Fetronor comemora 50 anos com seminário sobre futuro do transporte público

A Fetronor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste) celebra 50 anos em um momento de intensas transformações no setor de mobilidade urbana. Para marcar a data, a entidade realiza, dia 11 de abril, um seminário no auditório do Sest Senat de Natal, reunindo especialistas e autoridades para discutir os desafios e o futuro do transporte público. O evento contará com a participação do ex-ministro da Fazenda, Evaristo da Nóbrega, que abordará o cenário econômico do país e seus impactos no setor.

“As coisas não estão acontecendo como deveriam, e queremos ouvir de quem já esteve no comando quais são os caminhos possíveis para o Brasil”, afirmou o presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras.

Segundo ele, a mobilidade urbana enfrenta um momento crítico, com o aumento do tráfego de veículos particulares e a falta de políticas efetivas para priorizar o transporte coletivo são alguns dos principais desafios enfrentados atualmente.

Criada para representar e apoiar as empresas de transporte, a Fetronor iniciou suas atividades com abrangência em 16 estados. Com o crescimento do setor, foi segmentada em seis federações distintas, mantendo atualmente sua atuação nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

“São 50 anos de muito trabalho, enfrentando desafios diários, e seguimos firmes em nosso compromisso de oferecer transporte de qualidade à população”, concluiu Laranjeiras.

Aumento do ICMS pode encarecer ônibus novos e peças de reposição

A elevação do ICMS para 20%, que entrou em vigor nesta quarta-feira 20, deve impactar diretamente os custos de manutenção e renovação da frota de ônibus no Rio Grande do Norte. Segundo Eudo Laranjeiras, o aumento não afetará imediatamente o preço das passagens, mas poderá encarecer insumos essenciais para o setor.

“O transporte público já estava isento do ICMS sobre o diesel, então esse aumento não impacta diretamente na tarifa. Mas peças de reposição, novos veículos e outros insumos fundamentais para o funcionamento das empresas ficarão mais caros”, explicou o presidente da Fetronor.

Com o aumento dos custos, o empresariado do setor teme a necessidade de reajustes futuros. “Os comerciantes repassam imediatamente esse tipo de aumento para o consumidor. No nosso caso, ainda não, porque já temos alguns subsídios em vigor, mas a pressão para aumentar as tarifas sempre existe”, afirmou.

O transporte intermunicipal, que não sofre reajuste há mais de um ano, é apontado como o mais suscetível a um aumento nos próximos meses. A decisão, no entanto, ainda depende de avaliações do governo estadual. “O que precisamos saber agora é se o governo continuará subsidiando ou se haverá novos ajustes para compensar essa alta de custos”, ressaltou o presidente da Fetronor.

Fetronor defende subsídio ao transporte para evitar colapso do sistema

O transporte público não se sustenta apenas com a tarifa paga pelos passageiros. Essa é a avaliação de Eudo Laranjeiras, presidente da Fetronor, que defende a ampliação dos subsídios governamentais como forma de manter o sistema viável e acessível para a população.

“O transporte coletivo é um serviço essencial, como energia elétrica. Ele está disponível para todos, independentemente do uso. No mundo inteiro, o transporte público recebe algum tipo de subsídio, e no Brasil não pode ser diferente”, argumentou.

Atualmente, diversas cidades do país adotam subsídios parciais ou integrais para manter a tarifa acessível. O modelo de tarifa zero, implantado em algumas localidades, é visto pelo presidente da Fetronor como insustentável. “A conta precisa ser paga de alguma forma. Nenhum município tem capacidade financeira para arcar sozinho com a gratuidade total”, afirmou.

No Rio Grande do Norte, o governo estadual tem aplicado medidas de subsídio indireto, como a isenção do ICMS sobre o óleo diesel e as passagens intermunicipais. Segundo Laranjeiras, essas iniciativas ajudam a equilibrar o sistema, mas não são suficientes. “Sem um plano de subsídio mais estruturado, o sistema entra em colapso, pois os custos continuam crescendo”, alertou.

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