E se eu tivesse a chance de me encontrar comigo mesma em fases distintas da vida?

Segunda-feira, dia 17 de março, fiz 48 anos. E por estar mudando de pele, de ciclo, de período, me peguei pensando em uma resposta que dei a um grupo de alunos que me entrevistaram para produzir uma memória literária.

Fui procurar o arquivo que os havia enviado e a partir do que lhes respondi dei-me o direito de fazer pequenas alterações e acréscimos para construir a coluna de hoje. Minha coluna de FELIZ VIDA, de FELIZ ANIVERSÁRIO, BIA!

Meninos, olha, tenho certeza de que meu eu criança está felicíssima pela mulher que eu me transformei. Meu eu criança está em festa. Ela está balançando as perninhas em cima de uma cadeira de roda-gigante, comendo algodão-doce. Minha criança está rindo. Minha criança está cheirando a pipoca e manteiga. Minha menina está se lambuzando, está batendo palmas, está achando a coisa mais linda do mundo essa boneca de 1,77m que ela ganhou de presente.

Essa boneca enorme que fala pelos cotovelos, que dança, que beija, que abraça, que rebola, que ensina, que sorri e canta. Ela está amando essa boneca na qual eu me tornei, na qual aquela criança se transformou. Ela está felicíssima, felicíssima, felicíssima e realizada… disso eu tenho certeza.

Preciso dizer que se eu olhar lá para o futuro, mais um pouco, e olhar para mim hoje, eu vou ficar como a menina vendo sua versão adulta: sentada numa cadeira da roda-gigante, balançando as pernas. Eu estarei comendo algodão-doce e pipoca. Eu vou estar cheirando a manteiga. Estarei dançando, cantando e rindo. Eu vou estar esbanjando amor, apesar das dores, porque acredito que a criança que fui, a pessoa que sou hoje e a pessoa que um dia eu serei não se desassociam.

Se eu tiver a chance de viver ainda muita coisa pela frente como eu gostaria – eu queria viver mais de 50 anos – tenho certeza que aquela velhinha, quando olhar para essa bonita que sou hoje, para esse mulherão que eu sou hoje, também baterá (ou seria baterei, já que serei eu) palmas e estará (ou seria estarei, afinal, serei eu) felicíssima e orgulhosa.

Ela dirá: “Continue, gata! Sou feliz hoje, porque você se fez feliz a vida toda! Eu me amo, porque você entendeu que se amar era poderoso. Arrasa, minha filha, minha menina e faça o que lhe der na teia! Conquiste! Ocupe! Brigue! Queira bem, ame, se jogue, cante, dance, ria, declame, gargalhe! Experimente, se declare, fale, se expresse, escreva, tome seus drinks, crie seus animais, beije, transe, sofra, se decepcione, chore, reclame!!! Aproxime-se, afaste-se, esqueça, lembre, abrace, quebre a cara, falhe, não dê conta… mas viva, viva!!! Afinal, você tem tatuada em sua pele uma lição clariceana: VIVER É LUXO.”

A senhorinha que gostaria de me tornar arremataria sua fala dizendo: “Se um dia você foi a menina numa roda-gigante, lambuzada e cheirando a coisas tão boas e marcantes, não esqueça de que você também já brincou na montanha-russa… e sentiu medo, e frio na barriga e vontade de fechar os olhos para não vê o que te amedrontava. Lembre-se de que você absorveu tudo o que o universo te proporcionou, te proporciona… Isso me fará olhar pra trás e querer viver tudo de novo. Sem culpas e sem arrependimentos. MAKTUB!

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