Protagonismo feminino: mais mulheres na chefia e em cargos de alto risco

Karen Milach gerencia 136 funcionários na produção do coque da ArcelorMittal, na unidade Tubarão

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Vitor Bermudes/Mosaico Imagem

Tarefas arriscadas, que demandam habilidade técnica, são muitas vezes encaradas no mercado de trabalho como atividades masculinas. O cenário, porém, está mudando nas empresas, inclusive no Estado.Movimentar uma carga de toneladas de peso ou manobrar um grande navio responsável por transportar mercadorias importantes para a economia local são funções que hoje são ocupadas por mulheres em indústrias e ambientes comerciais no Estado.Essas funções incluem não só cargos de operação, como os de chefia. É o caso da Karen Ferreira Milach, de 37 anos, gerente de Área da Coqueria da ArcelorMittal, unidade Tubarão.Primeira mulher a ser promovida a essa função na empresa, hoje ela gerencia 136 funcionários responsáveis por manter a produção do coque — uma espécie de carvão — utilizado para aquecer fornos que produzem o aço. “São fornos que chegam a uma temperatura de 1.350ºC. É uma atividade que demanda atenção e equipamentos especiais”, conta.Há dois anos como gerente, Karen relata ter visto e participado do crescimento do número de mulheres, uma das políticas que fazem parte do planejamento estratégico da ArcelorMittal.Hoje, 10% da equipe que gerencia diretamente são mulheres. Em 2019, eram 8%. Para os cargos de liderança em toda a empresa, o crescimento foi maior: saiu de 9% para 18% em cinco anos.A meta do Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão da metalúrgica é alcançar 25% de mulheres em cargos de chefia até 2030. Para que essa estratégia seja efetiva, os espaços e equipamentos precisam ser adequados ao público feminino, uma ação que está sendo feita nos últimos anos.“Os equipamentos de proteção individual (EPIs), que não eram feitos para o corpo das mulheres, agora são”, conta a gerente. Embora reconheça que há outros avanços a serem realizados, Karen diz que as políticas já vêm surtindo efeitos positivos até nas famílias dos empregados.“Nós, mulheres, temos o olhar do cuidado. De ligar para a família de um funcionário e saber se ele está bem. As próprias esposas vêem positivamente a liderança feminina. Daqui a alguns anos, serão as filhas dos funcionários (homens) que estarão aqui”.Habilidades valorizadas para posição de gestorasA exigência cada vez maior por habilidades comportamentais nas empresas está mudando a percepção dos altos escalões sobre a possibilidade de colocar mulheres em cargos de liderança.Segundo a pesquisa Work Relationship Index, feita pela empresa de tecnologia HP, 52% das líderes mulheres disseram sentir confiança em suas habilidades humanas, como empatia, comunicação e autoconsciência, em comparação com apenas 39% dos homens.Essas habilidades acabam dando às mulheres uma posição de gestoras mais eficazes, como comenta a especialista em Recursos Humanos Eliana Machado. “Elas costumam ser naturalmente mais atentas aos detalhes, mais cuidadosas com o trabalho e na relação com o outro. Isso diferencia elas no mercado”.A inteligência emocional, ou seja, a capacidade de manter a sobriedade em situações de crise, é uma habilidade apontada pelo estudo como mais presente no público feminino.“Em termos de habilidades humanas, essa é uma área em que as mulheres com alta inteligência emocional, aliada à competência técnica, se destacam”, diz Alexa Chilcutt, professora de educação executiva na Johns Hopkins Carey Business School à revista Forbes.As mulheres também têm se qualificado mais para se inserir no mercado de trabalho e para manter evolução consistente dentro dele. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, aponta que a frequência escolar entre mulheres e homens de diferentes idades foi, em todos os casos, superior para o público feminino.Navios de 200 metros

Carolina Natali Halász

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Divulgação

Carolina Natali Halász, de 41 anos, é supervisora de serviço de tráfego de embarcações da Vports, concessionária do Porto de Vitória. Antes de entrar para o cargo de gestão, ela já pilotou navios de até 200 metros de comprimento, tendo subido pelo Rio Amazonas até Manaus e atracado em portos como os de Fortaleza, Suape, Salvador, Rio de Janeiro, Santos, Paranaguá e São Francisco do Sul. Formada pela Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante no Rio de Janeiro, ela conta que em uma turma de 105 alunos, 30 eram mulheres.Até 60 toneladas de carga

Renata Nunes Scarpati

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Renata Nunes Scarpati, de 44 anos, é operadora de equipamentos portuários na Portocel, em Aracruz, e dirige empilhadeiras que transportam até oito toneladas de produto diariamente.Antes, Renata já foi motorista de caminhão de lixo e carreteira, levando cargas de madeira e granito de até 60 toneladas.No Porto, Renata conta ter havido avanços. “A gente tem percebido uma visão maior para a diversidade. Há mais oportunidades para mulheres”, diz ela, que foi indicada por outra mulher ao cargo.SAIBA MAISPolíticas de igualdadeO Programa Nós, da Portocel, é outro exemplo de iniciativa que busca ampliar a representatividade e valorizar as diferenças, aumentando a participação feminina no quadro de colaboradores.a presença feminina na gestão da empresa portuária, em Aracruz, já alcançou 50% do quadro gerencial. Entre os colaboradores, 16,2% das vagas são ocupadas por mulheres.Para ampliar a participação, o terminal segue investindo na capacitação e atração de profissionais. Em 2024, a Portocel promoveu uma roda de conversa com mulheres do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), discutindo desafios e oportunidades na atividade portuária.Em parceria com o Senai, a empresa ofereceu um curso exclusivo de Operação de Empilhadeiras para mulheres de Aracruz, incentivando a qualificação profissional e ampliando a empregabilidade feminina no setor.Fonte: Portocel.

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