Rondesp ganha primeira comandante mulher da história da PMBA

 Pela primeira vez na história da Polícia Militar da Bahia uma mulher assumiu o comando de uma Rondesp. A missão foi entregue à major Ana Cidreira, 46 anos, que acumula na sua trajetória uma vasta experiência profissional, principalmente quando o assunto é atuação em áreas conflagradas.

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Ela, que durante os últimos quatro anos comandou a 40ª Companhia Independente da PM, unidade responsável pela segurança dos bairros que integram o Complexo do Nordeste de Amaralina, agora está à frente da Rondesp Central, que atua, em especial, em bairros como Tancredo Neves, Arenoso, Sussuarana, São Marcos, Mata Escura, Santo Inácio e outros. Em entrevista ao MASSA!, a major falou sobre a carreira militar, vida pessoal e muito mais.No começo do bate-papo ela contou como iniciou sua trajetória na corporação. “Na verdade, eu vim do Colégio da PM. A partir disso, começou a me despertar essa questão de entrar na Polícia Militar. Eu nunca tinha pensado antes, mas, no CPM eu fui tomando contato com os ritos militares, com os rituais, com a rotina, com a disciplina. E aí está uma coisa que eu me identifiquei muito porque eu sempre fui muito disciplinada, muito focada. Então, a minha admiração pela Polícia Militar eu posso dizer que nasceu no CPM”, lembrou.

|  Foto: Olga Leiria / AG. A TARDE

Também conhecidas popularmente como ‘Chocolate’, as Rondesps têm como algumas das suas atribuições desenvolver ações de policiamento tático em apoio às demais unidades, exemplo das Companhias Independentes da PM. Para a oficial será, de fato, mais uma missão, entretanto, as vivências e o caminho percorrido até aqui lhe deram sabedoria, habilidades e manejos de sobra para tocar qualquer desafio que possa surgir. “Eu já fui da Rotamo, do Batalhão de Polícia de Choque, já fui da Caatinga, da 49 CIPM, da Cipe Mata Atlântica. Mas já fui também do Departamento de Moderação e Tecnologia,da Inteligência, do Comando de Operações, já comandei algumas operações como Paz no Trânsito. Então eu passei por muita coisa na corporação, a maior parte delas na atividade operacional. Nunca fiquei fazendo apenas uma única coisa”.E sobre a nova missão? “Quando o comandante-geral me fez o convite, eu comecei a fazer os planejamentos para o que deveríamos fazer para que a unidade continuasse crescendo. A gente sempre fica com aquele friozinho na barriga de uma nova missão. Mas o bom, também, é aquele frescor do novo, de ter a chance de fazer transformações”, pontuou.Foi a major Ana Cidreira a responsável por idealizar o Curso de Enfrentamento em Áreas Conflagradas (Cearc), capacitação pioneira na corporação que aprimora as técnicas da tropa para a atuação em ocorrências de maiores complexidades e riscos. Por sinal, ela já fez as primeiras visitas a campo junto com o efetivo da nova unidade que está como comandante. “Foi muito bom. A tropa foi muito receptiva. Eles [policiais] me apresentaram a alguns lugares que são zonas vermelhas. Como sou especialista em enfrentamento em áreas conflagradas é óbvio que, ao assumir, vou logo nesses lugares. Até para poder fazer meus estudos também. Aos poucos, vamos avaliar o que eu posso vir a acrescentar nessa tropa que já tem uma história bonita, de excelentes operações e de muita produtividade.Eu estou vindo pra somar”, destacou a oficial.Afinal, quem é Ana Cidreira?Questionamento importante, e, sem dúvidas, ninguém melhor do que a própria Ana Cidreira (mulher, policial, major, fisiculturista) para responder.”Eu estou como major Cidreira. Eu sou Ana. Eu sou uma pessoa que gosta de estar em paz com a minha mente, meu corpo e minha alma. Eu não abro mão disso. Eu gosto de estudar, sou atleta. Então eu tenho as minhas rotinas. Minhas rotinas são muito simples. Eu me considero uma pessoa muito simples. Eu gosto muito do que é prático, do que é funcional. Então, vamos dizer que Ana não é um grande mistério. Mas eu preservo muito a minha paz de espírito. É algo que eu gosto muito de manter. Sou muito amada, não tenho o que reclamar. Eu tenho excelentes amigos. Eu tenho uma boa família. Tenho boas relações profissionais. Então eu me digo satisfeita nisso. Porque, para mim, a transformação do ser precede o ter. Eu acho que é mais ou menos isso que define a minha vida”, contou ao MASSA!.Por trás do sucesso também houve percalços. “Passei por muitos dissabores, não foram poucos. Eu acho que nenhuma mulher passa imune, não só na polícia militar, mas em todos os setores. Eu imagino que no jornalismo não seja diferente também. Mas qual foi a minha atitude perante isso? Eu não recuei nenhum minuto. Eu fui para cima porque é para frente que se anda. ninguém conseguia me parar. Nem o apocalipse”, lembrou a oficial.

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