Qualidade da água do Rio Jundiaí piora e passa de boa para regular em Salto, no interior de SP


Cinco cidades das regiões de Sorocaba e Jundiaí (SP) participam do estudo da Fundação SOS Mata Atlântica, em oito trechos de cinco rios. Para ONG, cenário é desafiador. Mais de 2 mil voluntários participaram das análises de 2024, que foram divulgadas pela Fundação SOS Mata Atlântica
Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação
A água de um trecho do Rio Jundiaí, em Salto, município do interior de São Paulo, piorou entre 2023 e 2024. É o que aponta o relatório divulgado pela ONG SOS Mata Atlântica, entre sexta-feira (21) e sábado (22), que afirma que a qualidade do rio passou de boa para regular. A piora representa a maior preocupação para as regiões de Sorocaba (SP) e Jundiaí (SP).
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O relatório, do programa de mobilização Observando os Rios, que avalia a qualidade da água por meio do Índice de Qualidade da Água (IQA), reúne dados coletados em 112 rios entre janeiro e dezembro de 2024. Das regiões de Sorocaba e Jundiaí, são cinco cidades participantes do estudo, em oito trechos de cinco rios. A maior parte destes pontos se manteve na condição de regular.

Os responsáveis por verificar a qualidade do Rio Jundiaí foram os voluntários do Observando os Rios, que cuidam do trecho. No estudo, eles apontam o crescimento dos bairros no ponto de monitoramento.
“Em toda incursão de coleta e análise da qualidade da água do rio, os voluntários sentem forte cheiro de esgoto e notam a presença de espuma em demasia. Apesar de ter um coletor tronco de esgoto próximo ao ponto de coleta, a suspeita é de que deve haver despejos irregulares de esgotos domésticos.”
Mais de 2 mil voluntários participaram das análises de 2024 no programa de mobilização Observando os Rios da Fundação SOS Mata Atlântica
Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação
Veja os rios e cidades das regiões de Sorocaba e Jundiaí que participam das coletas:
Cabreúva: Ribeirão Cabreúva;
Itu: Rio Tietê;
Salto: Rio Piraí, Rio Tietê e Rio Jundiaí;
Sorocaba: Rio Sorocaba.
Com exceção de um dos quatro trechos analisados do Rio Jundiaí, todos os demais trechos tiveram o Índice de Qualidade da Água considerados regulares.
Espuma tóxica no Rio Tietê, em Salto (SP)
Audelei Lima
Impactos à saúde pública
Conforme Cesar Pegoraro, biólogo da causa Água Limpa da Fundação SOS Mata Atlântica, a situação do Rio Jundiaí, em especial no trecho onde a qualidade caiu, gera impactos e consequências para a saúde pública.
“Essa condição da perda de qualidade no Rio Jundiaí reflete uma situação que naturalmente pode acontecer aos rios, dependendo do regime de chuva. Contudo, havendo essa narrativa de que bairros estão surgindo e o saneamento básico nem sempre está sendo levado a sério por esses novos cidadãos e pelo poder público, é claro que há um impacto dessa moradia das pessoas e da não seriedade da coleta e do tratamento de esgoto, e isso obviamente se reflete no rio e traz consequências aos usos múltiplos do rio, à saúde pública.”
Ainda conforme o biólogo, há a necessidade de ação educativa para as pessoas que vivem às margens do rios, além de ações fiscalizatórias para coibir a atuação: “Não é justo que um rio receba os dejetos, os efluentes de qualquer tipo de atividade humana, seja ela doméstica, industrial ou agrícola, não importa”.
Cesar também comentou sobre a manutenção dos rios em situação regular, sem mudanças de um ano para o outro. De acordo com ele, os rios estão impactados e precisando de atenção e ações de recuperação. “O fato desses resultados se apresentarem ao longo dos anos, de seguidos anos, indica obviamente que nós temos ações ainda pouco ambiciosas no quesito saneamento básico.”
Espuma no Rio Sorocaba gerada pelo descarte do efluente tratado da ETE Itanguá compõe denúncia contra o Saae de Sorocaba (SP)
Reprodução
Cenário desafiador
Conforme a ONG, no cenário geral, em todos os estados analisados, a qualidade da água dos rios da Mata Atlântica não apresentou sinais significativos de recuperação nos últimos anos, e a situação é preocupante.
No novo estudo da organização, que reúne dados coletados em 112 rios entre janeiro e dezembro de 2024, a água de mais de 75% dos pontos monitorados foi classificada como regular, ou seja, já é muito impactada pela poluição e necessita de tratamento para o consumo humano. Além disso, o número de ocorrências de qualidade ruim e péssima aumentou.
Ao longo do ano, foram realizadas 1.160 análises em 145 pontos de coleta, distribuídos em 112 rios e corpos d’água, abrangendo 67 municípios de 14 estados da Mata Atlântica. No total, 111 grupos voluntários participaram do levantamento. Os resultados apontam que:
11 pontos (7,6%) apresentaram qualidade boa;
109 (75,2%) ficaram na categoria regular;
20 (13,8%) foram classificados como ruins;
5 (3,4%) atingiram a pior classificação, péssima.
Conforme a ONG, mais uma vez, nenhum ponto registrou qualidade ótima. Mais de 2 mil voluntários participaram das análises de 2024.
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