulsionado por diversos fatores, sendo um dos principais o crescimento de infraestrutura e serviços aliados à escassez de espaço em áreas tradicionais”, explica.Isso faz com que Salvador precise estudar todo seu território e expandir seu olhar para outras possíveis áreas residenciais, comerciais e de uso público, criando assim novos contornos urbanos. “Os novos empreendimentos que surgem e que ainda podem surgir no futuro em Patamares contribuem para o desenvolvimento sustentável e trazem benefícios para toda a região circundante, levando a valorização”, destaca Cláudio Cunha.

Boa parte do calçadão de Patamares está pronto

|  Foto: Olga Leiria | AG. A TARDE

Boa parte do calçadão e ciclovia do Parque Urbano da Orla já está pronto e a moradora da região, a administradora Milene Behrens já tem aproveitado ele muito bem em suas corridas matinais. “Eu corria e caminhava por aqui antes e a diferença é enorme. Sinto não só mais segurança, mas também mais liberdade e facilidade de fazer as atividades físicas, sabe? Meu único receio é quanto a gestão dos quiosques, pois eles estão ao lado do calçadão e tenho torcido para que quando essa parte gastronômica começar a funcionar existam medidas para limites de cadeiras e mesas, e a produção de lixo também, por exemplo”, reflete.Milene costuma convidar a amiga Ana Carla Dávila, professora de educação física da rede municipal de ensino, para se exercitar e a educadora destaca o quanto o novo formato do calçadão que segue sendo construído – mais largo e com uma divisão clara entre área de pedestres e de ciclistas – é o que logo chama atenção. “Torna mais fácil para a gente não só realizar as atividades físicas, mas também acessar a praia de forma mais fácil e tranquila. O que sinto ainda é falta de policiamento. Mas entenda, não é que não tenha, vemos muitos polícias durante nossas corridas, só gostaria que houvessem mais rondas”, explica a professora.Para o administrador de empresas e mestre em gestão de riscos, Vinício Alberto da Fonseca, presidente da Amcap, a reurbanização da Orla é uma “intervenção positiva, apesar do excesso de cimento e pouca área permeável”. Comércio, segurança, higiene, resíduos… Vinício Alberto ressalta a atenção extra que é preciso ter quanto a tudo isso na área dos quiosques. “Só assim não teremos uma ocupação desordenada. A requalificação será positiva desde que a ocupação do novo espaço seja feita de forma ordenada, evitando a informalidade”, afirma.Morador de Patamares há cinco anos, Vinício destaca que a presença de cimento e concreto é muito menor em Patamares se comparado a outros bairros. “É por isso que a gente diz que é o primeiro bairro ecológico planejado da cidade de Salvador e a gente quer manter assim, por isso precisamos ter cuidado com a pressão da urbanização. Outra coisa importante e necessária é haver um policiamento organizado e iluminação adequada, pois no trecho existem áreas de desovas de tartarugas marinhas em extensão, que a luz excessiva prejudica. A verdade é que esse projeto de reurbanização é bem vindo, mas deve se atentar para que o seu desenvolvimento e futuro seja sustentável. Isso é o que nós, moradores, queremos”, afirma.Restaurantes, lanchonetes, lojas diversificadas, pequenos shoppings, bares, escolas, faculdade e até parque aquático… Tudo isso você encontra em Patamares. “Se você mora aqui, só um trabalho e talvez a faculdade em outro bairro te mantém distante. Ou coisas mais específicas, como um cineminha, pois até circo temos perto, com o Picolino em Pituaçu, coladinho com Patamares e o próprio Beach Club, que são espaços que você não vê em todo lugar. É realmente um lugar muito agradável para morar, sabe? Tenho zero vontade de me mudar um dia”, afirma a estudante de enfermagem Adriana Santos, moradora de Patamares.A jovem destaca que a reurbanização vai melhorar ainda mais o lazer da região, assim como a vida noturna. “Minhas expectativas estão bem altas para os quiosques. Espero de verdade que tenha bares e restaurantes diferentes, com várias opções. Essa Orla vai ficar linda e bem movimentada”, acredita Adriana. A reurbanização deve atrair ainda mais negócios para a região, que já vem sendo renovada. “Muitos prédios comerciais estão sendo colocados à venda ou para aluguel na região, e não deve demorar a serem comprados para que novos empreendimentos surjam”, explica o corretor de imóveis Adalberto Duque.O interesse imobiliário em Patamares, que já vinha crescendo nos últimos anos, deve aumentar ainda mais depois da reurbanização, atraindo uma diversidade de pontos comerciais. Um bem recente é o Pátio Patamares Open Mall, uma área comercial a céu aberto inaugurada em 2024 que reúne restaurantes, hamburgueria, açaiteria, pet shop, drogaria e outros estabelecimentos comerciais que ocupam uma área recuada (não interferindo na via pública) no número 148 na Rua Bicuíba na Colina A de Patamares.Com estacionamento e uma área ampla e arborizada com mesas e cadeiras para os frequentadores, o Pátio Patamares é um exemplo da harmonia que o bairro cultiva entre o cimento da urbanização e o verde da natureza preservado. “É uma evolução enorme para os moradores. E não falo isso como empresária, mas sim para moradora. Espaços como o Pátio nos dão a oportunidade de ter um ambiente confortável, com uma diversidade de empreendimentos onde você pode vir com sua família passar a tarde, tomar um café ou açaí, por exemplo”, explica a moradora de Patamares e empresária Márcia Figueredo D’Souza.Em julho do ano passado, Márcia abriu uma franquia da chocolateria Kopenhagen no Pátio Patamares, ajudando a diversificar ainda mais o comércio do centro comercial e do bairro onde mora há mais de 10 anos. “E temos tido um bom retorno do público. Muitos jovens universitários vem aqui tomar algum dos cafés, assim como o público mais velho e muitas crianças, que ficam deslumbradas com os chocolates. É um público bem diversificado e que vêm à loja durante toda a semana, criando diferentes horários de pico”, relata a empresária.E o centro comercial a céu aberto já se tornou ponto de encontro. Visitando um amigo que mora em Patamares, o estudante de veterinária Anderson Santana, do Imbuí, combinou de encontrar o amigo no Pátio para almoçar. “Acho que faltam lugares assim no resto da cidade. Entendo todo o apelo dos grandes shoppings e tudo o mais, mas esses espaços menores são bem mais acolhedores e falam muito do bairro onde estão, né? Sem falar do clima familiar que eles têm. Acho muito interessante e atrativo”, afirma.

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