HPV e câncer de colo do útero: Especialista alerta para baixa adesão à vacinação no Brasil

A ginecologista Ana Katherine Gonçalves, professora da UFRN e membro do Conselho Construtivo da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (SOGORN), alertou para a baixa adesão à vacinação contra o HPV no Brasil, fator que impacta diretamente na incidência do câncer de colo do útero. Durante entrevista ao Jornal 91 FM, a médica ressaltou a importância da imunização e da prevenção para reduzir os casos da doença, que ainda faz muitas vítimas no país.

“A vacinação é gratuita, em especial entre crianças de 9 a 14 anos. Só ir no posto de saúde. Agora o Ministério da Saúde está preconizando uma dose apenas, o que vai sobrar, e tem sobrado muita vacina nos postos, porque os pais não têm levado as crianças. Essas vacinas são caras e elas realmente são efetivas e não causam mal, então é muito importante que os pais levem as crianças para diminuir a circulação do vírus”, afirmou Ana Katherine.

Uma das causas para o câncer de colo do útero é o HPV, uma doença sexualmente transmissível, e sua prevenção está diretamente ligada à vacinação e à realização de exames periódicos. A especialista destacou que, em países como a Austrália, a ampla adesão ao programa de vacinação praticamente erradicou a presença do vírus. “Lá tem um programa de vacinação muito forte. A Austrália tem sido o exemplo para o mundo”, disse.

No Brasil, a realidade ainda é diferente. De acordo com a ginecologista, 65% dos casos de câncer de colo do útero são diagnosticados tardiamente, quando a doença já está em estágio avançado e com poucas opções de tratamento. “O câncer de colo, ele é assintomático, ainda mata muitas mulheres, e 65% dos casos ainda são diagnosticados quando não tem mais o que se fazer”, alertou.

Além da vacinação, medidas de prevenção como o uso de preservativo e exames regulares são essenciais. No entanto, Ana Katherine observou que a adesão ao preservativo ainda é baixa no Brasil. “As medidas comportamentais, como o uso de preservativo, infelizmente não têm uma boa adesão no público brasileiro”, afirmou.

Uma das inovações para facilitar a detecção precoce do HPV é um novo teste molecular, que substitui o exame de Papanicolau e pode ser feito por autocoleta. “Esse teste detecta o DNA do vírus antes que ele cause o câncer. Pode ser feito através de autocoleta, ou seja, a própria mulher pode fazer a coleta e encaminhar esse material através do correio ou do agente de saúde”, explicou a médica. A novidade, já em fase de testes no Brasil, ainda não está disponível no Rio Grande do Norte.

Enquanto a nova tecnologia não chega ao estado, a ginecologista reforçou a necessidade de conscientização e acesso à vacina para a prevenção do HPV e do câncer de colo do útero. “A prevenção é muito importante, porque o câncer de colo uterino é assintomático. Ele não mostra sintomas”, concluiu.

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