Lázaro Ramos revela que comprou casa em que mãe foi agredida e transformou em ONG

“A sensação foi de vingança misturada com justiça e insegurança”, descreve

|  Foto:
– Divulgação/Instagram

Lázaro Ramos lançou nesta semana o livro Na Nossa Pele (editora Objetiva), continuação de Na Minha Pele, em que conta histórias pessoais para dialogar sobre racismo e o enfrentamento a preconceitos. Em uma das passagens da obra, o ator se recorda de quando comprou casa em que viu sua mãe, empregada doméstica, ser agredida pela patroa.O ator conta que tinha 10 anos quando acompanhou sua mãe, Célia Maria do Sacramento, em um dia de trabalho, em Salvador, e viu o momento em que ela foi vítima de agressão.”Numa dessas visitas, enquanto eu no quarto me distraía com algum brinquedo improvisado, ouvi de repente um estalo. Saí apressado para ver o que estava acontecendo e percebi que a patroa da minha mãe tinha acabado de dar um tapa no rosto dela. E continuava a humilhá-la”, conta em um trecho da obra, compartilhado pelo Gshow. “Minha mãe notou que eu estava ali. Por alguns instantes permaneci parado, olhando para as duas. Minha mãe visivelmente não sabia o que dizer ou fazer, e eu me recolhi.”Segundo Lázaro, a mãe continuou a trabalhar na mesma casa por mais três anos, e ele mesmo acabou apagando a passagem da memória por alguns anos. Em 2022, durante passeio com os filhos na capital baiana, ele adquiriu a propriedade, que hoje pertence a uma ONG que acolhe profissionais resgatados de trabalho análogo a escravidão. Ainda de acordo com o relato, o rosto de Dona Célia foi eternizado em um grafite na parede.”A sensação foi de vingança misturada com justiça e insegurança”, descreve. “Descobri nesse dia que dava pra sentir tudo isso junto. E deu ainda uma vontade enorme de fazer o tempo voltar e compartilhar com minha mãe essa e tantas outras conquistas.” Dona Célia morreu quando Lázaro tinha 19 anos.Lançado pela Objetiva, Na Nossa Pele é descrito como uma “continuação” da conversa de Na Minha Pele. Segundo a apresentação do selo, Lázaro “agora mostra que sua pele é coletiva, forjada em experiências e aprendizados comuns”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.